A chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o começo de setembro tem efeitos, também, no comércio. Em Caxias do Sul, segundo o Sindilojas, a queda nas vendas, em alguns setores, chegou a 25%. A comercialização de tintas, por exemplo, necessita de clima ensolarado para ser considerada positiva. O mês que passou, contudo, não colaborou.
— O nosso produto, tecnicamente, não pode ser aplicado com umidade muito alta. Além disso, tivemos um período muito grande de chuva e com muita quantidade. O nosso faturamento aqui na empresa foi impactado em 40% em setembro em comparação com o mesmo mês do ano passado — comenta Cintia Mezzomo, proprietária da Rock Tintas.
De acordo com o Sindilojas, o comércio registrou uma queda nas vendas de 10% a 25%, com impactos em áreas como construção civil e vestuário, por exemplo.
— Atrapalhou muito. O pessoal acaba ficando em casa, às vezes, até assustado com a situação que estava acontecendo. Temos esperança que, agora, com a entrada de outubro, talvez as vendas melhorem um pouquinho, o tempo nos ajude. Pedimos que São Pedro nos olhe com um pouco mais de carinho e nos traga o sol — diz o presidente do Sindilojas Caxias, Rossano Fernando Boff.
Produto mais brutos, como é o caso da areia, do cimento, e do tijolo, também foram impactados pela chuvarada intensa e frequente. O relato é do empresário Marcio Fiorio, que estima uma queda nas vendas de 35% em setembro na comparação com agosto:
— Como choveu dias consecutivos, é uma venda que não recuperamos mais, não vamos conseguir recuperar esse faturamento. A obra externa depende de tempo bom. Com chuva, você perde, na verdade, o trabalho. Os empreiteiros acabam nem começando o que têm pra fazer. Vai protelando e atrasa a obra — relata Fiori, que está à frente de um empreendimento no bairro Rio Branco.
Na loja Branca Rosa, no Centro, as vendas registraram decréscimo de 19% em comparação com o mesmo período do ano passado. Para a proprietária Bianca Dotti Sartori, as enchentes que atingiram o Estado também contribuíram para a loja vender menos, diante do impacto no emocional na população.
— A situação do Vale do Taquari afetou as pessoas, deixou elas muito mais tristonhas. 'Vou comprar com os outros precisando de tanto?'. Então, isso fez com que baixassem ainda mais as vendas — analisa Bianca.
Para a professora universitária e cliente da loja Adriana Speggiorin, sair para comprar em dia de chuva é bem mais difícil:
— A gente faz só o obrigatório, quer voltar correndo (para casa). Tem que colocar uma bota, tem que sair de guarda-chuva, se molha. A gente não quer sair de casa mesmo, tem preguiça, só sai com muita obrigação — opina.