Esta é para dar bem a medida do péssimo conceito que tem o São Paulo entre os clubes brasileiros, ao menos na hora dos negócios. Sabe qual o motivo que leva o Inter a não admitir publicamente as tratativas adiantadas - elas podem até não serem concluídas, mas estão aprofundadas - em torno da contratação de Kléber Pereira, do Santos?
O São Paulo. O vice de futebol Fernando Carvalho alimenta um trauma com o São Paulo desde o Caso Miranda.
Ninguém lembrava mais de Miranda até meados de 2006. Dois anos antes, um jovem zagueiro surgira no Coritiba, em 2004. Tinha sido campeão paranaense aos 20 anos misturando força, altura (1m85cm), mobilidade (78 quilos) e técnica apurada. Do Couto Pereira transferiu-se diretamente para a Europa, mais precisamente o Sochaux, da França.
Um ano depois, em 2005, Miranda jazia esquecido. Havia explodido no Paraná. Os clubes do centro do país não deram muita bola. Zagueiro, de um mercado periférico do futebol brasileiro? Não devia ser nada tão especial assim, pensaram. Do contrário teria ido para a Espanha, Alemanha, talvez Itália, e não para o Sochaux, um clube de tradição, fundado em 1928 por iniciativa da empresa de automóveis Peugeot, mas de importância apenas mediana na França.
Então, em 2006, Fernando Carvalho lembrou dele.
Queria Miranda para montar o time mais tarde campeão da América e do Mundo. Estava tudo acertado. Miranda havia até concedido entrevistas para emissoras de rádio como jogador do Inter. A direção o anunciara com júbilo, feliz pela boa sacada.
Foi aí que apareceram os piratas do Morumbi.
O São Paulo nem lembrava de Miranda. Deixou o Inter redescobri-lo, conversar com ele, fazer proposta, acertar tudo e, somente aí, entrou na parada. Atravessou o negócio. Pilhagem pura. Com Miranda, uma redescoberta de Carvalho, o São Paulo foi tricampeão brasileiro. E o zagueiro, hoje, é jogador de Seleção Brasileira.
- Desde este episódio, não confirmo nada antes de estar tudo assinado e o cara se postar na minha frente fardado para ir treinar - me disse Carvalho ontem, sobre Kleber Pereira.
Pode ser exagero: não há indícios que o São Paulo queira um atacante de 34 anos se apostou em Marcelinho Paraíba, da mesma faixa etária. Mas o trauma está aí.
É por isso que, aos poucos, o São Paulo vai ganhando, além de campeonatos, muitos pontos para se tornar o clube mais odiado do Brasil. Por enquanto, lidera com folga. Com ou sem Kléber Pereira no Inter.
Esportes
Um trauma impede o Inter de falar em Kléber Pereira
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