Craque do futsal caxiense, a pivô e ala Renatinha Adamatti chegou da Itália na madrugada desta sexta-feira em Caxias do Sul. Reforço do Ternana, atual campeão italiano, a jogadora de 23 anos foi liberada pelo clube para disputar as finais do Estadual de Futsal Feminino pelo MGA Games, que busca o bicampeonato. O jogo de ida contra o Celemaster é neste sábado, às 20h, no Enxutão, com ingressos a R$ 5. A volta será no próximo dia 24, em Uruguaiana.
Ainda confusa pela mudança do fuso horário, Renatinha, que já marcou cerca de 40 gols no Gauchão, concedeu uma entrevista ao Pioneiro. Confira os principais trechos:
Como surgiu essa ideia de jogar as finais do Estadual mesmo já treinando no Ternana, na Itália?
– Como estamos disputando apenas amistosos, já que o campeonato começa só em outubro, e como os meus documentos da dupla cidadania só vão ficar prontos depois que começar o Italiano, o clube liberou para eu jogar as finais. Não teve problema quanto a isso.
Quem pagou essa conta da viagem?
– Foi o MGA mesmo. Fizeram um grande esforço e compramos a passagem de um dia para o outro. É uma felicidade enorme poder jogar a final.
Como surgiu essa paixão pelo futsal?
– Eu jogava na rua, com meu pai, e sempre quis bola de presente. Meu pai me incentivou bastante. Tinha um vizinho que me treinou na rua e depois me levou para o Juventude. Comecei no futebol de campo, mas, aos nove anos, fui jogar no time do Cristóvão de Mendoza. E aí me apaixonei.
Como foi a experiência de jogar fora de Caxias do Sul?
– Aos 15 anos, recebi o convite para jogar em Camboriú. Depois, em Chapecó. Foi onde evoluí muito e comecei a receber salário pela primeira vez. Fui chamada também para a seleção brasileira. Minha carreira alavancou, disputei sul-americanos e mundiais.
E por que a volta à Serra?
– Começou a não valer a pena na questão financeira. Aqui, eu conseguiria receber a mesma coisa e estaria em casa, com a minha família. Comecei faculdade e consegui emprego como professora das escolinhas do MGA Games. Estudo há cinco anos Educação Física na Faculdade da Serra Gaúcha. Tive que trancar agora para ir para a Itália, mas vou retomar.
Este ano tu fostes a craque da seleção brasileira no mundial universitário. Foi aí que surgiu a proposta da Itália?
– Com certeza, ganhei projeção. Na verdade, aos 18 anos, o Ternana me convidou para jogar lá, mas não quis na ocasião. Era muito nova. Mas, agora, não tinha como negar. É outra estrutura, a média de salário é de 3 mil euros por mês, cerca de 30 mil euros por ano. Lá, eu consigo sobrevier só do futsal. No Brasil, ninguém paga muito mais do que R$ 1,5 mil. É pouco. Na Itália, estou realizando o sonho de ser jogadora profissional.