Você sabe o que é perder? Tite não sabe. Nesta quinta-feira, em Montevidéu, o Brasil venceu o Uruguai, de virada, por 4 a 1, encaminhou a vaga na Copa de 2018 e manteve os 100% sob o comando do técnico. Mais do que os números, a noite no Centenário foi escrita com um futebol de encher os olhos que só aumenta uma interrogação: por que Tite demorou tanto a assumir a Seleção?
Brasil e Uruguai honraram o tamanho do clássico. Jogaram um futebol de primeira grandeza, disputaram cada palmo do gramado do mítico Centenário com energia – e lealdade, é bom que se registre. Por que uruguaios e brasileiros se preocuparam em jogar bola. O que sabem muito bem fazer. Não é à toa que estão em primeiro e segundo lugares nas Eliminatórias. Ganhou quem lotou o Centenário na noite de temperatura típica do começo de outono na bandas do Rio da Prata, na casa de 22ºC.
Os astros das duas seleções estavam inspirados. Neymar, então, nem se fala. Aberto na esquerda, dominava a bola próximo da linha do meio-campo e dali partia insinuante, se esgueirando entre urugaios e escapando dos botes atrasados dos marcadores. Logo aos quatro minutos, enveredou para o meio e deixou para trás uma fila de adversários. Acionou Coutinho na direita. O cruzamento saiu forte e não fosse um buraco na área a fazer a bola subir ele a teria empurrado para o gol.
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A resposta uruguaia veio rápida. Aos cinco, Vecino chutou de fora da área, próximo da trave. Três minutos depois, Marcelo escorou com o peito um cruzamento fraco demais, Alisson saiu para salvar e derrubou Cavani na área. Pênalti. Cavani cobrou como manda o manual: forte, rasteiro e no canto. O 1 a 0 ferveu o Centenário. Pela primeira vez, a Seleção saía atrás com Tite.
O que não abalou um milímetro a confiança. Tanto que, aos 18, veio o empate. O lance começou com Neymar, como quase todos no jogo. Ele foi acionado na esquerda, enveredou para o meio e acionou Paulinho na intermediária. O volante dominou, enquadou o corpo e mandou, a 94 km/h, no ângulo de Martín Silva, goleiro do Vasco escalado devido à suspensão de Muslera.
Os uruguaios, apesar das investidas de Neymar e do empate não se assombraram. Espelharam o esquema brasileiro e, com Rolán aberto na direita, Sánchez pelo meio e Arévalo na frente da área, adotaram o 4-1-4-1. Sánchez avançava na tentativa de impedir a saída limpa de Casemiro. O jogo ganhou alternância ofensiva. Aos 21, Maxi Pereira cabeceou cruzamento na área e Rolán não alcançou. Aos 30, Neymar driblou Maxi, Arévalo e só parou ao ser levantado por Coates na frente da área. As 37, Coates subiu entre a zaga e perdeu o gol em cobrança de falta.
O segundo tempo mal havia começado quando a Seleção fez 2 a 1. Coutinho tocou para Firmino, que girou sobre zagueiro e chutou forte. Paulinho, como um raio, entrou área adentro para aproveitar o rebote de Silva. Os uruguaios vieram para cima. Marcelo e Daniel fizeram faltas perto da área – o lateral direito levou o terceiro amarelo. Foi quando começou a aparecer Alisson. Ele salvou em cobrana de Cavani e cabeceio de Coates.
Apesar das tentativas dos donos da casa, Neymar brilhava. A assinatura dele veio com um golaço aos 29. Miranda deu chutão, Neymar deixou Coates para trás e encobriu Silva. Um golaço que dá bem a dimensão do que é esse Brasil de Tite.
Mas podia ser ainda melhor. Aos 47, Paulinho mostrou toda sua inspiração fazendo o terceiro dele no jogo: de peito, fechou a atuação de gala do Brasil: 4 a 1.
*ZHESPORTES