A indefinição sobre o retorno ou não da Divisão de Acesso tem gerado angústia e dificuldades para profissionais do futebol, afinal eles dependem da bola rolando nos gramados do interior gaúcho. O meia Diego Torres, 34 anos, tem contrato com o União Frederiquense, mas enquanto a competição não volta, se vira em outra área.
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Federação Gaúcha de Futebol e clubes discutem retorno da Divisão de Acesso
Atualmente, o jogador trabalha numa empresa de embalagens descartáveis. Uma realidade bem diferente para quem está acostumado aos treinamentos e aos jogos.
— É difícil. Para nós, que somos atletas e vivemos do futebol, essa questão de muitas dúvidas no ar acaba ficando difícil para se programar. Eu estou trabalhando na empresa da minha família, do meu cunhado. Tenho muitos amigos atletas que não conseguiram emprego e estão há quatro meses sem receber — disse o jogador em entrevista ao programa Show dos Esportes, na Rádio Gaúcha Serra.
Diego Torres tem vasta experiência no futebol. Com passagens pelo Caxias, Cruzeiro-RS, Esportivo, Sport, Pelotas, Metropolitano, Aimoré, Cuiabá, São José-PoA, Figueirense, entre outros. Antes de voltar ao União Frederiquense para a Divisão de Acesso, estava no Amazonas FC. Porém, a pandemia e a consequente paralisação do futebol atrapalharam a sequência da carreira.
— Eu tinha assinado com o União Frederiquense para jogar a Divisão de Acesso e acabei sendo emprestado para jogar em Manaus. Quando retornei, aconteceu essa pandemia. Gostaria de exaltar o União Frederiquense. Eles, mesmo com quatro meses sem futebol, continuam cumprindo o que foi acordado com todos os atletas, funcionários e comissão. O clube não nos deixou na mão. Eles têm nos dado assistência — revela Diego Torres.
O meia, que reside em Caxias do Sul com a família já pensou em encerrar a carreira, mas ainda vive o futebol e espera por um fim digno, de preferência dentro de campo. Por isso, espera que a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) ajude os clubes para que a Divisão de Acesso possa retornar.
— A gente entende o momento, mas a Federação precisa dar uma posição para sabermos o que fazer. Se vamos procurar outro trabalho e até abandonar o futebol ou seguir. Quem convive no futebol do interior sabe a realidade — afirmou o meia, que acrescentou:
— Deveríamos nos unir um pouco mais para pedir uma posição da Federação e ajuda aos clubes para que saia essa Divisão de Acesso. A Federação Gaucha é a segunda ou terceira que mais arrecada no Brasil. Então, por que não ajudar? Não só no futebol, em tudo. Parece que eles não estão nem aí para nós e só pensam na dupla Gre-Nal.
Rotina diferente
Antes, a rotina de Diego Torres era treinar diariamente, viajar para os jogos, se preparar para as disputas de campeonatos. Atualmente, sem bola rolando nos gramados do interior e enquanto aguarda definições da FGF , o jogador tem um dia a dia diferente e em outra área de atuação.
— Eu acordo todos os dias 6h45min. Chegamos lá uma hora depois e lá a gente de tudo. Carrega caixa, se tiver que entregar mercadoria, a gente entrega. Recebe mercadoria, arruma estoque, arruma e varre a loja. A gente se vira. Eu agradeço o meu cunhado que abriu as portas e foi bem legal comigo — finalizou.
Ouça a 146ª edição do Show dos Esportes e a entrevista na íntegra: