Em pleno cenário de incertezas na indústria, com flexibilização da jornada de trabalho e desaceleração da produção, o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul aprovou no sábado a pauta de reivindicações do dissídio 2014, na qual pede reajuste salarial de 13,5%. O sindicato que representa a principal categoria de Caxias, com 80 mil trabalhadores, propõe ainda elevação do piso da categoria para R$ 1,5 mil e mais de 70 cláusulas sociais, entre elas a redução da jornada de trabalho sem reduzir salários, subsídio para transporte e alimentação, auxílio-creche para crianças de até cinco anos e equiparação salarial entre homens e mulheres.
A pauta será apresentada oficialmente ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias (Simecs) na próxima segunda-feira, dia 19. A data-base da categoria é 1º de junho.
As negociações entre patrões e empregados ainda não começaram, mas já é possível prever rodadas bastante acirradas, motivadas pela atual conjuntura desfavorável do mercado.
_ O sindicato (dos Metalúrgicos) está consciente da atual situação da indústria, e deveria saber que 13,5% de reajuste é inviável. É uma falta de bom-senso sugerir esse índice. É claro que haverá muita negociação, mas não consigo entender porque se parte de um valor tão alto e abusivo _ diz o presidente do Simecs, Getúlio Fonseca.
Da Itália, onde participa de uma missão empresarial, Fonseca foi informado da proposta dos Metalúrgicos, decidida em assembleia geral com a participação de cerca de 300 filiados.
_ O índice de 13,5% não garante o emprego, que no momento é o mais importante. As empresas já estão flexibilizando horário para evitar demissões. As pequenas e médias empresas, por exemplo, não teriam como evitar demissões diante de um reajuste tão elevado _ argumenta Fonseca.
Quanto à situação do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, ser também pré-candidato à deputado federal pelo PCdoB, Fonseca opina:
_ Eu imagino que o Assis pense que a pauta de reivindicações do sindicato possa gerar votos para a sua campanha, mas ele deveria pensar também na massa de desempregados que isso pode gerar. Ele vai precisar deles também.
Melo confirma que vai se licenciar do cargo de presidente do Sindicato assim que registrar a candidatura à Câmara dos Deputados, e diz que não se sente intimidado com essa situação.
_ O licenciamento é uma questão legal, prevista em lei, e mesmo licenciado vou acompanhar de perto as questões do sindicato. Tenho 30 anos de movimento sindical e não preciso pegar carona em eleição. A sociedade me conhece como metalúrgico e quem vai se posicionar no momento de eleição é o eleitor.
Para Melo, a situação delicada da economia, na qual os empresários se sustentam, não é uma realidade.
_ Há muitas versões para essa crise que está sendo divulgada. Mas nós estamos amparados no aumento real da inflação, na realidade econômica e na importância que a classe metalúrgica tem para a cidade e a região.
Indústria
Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul sugere índice de 13,5% de reajuste
Proposta foi aprovada em assembleia geral. Presidente do Simecs acha o valor abusivo diante de um momento delicado da indústria
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