Lenda do mundo das lutas, Rodrigo Nogueira, o Minotauro, esteve no Ginásio Municipal, em Bento Gonçalves ,no sábado. Ele acompanhou uma das seletivas mais importantes para o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Profissional de Abu Dhabi, que ocorre em 2017. Ex-campeão do Pride e do Ultimate Fighting Championship (UFC), o brasileiro, que agora atua na função de Embaixador de Relacionamento com Atletas, tinha uma missão na Serra: descobrir novos talentos no Bento Gonçalves International Pro Jiu-Jitsu Championship.
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– Minha grande função aqui é olhar. A geração da qual faço parte está acabando e o meu papel é ajudar a renovar. O Brasil sempre foi muito bem representado no Jiu-Jitsu. Então, desses tatames aqui, eu tenho certeza que sairão alguns campeões do UFC. É uma responsabilidade enorme que encaro como um desafio muito positivo. Eu quero e vou encontrar novos talentos para o esporte – conta o lutador, que não só representa o Brasil como toda a América Latina.
Prestes a completar 40 anos e recém aposentado das competições de MMA (artes marciais mistas), Minotauro confia no potencial dos seus possíveis sucessores, apesar do pouco investimento do governo na modalidade. Para ele, a vinda do UFC para o Brasil em 2011, depois de 14 anos fora, foi um grande marco no crescimento do país. Somente no mês de julho, cinco brasileiros disputarão cinturões: Rafael dos Anjos, Cláudia Gadelha, José Aldo, Amanda Nunes e Wilson Reis.
– Os brasileiros têm muitas chances de alcançar bons níveis dentro das artes marciais, só falta estrutura. Em número de escolas de luta, a gente só perde para as de futebol. É obvio que em um lugar onde se tem mais campos de futebol, mais jogadores surgirão e mais profissionais eles ficarão, mas o país tem uma média muito boa de resultados nos tatames ou octógonos. O Brasil já é grande no mundo da luta, apesar da pouca estrutura para os treinos – ressalta.
Grande incentivador do esporte, o lutador defende o Jiu-Jistu como ferramenta transformadora.
– Foi o Jiu-Jitsu que mudou a minha vida. As artes marciais são filosofias de vida capazes de mudar completamente a pessoa. Muda corpo, saúde, o psicológico. Ganhar a luta é a consequência de um trabalho interno e pessoal. Só ganha quem treina sempre, quem mantém uma boa alimentação, cuida do corpo e que, obviamente, tem uma doutrina a seguir – afirma.
Paixão pelo mundo das lutas
Um dos únicos lutadores a ter cinturões do Pride Fight Championship e do UFC, Minotauro terá, em julho deste ano, o nome escrito no hall da fama do Ultimate.
– Esse título representa muito. Eu sou fã do Royce Gracie e tenho a honra de ser o único após ele a ter a trajetória profissional e pessoal reconhecida. Fico muito feliz – comemora o lutador, que terá o nome escrito na Galeria dos Pioneiros do UFC.
A homenagem certamente tem relação com a paixão de Minotauro pelo mundo das lutas. Antes mesmo de ser um dos maiores atletas do Brasil, ele já era o responsável por disseminar a filosofia das lutas.
– Sou perfeccionista, gosto de trabalhar e não troco trabalho por diversão. Acho até que sou um pouco controlador, porque quero estar sempre perto e de olho em tudo que envolve o meu trabalho. Mas, sou bem amigo. Comigo é só a cara de mau mesmo – confessa.
Sobre a aposentadoria considerada precoce, o ex-lutador afirma que foi uma decisão completamente racional.
– Eu não tinha mais condições físicas de continuar. Ao longo dos anos, tive muitas lesões graves, fiz cirurgias complicadas, então, não era mais saudável permanecer lutando. Se fosse pensar pelo meu coração, nunca iria parar – finaliza.