O futebol proporciona muitas emoções particulares do esporte, nas vitórias e nas derrotas. O torcedor vive isso intensamente pelo amor ao seu clube do coração. Agora, já pensou viver uma situação diferente, com um olhar fora da normalidade para a grande maioria dos aficionados pelo futebol?
Esse é o caso do nosso sexto personagem da série Histórias de Torcedor. Leonardo Lise, 24 anos, torcedor do Juventude, acostumado a ir ao Estádio Alfredo Jaconi para vibrar, também já viveu outra experiência: ser funcionário do clube que ama.
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Antes de chegar a trabalhar no Juventude, Leonardo cresceu acompanhando o time alviverde ao lado dos amigos e, principalmente, do pai Gilberto, 65 anos. No entanto, no meio do caminho, quase teve um desvio de cores.
– Desde pequeno, fui influenciado pelo meu pai. Ele me levava aos jogos. Nesse meio tempo, eu cheguei a ir em jogos no Centenário, assistir jogos do Caxias, mas não lembro. Um amigo pessoal do meu pai, que trabalha até hoje com ele, é torcedor grená. Ele chegou a levar meu irmão e eu para assistir alguns jogos. Mas logo depois tomei o caminho de ser juventudista, graças a Deus – recorda Lise, que também lembra o papel de um amigo nesse sentimento:
– Na época, o Ju tinha escolinhas em bairros, e no meu tinha uma. O Vilnei Pimmel (torcedor) era um dos que cuidava disso e convidou meu pai para ser treinador. Eles viraram muito amigos. Depois que conheci ele, não teve mais volta. Quando não ia com meu pai, ia com ele.
Esse sentimento pelo Juventude também foi alimentado com o passar dos anos por grandes conquistas. Em 2016, Lise lembra o jogo do acesso à Série B como o mais marcante. O clube teve dificuldades para se classificar e encarou o Castelão com mais de 60 mil pessoas para conseguir o retorno à segunda divisão nacional.
– Acredito que o jogo marcante tenha sido aquele contra o Fortaleza, do acesso para a Série B, no Castelão. Esse jogo teve todo um contexto especial. Além de ser o jogo do acesso, naquela época, a classificação do Ju era quase que uma garantia do meu emprego dentro do clube no ano seguinte – lembra o torcedor.
Funcionário
Já pensou um dia trabalhar no seu time do coração e conviver com seus ídolos? Difícil imaginar, né? Mas Leonardo Lise teve essa oportunidade, que poucos torcedores têm. Em janeiro de 2017, começou a desempenhar a função no setor de comunicação do Juventude.
Foram mais de dois anos no clube, dentro do Alfredo Jaconi. Certamente, algo que ficou marcado para ele foi o segundo dia de trabalho. Ele participou de uma partida entre os funcionários do clube. Entre eles, estavam dois ídolos, um ex-goleiro e outro o capitão de duas das principais conquistas do Juventude.
– Quando somos mais novos e fanáticos, sempre enxergamos os jogadores e a comissão técnica como alguém bem intocável. Quando comecei a trabalhar, não saberia como seriam as coisas. Quando o Arthur Dallegrave (assessor de imprensa) me chamou, me disse que começaria tal dia e foi bem no ano que o Ju fez a pré-temporada em Bento. Não imaginava que passaria com os caras durante toda a pré-temporada. Conheci todo o pessoal e mudei minha visão. Meu segundo dia de trabalho, joguei bola com o Márcio Angonese e o Flávio Campos, meus ídolos. De um dia para outro, passei a conviver com eles e ser colega de trabalho – disse o torcedor Leonardo Lise.
Perfil do torcedor
Nome completo: Leonardo Lise
Idade: 24 anos
Um Jogo marcante do Ju: contra o Fortaleza, do acesso para a Série B, no Castelão. Esse jogo teve todo um contexto especial. Além de ser o jogo do acesso, naquela época, a classificação do Ju era quase que uma garantia do meu emprego dentro do clube no ano seguinte.
Um ídolo do Ju: gosto muito do Flávio Campos. Por mais que não lembre muito dos jogos dele, a gente sabe tudo o que ele fez e viveu com a camisa do clube. É uma pessoa fantástica fora de campo também. Tive a oportunidade de conhecê-lo e isso aumentou ainda mais a minha admiração. Assim como outros nomes com uma grande história no Ju, como Lauro, Márcio Angonese e Fernando Rech.
Um gol do Ju: o do Zulu, nos acréscimos, contra o Londrina. Aquele gol foi o do acesso. Mesmo que a vaga tenha sido conquistada na fase seguinte, a gente sabia que depois de um jogo daquele, decidido daquela forma, ninguém tiraria aquela vaga do Ju.
Por que torce pelo Ju? O início de tudo foi por influência do meu pai, amigos e etc. Desde pequeno frequentando o Jaconi, depois fazendo de lá um local de trabalho, enfim. Hoje vejo tudo isso e não me imagino torcendo para algum outro time. Tenho muitos amigos que torcem para times da Capital, e vários deles nunca foram ao estádio. Não consigo imaginar como é torcer e ter um time do coração sem poder sentir o que é ir ao estádio e vibrar.
Qual o primeiro jogo no estádio? Essa eu vou ficar devendo. Até conversei com meu pai, que me disse sobre alguns jogos que fui e obviamente não lembro (como o Ju x Botafogo, na Copa do Brasil de 1999). Mas, de fato, o primeiro eu não sei qual foi. Foi algum perto de 1997.
Costuma assistir os jogos em que parte do Jaconi? Normalmente na ferradura Norte. Em alguns jogos, faço a famosa romaria e troco o lado da arquibancada, conforme o Ju ataca.
Costuma assistir os jogos com quem? Com amigos. A gente sempre combina para chegar antes, ver o movimento, tomar uma cerveja.
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