A grande surpresa no grupo A da Série C é o Imperatriz, do Maranhão. Terceiro colocado, o adversário do Juventude não nega esse status e quer aproveitar esse fator na segunda-feira (2) para, quem sabe, arrancar com vantagem no mata-mata.
— Eu não tenho o elenco que tem o Juventude, mas acredito no meu trabalho e nos meus atletas. Vamos tentar brigar de igual com o Ju, por mais que a nossa folha salarial seja bem menor. O nosso trabalho tem tido êxito e agora vamos tentar surpreender — avisa o técnico Paulinho Kobayashi, de 49 anos.
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O clube maranhense vem em ascensão no cenário nacional. É inegável que chegar às quartas de final da Terceira Divisão é um grande feito e tudo começou com Paulinho. Ao final de 2017, quando houve a troca na direção, ele assumiu o Cavalo de Aço para montar o time do ano seguinte. Só que deixou o clube, meses depois, para assumir o Altos-PI. E nesta temporada ainda dirigiu o Floresta-CE.
O reencontro com o Imperatriz ocorreu somente na sexta rodada da Terceira Divisão. Ele assumiu o clube na nona colocação e apenas cinco pontos conquistados. E sob o comando de Kobayashi, uma arrancada até a classificação.
— Estamos numa crescente, já que o início foi muito difícil. Somos uma equipe humilde e que acabou de subir de uma Série D. Chegamos aos 28 pontos e tirando alguns clubes de tradição que é o caso do Santa Cruz-PE, Botafogo-PB e Treze-PB. Somos a surpresa — ressalta o treinador.
Em entrevista ao Jornal Pioneiro, Kobayashi comentou sobre a decisão contra o Juventude, a tamanho deste acesso para o Cavalo de Aço e até o seu retorno a Caxias do Sul – ele foi meia do Caxias na temporada de 1996. Confira alguns trechos:
IMPERATRIZ
— Os atletas estão dispostos a conseguir o acesso. Acho que temos muita vontade de querer chegar e isso é um dos pontos que nos trouxe até aqui (quartas de final da competição). Eles acreditaram e entenderam nosso modelo de jogo, aí eles tiveram a confiança de fazer os gols (a equipe marcou 27 vezes, a melhor no quesito entre os 20 clubes da Terceira Divisão) e conseguiram as vitórias. Nós também corrigimos algumas falhas, que o time acabou sofrendo um pouco na defesa. Então, estamos trabalhando tudo para não falhar nessa fase decisiva que é um mata-mata.
JUVENTUDE
— É uma equipe de tradição. Por ter jogado no Caxias, eu sei que a história do Juventude é muito bonita. Um clube que vem da Série B e tem uma postura de time grande. Respeitamos, mas dentro de campo temos que jogar nosso futebol. Não pode ficar pensando na grandeza do Ju e esquecer de jogar. Eu sei que é uma equipe qualificada, com muitos jogadores de Série B e com potencial muito grande.
COMO SUPERAR A DEFESA ALVIVERDE
— Acho que temos que trabalhar com paciência. Não é fácil entrar numa equipe com defesa sólida, vai precisar muito dessa paciência e tentar envolver ao máximo a equipe do Juventude, porque só assim vamos conseguir fazer o gol. O ponto fundamental é ter sabedoria no momento de contra-atacar, de atacar ou pressionar para fazer os gols.
PRIMEIRO JOGO
— Dentro de casa tem que tentar fazer a nossa parte. Lutar pela vaga. Não podemos deixar de acreditar que é melhor somar os pontos dentro de casa e depois jogar de acordo com a competição. Isso é algo que precisamos tirar vantagem. O Juventude toma poucos gols e uma equipe que perde muito pouco, mas temos que tentar fazer o resultado aqui.
RETORNO AO IMPERATRIZ
— Eu tinha trabalhado aqui de 2017 para 2018. Eu montei a equipe e acabei saindo para o Altos, onde fui campeão (no Piauíense 2018). O Imperatriz foi vice no Maranhão e teve o acesso para Série C (no mesmo ano). Como eu tinha montado a equipe, eles (Imperatriz) conheciam meu trabalho e no campeonato cearense eu fui o terceiro colocado, atrás só do Fortaleza e do Ceará, além de ser eleito melhor treinador da competição. A direção me trouxe com esse intuito, de dar sequência naquele trabalho que havia sido inciado em 2017. Cheguei aqui (ao Estádio Frei Epifânio) e conhecia alguns jogadores que eu mesmo tinha trazido, foi mais fácil para adaptação.
PASSAGEM NO CAXIAS
— Nós jogamos um Ca-Ju (vitória por 2 a 1 do Caxias, no Homero Soldatelli) e até fizemos uma campanha muito boa (no Gauchão 1996). Na segunda fase pegamos o Grêmio numa grande fase, com Felipão, Paulo Nunes, Jardel e perdemos para eles. Tenho lembranças muito boas de Caxias. Até esses dias recebi uma foto, acho que por estar jogando contra o Juventude, de quando joguei lá e fiquei feliz do pessoal ter lembrado mesmo depois de 23 anos.
COROAÇÃO DO TRABALHO
— Acho que já está sendo coroado. O reconhecimento nesse momento, por ser uma equipe que mal chegou numa Série C e já consegue estar próximo de uma Série B. Faltam 180 minutos. Estamos muito perto de algo que nunca aconteceu por aqui e graças a Deus estamos conseguindo. Espero dar sequência nisso e conseguir o objetivo maior que é o acesso.