22 de janeiro de 2021, Estádio Alfredo Jaconi, 40 minutos do segundo tempo. O Juventude perdia por 1 a 0 para o quase rebaixado à Série C Figueirense, com um erro claro da arbitragem, e estava abandonando o sonho do acesso à Série A para a temporada seguinte. Na esperança do imponderável, o técnico Pintado ordena que seus jogadores de defesa apostem na ligação direta para o centroavante Claudivan Bambam, até então sem nenhum gol marcado com a camisa alviverde.
Alfredo Jaconi, 42 minutos do segundo tempo. Já não havia mais tática ou algum tipo de organização. Gustavo Bochecha, o homem do passe refinado, cumpre a determinação do treinador e dá um chutão para o ataque, esperando que aleatoriamente aos coisas poderiam se resolver. Para a surpresa de todos, o goleiro do Figueirense erra a saída de gol, o quique da bola lhe encobre, permitindo que Bambam, com a bola sob seu domínio e nenhum obstáculo pela frente, aproveite e empata o jogo. Há esperança.
Jaconi, 48 minutos do segundo tempo. Escanteio. Roberto cruza na área e Rogério, o Neymar do Nordeste, aquele do gol de bicicleta contra o Ponte Preta, aparece entre os zagueiros catarinenses e, de cabeça, manda para as redes. Delírio. Juventude 2 a 1.
Depois desta virada histórica, tudo deu certo. O CSA, em casa, tropeçou no Brasil-Pel e deixou o Ju a uma vitória do Campeonato Brasileiro Série A. Ela veio contra o Guarani, com golaço de Renato Cajá, quando tudo foi festa no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas-SP.
Aquele jogo dramático contra o Figueirense marcou a última partida do Verdão no Estádio Alfredo Jaconi. Para a Primeira Divisão, exigências da CBF e do próprio clube fizeram com que a direção tomasse a decisão de modernizar a sua casa e, enquanto durassem as obras, alugar de forma temporária um outro palco para jogos.
Lesionado, Capixaba vibrou da arquibancada a virada contra o Figueira. Recuperado, contribuiu com o êxito diante do Guarani. Remanescente para a Primeira Divisão, o atacante diz estar bastante ansioso pelo reencontro.
— Ano passado fizemos grandes jogos aqui, jogos memoráveis, que nos deram o acesso. Temos jogadores que ainda não tiveram a oportunidade de jogar aqui, e sabemos o quanto a equipe é forte jogando no seu estádio. Estou bastante ansioso pelo retorno — projeta.
Após Flores da Cunha, Novo Hamburgo e, por último e por mais vezes, Bento Gonçalves, o Juventude está de volta à Caxias do Sul. O duelo deste domingo (6), às 18h15min, contra o Athletico-PR, pela segunda rodada do Brasileirão, marca o reencontro do Alviverde com seu estádio, após quatro meses de distanciamento. Mas um reencontro diferente, com um Jaconi modernizado, e o time reforçado, dentro do que o patamar do clube exige.
— A expectativa é grande, a ansiedade por ter a atmosfera do Estádio Alfredo Jaconi. Foram 15 jogos longe. Ver o estádio não tendo nosso torcedor, é algo que incomoda. Em 2019, o torcedor foi um 12º jogador e isso faz a diferença. Sentimos muita falta, mas sabemos que ele estará mentalmente junto conosco — comenta o técnico Marquinhos Santos.
Repetição de escalação
Sem desfalques por lesão ou suspensão, o time titular do Verdão que empatou em 2 a 2 com o Cuiabá não deve ter mudanças para enfrentar o Athletico. Segundo o treinador alviverde, a ideia é de continuidade, com algumas correções a serem feitas. Roberson, a novidade da semana, saiu no BID e pode ser alternativa no banco de reservas.
— Temos que sincronizar a linha defensiva, onde tivemos dificuldades, e agrupar a equipe quando não tivermos a posse de bola. Mas também evoluir os quesitos ofensivos. Marcar em linhas altas, continuar com a compactação ofensiva, para recuperar o mais rápido possível a posse de bola no campo do adversário, sabendo atacar em velocidade e também no ataque posicional, algo que estamos desenvolvendo desde o Gauchão — disse Marquinhos.
A provável escalação do Juventude tem: Marcelo Carné; Michel Macedo, Vitor Mendes, Rafael Forster e Alyson; João Paulo, Guilherme Castilho e Wescley; Capixaba, Chico e Matheus Peixoto