Está mais fácil obter ajuda para enfrentar o vício em crack e outras drogas em Caxias do Sul. Até três anos, dependentes químicos sem recursos financeiros só conseguiam ajuda de duas formas na cidade: em comunidades terapêuticas filantrópicas ou nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
No caso das comunidades terapêuticas, quase não havia vagas gratuitas e a fila de espera era imensa. Hoje, a Pastoral de Apoio ao Toxicômano Nova Aurora (Patna) disponibiliza 58 leitos para tratamento gratuito de adultos e adolescentes em duas comunidades terapêuticas no bairro Santa Corona.
A entidade é a única credenciada para esse tipo de atendimento pago pelo governo em Caxias. Os Caps, por sua vez, realizam tratamento com desintoxicação ambulatorial.
Pouco mais da metade das vagas da Patna é custeada pelo Ministério da Justiça e o restante é mantido pelo Estado. Se comparado ao exército de viciados que circula em Caxias, o investimento em leitos é suficiente apenas para resgatar algumas pessoas da rua. Mas é um auxílio providencial para famílias pobres que não tinham a quem recorrer.
Um eletricista de 35 anos, viciado em cocaína, conseguiu internação de um dia para outro. Isso ficou facilitado porque ele estava com os exames de saúde atualizados.
- Eu estava em uma comunidade em Parobé, mas abandonei o tratamento. Voltei para Caxias, recaí no vício e decidi procurar a Patna e fui acolhido - conta o homem.
A procura por esse tipo de tratamento é grande porque muitas famílias acreditam que o período de permanência em uma comunidade (nove meses) é importante para retirar o viciado da rua e mantê-lo longe de traficantes e amigos drogados.
- Esse tratamento requer comprometimento. O dependente deve participar de uma reunião e se aceitar as regras será encaminhado. Convém ressaltar que nem todas as pessoas têm perfil para ficar em uma comunidade - reitera Valquíria Rama, psicóloga da Patna.
Paralelamente, a Secretaria Municipal da Saúde pretende criar uma casa específica para receber moradores de rua drogados. A chamada Unidade de Acolhimento prevê atendimento apenas para o sexo masculino pelo período máximo de seis meses.
Diferentemente de uma casa de passagem, o espaço servirá como uma espécie de lar para o morador de rua. Diretora técnica da Política de Saúde Mental do município, Vanice Fontanella diz que a iniciativa será viabilizada com recursos federais. A meta é acolher drogados e alcoolistas que romperam totalmente a relação com parentes e não têm moradia.
No abrigo, técnicos contratados pela prefeitura ficarão responsáveis pelo tratamento dos pacientes em conjunto com os Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Os moradores receberão orientações para buscar recolocação no mercado de trabalho e estímulos para retomar os estudos.
A unidade terá espaço para até 15 pessoas. Vanice explica que se buscou atender apenas homens por conta da demanda verificada nos serviços de saúde e de assistência social. Mulheres seriam minoria. O edital de licitação ainda está sendo elaborado e deve ser aberto em até 60 dias.
Entenda as diferenças dos tratamentos contra a dependência química pelo SUS e pelo Ministério da Justiça em Caxias:
Tratamento ambulatorial
Está disponível no Caps Reviver (bairro Cinquentenário) e Caps Novo Amanhã (São Ciro). Além de terapias, o dependente químico pode ficar acolhido à noite para desintoxicação por um período máximo de 14 dias. O atendimento não requer internação, ou seja, o paciente tem liberdade para voltar para casa ou ir ao trabalho.
Tratamento hospitalar
Serve para pacientes em estágio avançado de drogadição. A desintoxicação é realizada em leito hospitalar do SUS pelo período máximo de 20 dias. A internação é encaminhada pelo médico responsável.
Comunidade terapêutica
Adota os princípios do Amor Exigente, um programa de auto e mútua ajuda para a organização da família com base na espiritualidade. Após avaliação médica, o paciente é encaminhado para uma comunidade da Patna onde deve permanecer nove meses realizando diversas atividades. Após, é convidado a continuar o tratamento em reuniões mensais.
Boa notícia
Tratamento para crack e outras drogas é ampliado em Caxias do Sul
Convênio com governo federal e Estado garante internação mais fácil em comunidades terapêuticas
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