Os arrombamentos no Centro há tempos preocupam os comerciantes das ruas Alfredo Chaves e Sinimbu no centro de Caxias do Sul. Nos últimos dois meses, pelo menos nove estabelecimentos já sofreram com furtos ou tentativas de furtos. Na maior parte das vezes, os delinquentes agem de madrugada, forçando as portas pantográficas de ferro e quebrando os vidros das lojas.
Foi o que aconteceu na Livraria Papion. Em um intervalo de apenas uma semana, a papelaria foi arrombada duas vezes. A última delas ocorreu na madrugada do dia 1º de junho. Somado, o valor levado foi de R$ 1.486. Nem o hidrômetro, escapou. A loja tem alarme, câmeras e empresa de segurança que monitora o local. Nada disso inibiu a ação dos bandidos.
- Eu desconfio de que é a mesma pessoa. Como as luzes estavam apagadas, a câmera não registrou a imagem. A Alfredo Chaves tem uma câmera, mas a polícia tem que autorizar a liberação das imagens. É uma sensação de impunidade - desabafa Jair Arenhardt, 43 anos, proprietário.
O prejuízos vão além dos roubos. A troca dos vidros quebrados, a compra de cadeados e o reforço das portas custarão R$ 1,2 mil. Também em intervalo de pouco mais de uma semana, a empresa de eventos Danalise Festas, na mesma rua, foi arrombada duas vezes. Os prejuízos chegaram a R$ 2 mil. Entre abril e maio, a loja de artigos esportivos Kenpo Sports sofreu três tentativas de arrombamento. Também houve ações frustradas na Loja da China e na Caravelle - essa última foi arrombada cinco vezes no ano passado, e os prejuízos foram de R$ 50 mil.
- Reforçamos segurança, as grades, os alarmes e os cadeados. Em quatro das cinco vezes, as câmeras mostraram ser o mesmo rapaz. Ele é preso e solto depois. A revolta é grande - conta a proprietária da Caravelle, Nicolle Demari Rossi, 30 anos.
A sensação de impunidade colabora para que a maioria não registre ocorrência policial, como Sílvio Zanuzi, proprietário da Lancheria Zanuzi. Em 2014, o local foi arrombado pelo menos quatro vezes, mas o registro foi feito apenas para um dos casos. Com duas portas de ferro, os ladrões entravam pelo telhado. Os prejuízos ultrapassam R$ 8 mil.
- Depois que coloquei sensor externo, o alarme dispara antes de entrarem e eles fogem. Desisti de fazer ocorrência. Nunca dá nada. Das últimas vezes que liguei, a polícia nem veio, mandou eu ir no outro dia registrar - avalia.
A falta de uma legislação mais rígida é a principal dificuldade mencionada pela polícia. Crimes de furtos são respondidos em liberdade e os criminosos ficam detidos por alguns dias. De volta às ruas, a maioria volta a cometer os delitos. Pelo menos 90% dos furtos no comércio são para a compra de drogas. Por dia, entre 20 a 30 policiais e sete a oito viaturas monitoram as vias centrais.
O major Lúcio Henrique de Castilhos Alencastro, comandante do 12º BPM, reconhece o aumento do crime com relação ao mesmo período de 2013, mas é enfático: proporcionalmente, aumentou também o número de prisões.
- Duplicamos o número de prisões. Prendemos gente todo dia, mas não ficam presos. O roubo a pedestre já diminuiu em quase 10% com relação a 2013. Conseguimos recuperar 554 veículos furtados de um total de 596. Nosso trabalho estamos fazendo - explica o major.
Arrombamentos
Arrombamentos em série são praticados no centro de Caxias do Sul
Em dois meses, nove estabelecimentos foram furtados ou sofreram tentativa de furto
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