Assim como fizeram os ex-governadores Alceu Collares, que assinou a municipalização da Festa da Uva há mais de 20 anos, e Germano Rigotto, que repassou a área onde foi construído o loteamento Campos da Serra, Caxias espera de Tarso Genro a cedência total do prédio da antiga Metalúrgica Abramo Eberle como presente pelo aniversário de 124 anos.
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O Estado analisa as três contrapropostas para transferência apresentadas pelo município e deve ter um posicionamento em 15 dias. A prefeitura de Caxias se propôs a comprar a área por R$ 30 milhões, parcelados em 10 anos, ou aceitar a doação da parte leste do prédio em troca de índices de potencial construtivo ou a cessão por 99 anos da parte leste também como índices pelo Estado. O maior impasse, porém, deve esbarrar nos valores propostos pelo município.
O Estado tem deixado claro, desde o início, que a intenção é obter retorno financeiro com o prédio. Algo que compense os tributos perdidos durante a transferência do complexo. Atualmente alugado pelo Grupo Voges, o imóvel só se tornou patrimônio do Estado em função do pagamento de dívidas de execução fiscal. Com um débito de impostos na ordem dos R$ 30 milhões, a empresa Mundial (que adquiriu o patrimônio da Eberle) acertou a transação com o Piratini. A intenção do Estado era vender o complexo, que tem avaliação imobiliária de R$ 150 milhões, ou seja, cinco vezes a mais do que a prefeitura se propõe a pagar.
Neto de Abramo Eberle, Cláudio Eberle acompanha audiências e o desenrolar da negociação entre Estado e município. Põe fé na intenção dos vereadores e do prefeito e espera que o Estado abra mão da indenização astronômica para repassar logo a estrutura para cidade.
- A Eberle nas dezenas de anos que existiu arrecadou milhões e milhões de impostos e, agora, espero que não seja preciso pegar dinheiro de Caxias, através da prefeitura, para ressarcir o eventual prejuízo de uma empresa que jogou os impostos que não pagou em Porto Alegre para cima de um prédio de Caxias - declarou.
Entusiasta da preservação e um grande espectador do futuro do prédio da Maesa, o advogado e servidor público Ricardo Fabris de Abreu acredita que falta vontade política para fazer o complexo da Maesa, de fato, um patrimônio de Caxias. Segundo ele, que protocolou em 2011 um pedido de tombamento via Legislativo, o processo também poderia partir da Câmara de Vereadores.
- Na minha opinião, não querem tombar e só querem transformar aquilo em dinheiro. Estão fazendo toda essa movimentação para dar a impressão política de que há interesse e depois justificar porque não tombaram. Desde o começo se fala em indenização, mas só se indeniza quando se desapropria. A Maesa já é um bem público, é do Estado. Para o tombamento basta uma decisão do prefeito - criticou Abreu.
Patrimônio
Maesa, o presente que Caxias do Sul espera
Enquanto comunidade aguarda decisão, Estado e município tentam encontrar melhor saída para o futuro do prédio
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