Baita bola-fora do Fantástico.
Ao enfileirar quatro depoimentos de moradores de Caxias contrários à vinda de estrangeiros, notadamente pretos, o Fantástico conseguiu carimbar na cidade a indelével marca dos racistas, dos xenófobos, dos excludentes, dos egoístas. Pena que tenha sido assim, pois os quatro escolhidos pelo Fantástico não são representativos de um pensamento, de uma opção de vida que não é mais caxiense, mas universal, global.
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Naturalmente que um caminhão de telespectadores se identificou com os quatro entrevistados pelo Fantástico, mas isso não significa nada. Essa identificação não significa nada simplesmente porque os quatro entrevistados do Fantástico e o caminhão de seguidores dos entrevistados estão equivocados, errados, andam na contramão de um mundo que se quer mais humanizado, menos intolerante, mais igual.
É surpreendente e muito lamentável que o Fantástico tenha se apequenado da forma como se apequenou. Desnecessário recordar que o Fantástico pisoteou a primeira regra do bom jornalismo: ouvir os dois lados. Neste caso, envolvendo questões éticas e morais, o Fantástico deveria ter ouvido outras quatro pessoas que assumissem posição favorável, pelo menos neutra, à vinda dos pretos.
Aqueles quatro entrevistados (e aquele Fantástico) não me representam, e sei que não representam outro caminhão de pessoas interessadas em fazer da nossa caminhada coletiva uma caminhada mais leve, menos compromissada com esse senso comum traçado pelo imediatismo dos dias, pela premência da sobrevivência - o que fatalmente resulta em lutas inúteis entre os iguais.
Opinião
Gilberto Blume: Fantástico carimba em Caxias a marca dos racistas, xenófobos, excludentes e egoístas
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