Fevereiro foi mais um mês de crescimento no número de vagas de trabalho geradas em Caxias do Sul. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quarta-feira (27), o município registrou 2.847 empregos formais criados no período. Ao todo, foram 11.076 contratações, contra 8.229 demissões. Um crescimento de 65,9% em relação a janeiro de 2024, quando a mesma balança apontou 1.716 novos postos gerados.
O ritmo acelerado da indústria caxiense desde o início do ano fez com que o setor mantivesse a liderança, puxando a economia, com um saldo positivo de 1.638 vagas. Serviços, com 608, e agropecuária, com 376, foram outros segmentos que apresentaram números expressivos. Mesmo com crescimentos mais tímidos, comércio (125) e construção (100) completam o quadro geral, confirmando que todas as áreas observadas no levantamento encerraram fevereiro com mais admissões do que desligamentos no maior município da Serra.
E dois cenários locais bem concretos ajudam a explicar a evolução na geração de emprego nos meses iniciais de 2024. Para a economista Maria Carolina Rosa Gullo, ligada à Diretoria de Planejamento, Economia e Estatística da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, o ano demonstra uma recuperação para a indústria, fortalecendo o ambiente econômico, e os grandes eventos de fevereiro permitiram que todos os setores registrassem crescimento.
Desempenho em Caxias no mês de fevereiro
— Começamos o ano bem, com boas perspectivas, puxado desta vez pela indústria, e esperamos que isso chegue ao comércio e serviços. A alta de admissões nas grandes empresas do segmento, imaginamos, refletirá também nas pequenas, tendo em vista que as gigantes de Caxias têm um percentual de fornecedores muito grande na cidade — salienta Maria Carolina.
Quanto aos movimentos do mês, a economista ressalta a importância da consolidação do Carnaval e, principalmente, a edição deste ano da Festa da Uva, que motivaram contratações.
— Os blocos de carnaval têm criado uma cultura local, recebendo pessoas de fora, virando um evento cultural, apesar de, até então, não termos muita tradição nesse sentido. E isso movimenta a economia. Já a Festa da Uva, mesmo que tenha começado na segunda quinzena, fez com que muita gente fosse admitida antes, na preparação para atender os visitantes — avalia a economista.
Simecs prega cautela com os números
A alta em empregos formais no setor da indústria, em fevereiro, é vista com cautela pelo presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), Ubiratã Rezler. De acordo com o líder empresarial, não são todos os segmentos que têm apresentado melhora depois do panorama de estagnação vivido em 2023, e a mão de obra absorvida nos primeiros meses deste ano ainda corresponde a muitas vagas que haviam sido fechadas.
— Estamos avaliando números do mês anterior, mas, se olharmos com maior amplitude, temos em 2023 um ano que andou de lado, que não teve crescimento. Só em dezembro foram menos mil vagas. Nos dados do mês passado, houve um pequeno acréscimo, mas não podemos dizer que é uma vitória, mas uma recuperação parcial — afirma Rezler.
Em relação a um possível efeito cascata na absorção de mão de obra vinda das grandes potências das indústrias caxienses para empresas de menor porte, o presidente da entidade ressalta o receio do empreendedor em aumentar o quadro de colaboradores, mesmo com aumento de demanda.
— Algumas grandes empresas do setor pesado têm grandes entregas para fazer. Então, há o acúmulo de vagas nesse momento. E esse aquecimento amplia também a rede de fornecimento. Mas isso não necessariamente resulta em mais contratações na ponta, com muitas empresas buscando atender à demanda sem ampliar o número de funcionários— completa.