Um importante retorno às quadras nacionais de uma equipe que ainda mantém vivo o handebol no Rio Grande do Sul. A Liga Nacional feminina começa hoje para a Apahand/UCS/Farroupilha, às 19h30min, contra o Unc/Concórdia, em Santa Catarina, com o sentimento de reconstrução do time após uma temporada de afastamento da principal competição da modalidade no Brasil. As comandadas de Gabriel Citton entram em quadra em busca de visibilidade para um esporte que trouxe muitas glórias recentes para o país, incluindo o título mundial de 2013. Porém, não existe o verdadeiro reconhecimento que para quem faz o handebol aqui.
Para montar o time da Apahand não havia um grande orçamento. Seria problema caso os anos de trabalho com as categorias de base não rendessem frutos para o time adulto. Até por isso, as contratações para a volta à elite foram pontuais. Três atletas retornam ao time após passagens por clubes de São Paulo no ano passado: a armadora Kassiane, a central Stefanny e a goleira Maitê, uma das principais jogadoras da Apahand em temporadas anteriores. Novidades são três: a armadora Evanize, de 17 anos, que veio de Osório, e as cariocas Thayanne (ponta) e Nadyne (pivô), que desde a chegada na Serra sente o apoio da comunidade ao time:
– Aqui as pessoas gostam de handebol. Ano passado joguei em São Paulo e o feminino não era tão divulgado. Está sendo uma experiência diferente porque as pessoas vêm assistir no ginásio. É bom para quem joga e é um valor para nosso esporte.
Além dos patrocinadores e apoiadores (Grendene S/A, Marcopolo, Belga Matrizes, Open Design, Mar Um e Prefeitura de Farroupilha), a Apahand conta com a Lei Federal de Incentivo ao Esporte, e terá um orçamento de cerca de R$ 250 mil para os quatro meses de campeonato.
O torneio é dividido em quatro conferências: Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul/Sudeste, onde a Apahand está junto com Concórdia e Blumenau, de Santa Catarina, Maringá e Cascavel, do Paraná, e São Bernardo, Pinheiros e Guarulhos, de São Paulo, que disputam em turno único uma das quatro vagas à próxima fase, que será em dois grupos de cinco. Das outras conferências se classificam dos times de cada. A primeira fase termina em outubro e a decisão será em dezembro, em jogo único.
Sede dupla para a Liga Nacional
Apesar dos treinamentos e a maioria dos jogos serem realizados no Ginásio Poliesportivo da UCS, a Apahand carrega agora em seu nome a cidade de Farroupilha. A parceria com o poder público da cidade vizinha contempla a participação da equipe em projetos sociais e realização de algumas partidas no Ginásio do Saturno, como foi um dos amistosos contra a seleção uruguaia, no começo de junho, e como será na última partida da fase de classificação da Liga, dia 5 de outubro, contra Cascavel.
Para o técnico Gabriel Citton, que voltou ao comando do time neste ano, o retorno da Apahand à elite do handebol nacional traz como principal dificuldade a quebra de uma sequência que vinha sendo desenvolvida com as participações até 2015:
– Ficamos um ano parados e nesse período não mantivemos o grupo. Tivemos que recomeçar, pegar as atletas que estavam em Caxias. Depois disso, veio a fase de ganhar credibilidade de algumas atletas para voltar para a cidade. Por último, buscar os reforços pontuais, como foi com a Nadyne, que tinha trabalhado comigo na seleção brasileira de base.
A comissão técnica da equipe também conta com o preparador físico Rafael dos Santos, o Brasa, que não vai participar da abertura da competição por estar na Turquia, comandando a seleção brasileira de handebol para surdos na Surdolimpíada.
Competição equilibrada
Mesmo tendo na conferência Pinheiros, atual campeão, São Bernardo, que venceu nove nacionais desde 2006, e Concórdia, que ganhou em 2013, Citton acredita que nesta temporada o campeonato será de equilíbrio.
– Será uma das competições mais parelhas dos últimos anos. Muita gente indo jogar fora do Brasil. As equipes se nivelando com orçamento baixo. Tirando Pinheiros e São Bernardo, que tem estrutura fixa há muito tempo e orçamento muito grande, os outros se equivalem bastante – avalia o técnico.
Sem a participação da Apahand na temporada de 2016, o Rio Grande do Sul não teve nenhum representante na Liga Nacional. O retorno do time à elite significa também uma nova oportunidade de colocar o esporte gaúcho em destaque.
– O Estado está com uma baixa no esporte de alto rendimento. No ano passado não participou da liga. Fica uma responsabilidade grande. Porém, muitas cidades que têm times de handebol estão nos procurando para vir assistir aos jogos aqui na Serra – comenta Citton.
A estreia em casa está marcada para o dia 13 de agosto, um domingo, às 10h, no Ginásio Poliesportivo da UCS, contra o Guarulhos.