O médico Ely Andreazza, morto no dia 13, viveu em três países e conviveu com intelectuais. Ele se tornou amigo do poeta Manuel Bandeira. Na ocasião, estavam em Londres, e o poeta sofria de tuberculose.
Como Bandeira não falava inglês, doutor Ely foi chamado para atendê-lo e garantir a permanência dele no hotel, que queria despejá-lo. Iniciou aí uma grande amizade com o modernista, que rendeu poemas escritos de próprio punho pelo poeta para três das quatro filhas de Andreazza - a mais nova, Graziela, nasceu depois da morte de Bandeira - e presença em celebrações na Academia Brasileira de Letras.
Para Isadora Sanvitto Andreazza Demore, falecida em 2002, escreveu poema homônimo, editado no livro Estrela de uma Vida Inteira:
"Pois que és Isadora,/ Dança, dança, dança/ Não direi agora/ Que ainda és criança/ A idade da trança,/ Dança, dança, dança/ Dança até cansares/ Dança, dança, dança/ Como na Ásia dançam/ As moças de Java./ Pois que és Isadora/ Dança como outrora,/ Como linda outrora/ Dançava, dançava/ Isadora Duncan".
O médico chegou a ser convidado pela viúva do poeta para organizar seus trabalhos, depois da morte em outubro de 1968, mas recusou.
- Ele não se sentia à altura para fazer isso - recorda Fernanda Irmão gêmeo de Davi Andreazza, que deu seguimento aos negócios do pai, fundador do Comércio de Tecidos e Ferragens Andreazza, contava que passou muito trabalho enquanto estudava na Europa, mas as filhas não sabem ao certo quanto. O outro irmão, Julio, era joalheiro.
- Dizia que ele e o Gerd (Bornheim, hoje nome de galeria de artes em Caxias) ficavam na fila da sopa em Paris - conta Graziela.
Gente
Poeta Manuel Bandeira escreveu poemas para as filhas do médico Ely Andreazza, falecido no último dia 13
Oftalmologista era médico por ofício e intelectual por vocação
Tríssia Ordovás Sartori
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