Torcer por um clube de futebol tem sido tarefa muito difícil em tempos de pandemia. Nada de jogos e idas ao estádio. São quase três meses sem aquela alegria dos finais de semana e sem aquela sensação que só um fanático sabe explicar. O momento, então, é de recordações e memórias.
A série Histórias de Torcedor irá contar, neste episódio, as lembranças do jaconero Eduardo Berti D’Agostini, 21 anos. O jovem começou a torcer pelo Juventude no momento mais difícil do clube, em 2009. Naquele ano, o Verdão foi rebaixado para a Série C do Campeonato Brasileiro.
Eduardo é filho de Carlos Eduardo D’Agostini, mais conhecido como Caio D’Agostini. Seu pai é torcedor do Caxias. A influência para torcer pelo Juventude surgiu do irmão mais velho, Douglas Berti D’Agostini, 30 anos.
– O meu sentimento de torcer pelo Juventude surgiu gradualmente, indo aos jogos e acompanhado meu irmão. Desde pequeno, ia com ele. Quando criança, meu pai, que torce pelo Caxias, tentou me levar pro lado grená, mas não deu certo. A família tentou levar para o lado do Grêmio, e também não deu certo– disse o torcedor.
Eduardo costuma ir aos jogos com os amigos e outros familiares. Gosta de assistir às partidas ao lado dos Loucos da Papada ou na arquibancada coberta, perto do meio do campo. Quase sempre junto à grade, ao alambrado. Aliás, foi próximo à tela que Eduardo virou personagem do Pioneiro na edição do dia 23 de novembro de 2009.
Naquele final de semana, o Juventude levou 3 a 1 do Atlético-GO, em pleno Estádio Alfredo Jaconi, em duelo que praticamente rebaixou o time à Série C. A confirmação aconteceu na rodada seguinte, diante do Guarani, em Campinas. Uma lembrança triste, mas que marcou o garoto, na época com 10 anos.
– Naquela foto que eu chorei, tinha um sentimento que eu não conseguia explicar. Um sentimento ímpar de amor, de carinho pelo time. A história da foto de capa foi marcante, mas pena que tenha sido por um motivo triste – conta Eduardo.
Da tristeza à alegria
Sabe aquelas coincidências da vida? Pois é. No futebol, isso acontece. Eduardo viveu uma recentemente. Se o triste episódio de 2009, com o rebaixamento para a Série C foi algo marcante, um outro jogo, no ano passado, ficará para sempre na sua lembrança.
Depois de várias alegrias e sofrimentos, 10 anos depois, no dia do seu aniversário, em 9 de setembro, o Juventude goleou o Imperatriz por 4 a 0, em casa, no mesmo Alfredo Jaconi, e garantiu o retorno à Série B do Campeonato Brasileiro.
– Minha namorada e uns amigos fizeram uma surpresa e conseguiram uma camisa minha autografada (foto ao lado) por todo o elenco. Foi um dia especial. Além da classificação e do meu aniversário, acompanhei toda aquela campanha com os jogos no Jaconi – lembra Eduardo.
Uma outra grande alegria foi em 2013, na vitória do Juventude por 3 a 1 contra o Londrina, nas oitavas de final da Série D. Depois da decepção de 2009, a euforia quatro anos depois. Afinal, o futebol é capaz de proporcionar sentimentos diferentes.
– Me tornei juventudista em 2009, no período mais difícil do clube, não consegui acompanhar os maiores títulos. Essa foi a primeira vitória que ficou marcada. Esse foi o ponto de ruptura do que o Ju estava se tornando, aquele jogo e a subsequente classificação mostraram que o Ju é um time grande, que merece voar alto – finalizou.
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Perfil do torcedor
Nome completo: Eduardo Berti D’Agostini
Idade: 21 anos
Um Jogo marcante do Ju: Juventude 3x1 Londrina, oitavas de final da Série D, em 2013.
Um ídolo do Ju: Zulu, por tudo que representou. Foi o ídolo nos anos mais difíceis do clube. Não era um jogador com excelência técnica, mas sempre deixou tudo de si em campo e fazia gol pra caramba. Representava bem a instituição e dava orgulho. Além disso, na nossa sociedade caxiense, ainda muito preconceituosa, um homem negro representar uma instituição por anos, é muito bacana.
Um gol do Ju: o segundo gol do Zulu contra o Londrina, no final do jogo, sufoco, êxtase total. Foi muito importante para a história recente do Ju, representou muita coisa.
Por que torce pelo Ju? Por causa do meu irmão mais velho. Acompanhava os jogos com o meu irmão na época da série A. Vendo a tristeza da torcida naquele jogo contra o Atlético-GO, em 2009, e o meu próprio choro, pude entender os sentimentos que me tornaram um fanático por futebol. O Ju materializa esses sentimentos, a paixão, a raiva, frustação, alegria. Além do fato de poder ir ao estádio, torcer, chorar, vibrar.
Qual o primeiro jogo no estádio? Não lembro ao certo qual foi o primeiro jogo, mas o primeiro jogo que me marcou foi o 6 a 1 do Juventude no Corinthians. Eu era muito pequeno, tinha somente cinco anos, não lembro de muita coisa, mas marcou bastante a quantidade de gols, a atmosfera do estádio em dia de jogo, o fanatismo dos torcedores.
Costuma assistir os jogos em que parte do Jaconi? Não tenho um lugar fixo, normalmente quando estou com alguém assisto ao lado dos Loucos da Papada ou também na arquibancada coberta, perto do meio do campo, mas gosto mesmo de assistir grudado na grade.
Costuma assistir os jogos com quem? Normalmente, combino com alguns amigos ou vou sozinho e encontro algum por lá. Vou bastante com a família também.