Quando foi apresentado como novo técnico do Caxias, no dia 26 de junho, Paulo Henrique Marques se intitulou um cara de sorte. Afinal, havia sido o escolhido para o cargo e estava a quatro jogos de conseguir um acesso histórico para o clube. Porém, no meio do caminho, para chegar ao objetivo, existiam dois confrontos complicados e a turbulência gerada pela mudança.
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Neste sábado, quando chegar para assumir seu posto na casamata da Arena da Amazônia, o treinador terá percorrido 75% do percurso. E com muitos motivos para celebrar:
— É preciso exaltar o que foi feito até a nossa chegada. Para mim, só melhorou. Quando cheguei aqui eram quatro jogos e uma mudança, uma semana conturbada. Não ganhamos em casa e fomos a Cianorte precisando da vitória. Agora, fizemos o resultado em casa. Se, quando cheguei, me falassem que eu iria para o último jogo com o 1 a 0, eu assinaria qualquer documento na hora — destaca o treinador, que faz questão de reavaliar o quesito sorte:
— Só sorte não adianta, tem que ter competência também. Apesar de que o ruim não tem sorte. Só os bons que têm.
Paulo chegou com a fala mansa, um jeitão do interior e conquistou o grupo. Em menos de um mês de convivência, a tranquilidade transmitida pelo comandante é elogiada pelos jogadores.
— O Paulo é um cara muito parceiro. Sabia do trabalho que vinha sendo feito aqui, mas também fez alguns ajustes. Hoje o time consegue ser mais compacto, se desgasta menos, são detalhes na marcação e posicionamento. E também na bola parada, onde ele escutou os jogadores, viu o que a gente preferia — conta o zagueiro e capitão Jean.
Tranquilidade, confiança e trabalho. A partir dessas três palavras, Paulo Henrique Marques montou a sua estratégia para o jogo que pode ser considerado o mais importante da sua carreira. O desafio é, pelo menos, repetir o que foi realizado no primeiro confronto, no Estádio Centenário.
E diante da necessidade do Manaus buscar o resultado, a resposta pode vir justamente da qualidade do time grená e da velocidade dos contra-ataques.
— Eles precisam de dois gols e não sofrer nenhum. A diferença não é pequena. Quem está em desvantagem são eles e acredito que a postura seja diferente. Eles vão sair mais para o jogo, o que pode ser bom para nós — aposta o treinador.
A fé do treinador e a motivação com o extracampo
Logo na sua primeira aparição no Estádio Centenário, uma imagem de Paulo Henrique Marques chamou a atenção do fotógrafo Porthus Junior, que fazia a cobertura de Caxias x Cianorte. Em vários momentos da partida, o treinador agarrava e mordia algo (foto acima), que tirava de dentro do seu casaco. Na quinta-feira, pouco antes de viajar para a decisão em Manaus, o comandante explicou a “mania” e o símbolo de fé que ele leva junto a si em todos os confrontos:
— Procuro ficar com ele na mão. É um crucifixo. E tem dado certo. Nas horas em que a gente mais precisa, eu agarro firme. Faz parte também. Nada do que for feito corretamente influencia para o lado negativo. É sempre pensando positivo.
O técnico tem a simplicidade como outra característica marcante e, diante da possibilidade de um clima hostil na partida da Arena da Amazônia, Paulo Henrique Marques prefere relembrar o período como jogador. Para ele, a decisão será apenas dentro das quatro linhas e qualquer fator externo não deve interferir negativamente:
— No tempo em que eu jogava, me motivava o fato de chegar no estádio e ser hostilizado. Faz parte do futebol. Você não ganha por causa disso. O Manaus vai precisar ser melhor em campo para nos ganhar. A torcida ajuda, mas essa questão de hostilidade, para mim, só serve como motivação.