Entre as mais de 80 mil pessoas que neste domingo, às 22h (horário de Brasília), vão assistir ao Super Bowl 48, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, é provável que nenhuma tenha passado por desafio maior que os caxienses Lucas e Daniel Gregol, 25 e 23 anos. Os irmãos superaram cerca de 1,5 mil concorrentes na promoção do canal de esportes ESPN e viajaram para os Estados Unidos com todas as despesas pagas pela emissora de TV, inclusive dos acompanhantes, para a final da Liga Nacional de Futebol Americano, a NFL.
A campanha promocional tinha o seguinte mote: o que o torcedor faria para não passar frio no Super Bowl mais gelado de todos os tempos? Afinal, a expectativa é de neve e sensações térmicas próximas aos -20º C no dia do jogo. Fãs do esporte há pelo menos três anos, os irmãos aproveitaram um domingo de dezembro para, equipados como jogadores de futebol americano e acrescidos de bota, bombacha e pala em pleno verão mais quente da história recente de Caxias, ir até as arquibancadas do complexo esportivo da UCS. Levaram ainda uma mini churrasqueira, que quando acesa só aumentou o calor, e a cereja do bolo: uma bola de futebol americano partida ao meio e transformada em cuia, com erva e bomba.
A cena inusitada resultou na foto que ganhou a promoção em originalidade e deu à dupla a barbada que inclui passagens, estadia, translados, ingressos e uma série de coisinhas a mais, como acesso a uma festa vip em que estarão jogadores e cheerleaders dos times. O valor estimado do prêmio é de R$ 30 mil.
- No dia da foto a gente suava, era um calor danado e o pior é que, ao contrário do que a gente imaginava para um domingo, tinha muita gente vendo, foi um mico enorme. Mas eu sabia que a ideia era boa e que, se a promoção fosse séria mesmo, a gente teria chances - lembra Lucas.
Daniel recebeu o telefonema anunciando a vitória dias antes do Natal. Menos confiante da dupla, demorou a acreditar, pensou ser um trote. Convenceu-se só quando reconheceu ser mesmo a voz do narrador e do comentarista da ESPN. Surpreso, exclamou para si mesmo meia dúzia de palavrões e tratou de dar a notícia ao irmão.
- Estou muito empolgado. Irão se enfrentar o time com o melhor ataque da liga, o Denver Broncos, contra o de melhor defesa, o Seattle Seahawks. Isso é inédito na NFL - vibra o criativo e sortudo Daniel.
Esporte justo e democrático
O futebol americano atraiu os irmãos Gregol por ser justo e democrático. Enquanto no futebol que os americanos chamam de soccer o uso da tecnologia a serviço da arbitragem é mínimo, no football as principais jogadas são sempre revistas e não tem a história de que, se o juiz apitou, está marcado. As marcações de campo podem ser alteradas.
- Torço para o Juventude e cansei das injustiças do futebol, de reclamar de falta que era e que o juiz não deu, de gol que entrou e o juiz não validou. Estava indo no estádio mais para me irritar do que para torcer - explica Daniel.
Para Lucas, além da justiça no campo, o esporte se organiza para não dar desequilíbrio técnico:
- Há regras como multa para supersalários, divisão igual de dinheiro de TV e o sistema para recrutar jogadores, em que o campeão de uma temporada é o último a escolher na seguinte. Isso impede que os mais fortes fiquem ainda mais fortes, como no futebol.
Juventude Gladiators
Os irmãos irão vestir as camisas do Juventude Gladiators, como forma de apoio e agradecimento pelo empréstimo do equipamento para a foto da promoção (confira a foto que ganhou no pioneiro.com)