Qualquer pessoa que entra no bairro Cânyon logo vê um muro com desenhos vindos das mais diversas inspirações grafitados na parede. Não precisa saber da história do muro para perceber que a arte foi feita por várias mãos. Mas aqueles que conhecem um pouco mais a fundo sabem que aquelas cores não são resultado apenas de habilidade no manuseio de sprays de tinta, mas o espelho da arte transformada em movimento social.
>> Veja mais exemplos que fazem de Caxias uma cidade padrão Fifa
O muro foi pintado há pouco mais de um ano pelas crianças e adolescentes que frequentam as oficinas de grafite do Centro de Atividades Múltiplas Integradas São José (CAMI) do bairro.
- Mas a gente chama de Centro de Convivências e Fortalecimento de Vínculos - corrige o professor, Gustavo Gomes, 23 anos.
O grafiteiro, formado em Publicidade e Propaganda, dedica-se às crianças do Centro há três anos, promovendo oficinas de grafite uma vez por semana em turno integral. O CAMI vai completar 10 anos e abriga um total de 95 crianças e adolescentes de seis a 15 anos dos bairros Cânyon, Vila Ipê e Santa Fé, que fazem oficinas no turno em que não estão na escola.
A cada semestre, eles podem escolher até quatro oficinas para participar. Além do grafite, na área das artes há breakdance, com Geovani de Gregori, 22, e violão e coordenação, com William Monteiro, 23. Também estão disponíveis aulas de culinária, informática, musicalidade e capoeira.
Há dois anos frequentando o CAMI e há um aprendendo a grafitar, Mateus Castilhos dos Reis, 13, recorda o seu primeiro "trabalho", quando ajudou o professor a estilizar a banca da editora Belas-Letras para a Feira do Livro do ano passado.
- É uma coisa que eu sempre quis aprender e admiro muito a arte - conta.
O professor explica que essa foi uma oportunidade de incluir o aluno em um trabalho comercial próprio. Para Gomes, o que faz a diferença na autoestima dos oficinandos é exatamente isso, pintar algo que seja visto pela comunidade.
- A aula é só a técnica. As oficinas são só mais uma oficina. A grande mudança é quando eles conseguem pintar o bairro, porque eles se sentem parte disso. A gente vê a diferença na autoestima quando eles pintam um muro e dá para passar pelo lugar e dizer "eu que fiz". Vai da gente saber repassar na parede - afirma.
Caxias padrão Fifa
Grafite social no bairro Cânyon
Centro de Atividades Múltiplas Integradas vai completar 10 anos e atende 95 crianças e adolescentes
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: