Prestes a completar 20 anos como colaboradora do Sindilojas Caxias do Sul, a gerente executiva e coordenadora de comunicação da entidade, Lisandra De Bona, tem orgulho de ter representado, como uma espécie de sobrenome, o local onde trabalha. A "Lisa do Sindilojas", como é conhecida, foi quem idealizou o Simpósio Estadual do Varejo, evento que, no dia 29 de agosto, uma terça-feira, chega à quinta edição sob o tema “O varejo surpreende: criando novas emoções”. Na programação, atrações como a atriz, diretora e apresentadora de televisão Danni Suzuki, com a palestra "O Varejo é humano", indicando o intuito do simpósio deste ano de fomentar a humanização nas relações entre varejista e consumidor e da sociedade como um todo.
Para Lisandra, que sempre buscou aplicar este conceito em sua trajetória profissional, o evento consolida-se como um valoroso espaço de conhecimento e conexão para varejistas, mas alcança, também, o interesse de outros setores da comunidade. Exemplo disso foi a ousada primeira edição, em 2018, que teve Glória Maria como principal atração. Em sua passagem pela cidade, a jornalista — que hoje deixa saudades — compartilhou as vivências relacionadas à comunicação e globalização diante de um público interessado de 372 pessoas.
Neste ano, a expectativa da organização é de reunir 500 pessoas no Intercity Hotel, onde a programação será realizada. A feira de conexões reunirá 30 expositores, e o fato de alguns interessados terem ficado de fora faz com que a organização cogite uma ampliação para a próxima edição — evento que integrará a programação comemorativa aos 70 anos do Sindilojas Caxias do Sul.
Sete décadas das quais Lisandra fez parte de duas. Inicialmente como secretária executiva, em 2004, onde a recém formada jornalista encontrou no Sindilojas solo fértil para se desenvolver na área empresarial, chegando, em 2007, à gerência executiva. A profissional também buscou qualificação com pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas, Pedagogia Empresarial, em Docência no Ensino Superior e Administração de Empresas e, quando assumiu a coordenação de comunicação, em 2018, a convite da então presidente Idalice Manchini, iniciou a graduação em Relações Públicas que ainda cursa pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Nesta entrevista ao Pioneiro, a profissional fala sobre o evento que idealizou e para o qual se dedica em todas as etapas da organização.
Como surgiu a ideia de realizar o Simpósio Estadual do Varejo?
Teve um momento que pensei que precisaríamos ter uma entrega de conteúdo, trabalhando algo diferente com os nossos associados, que fosse nosso e que agregasse valor. Não pensei em nome, mas em um grande evento, que fosse de âmbito estadual. Quando me deram o "ok", reuni a equipe de comunicação e começamos a construir. O primeiro causou um pouco de medo, porque foi muito grande pra nós, foi nesta edição que trouxemos a Glória Maria. Foi um grande evento que conseguimos até mesmo mídia nacional. Ela arrasou quando veio, todo mundo queria ver Glória Maria. O evento encheu e não imaginávamos que traria tanto público.
Qual é a sua avaliação do Simpósio, desde a primeira edição até agora?
Nós evoluímos muito. Porque o primeiro foi um projeto piloto que ainda estávamos testando e quando a gente vê que conseguiu consolidar um evento como o deste ano, com 500 pessoas, um público bem maior, percebe a evolução de um evento que se consolida não somente na cidade, mas em todo Estado e, nesta edição, estamos trabalhando até mesmo em âmbito nacional: teremos São Paulo (SP) e Caruaru (PE) conosco. Estamos conseguindo expandir, mostrando ele, e conseguindo realmente perceber que ele gera networking, conexão e informação de algo que tu aprende e consegue, no dia seguinte, implantar. A evolução em relação ao primeiro é latente, perceptível, porque o primeiro era com palavras soltas e agora com mote e linha de trabalho programada, a partir do qual a gente vai desenvolvendo os palestrantes. Temos uma pesquisa que aplicamos em todos eventos, desde o primeiro, e conseguimos ver a evolução. Tem empresários que estão participando desde o primeiro. A consolidação se confirmou quando colocamos à venda um lote promocional com 100 ingressos, sem ter programação nenhuma, em junho. Conseguimos vender no prazo que colocamos, que foi de 30 dias. As pessoas compraram sem conhecer a programação. Quer dizer que acreditam e confiam no evento.
Como é pensado o tema e estruturado o evento?
Nestes últimos três, onde trabalhamos um mote, nos reunimos com a equipe de comunicação; quatro pessoas que pensam o que vamos desenvolver. A gente analisa um pouco do mercado, o que está acontecendo, como está transitando, como o consumidor está se comportando, como está a evolução das lojas... Uma análise local e estadual. Chegam muitas informações pra gente ao longo do ano, e a gente vai captando essas informações, trabalhamos muito com pesquisas. Neste ano, por exemplo, a primeira coisa que a gente pensou foi que queria trabalhar com pessoas. Quando criamos o mote, buscamos os palestrantes e, fazendo ele agora em agosto, a gente já começa a pensar no próximo. A gente sempre tem uma meta de que em janeiro ou fevereiro o mote já esteja definido. Em setembro vamos começar a pensar, em janeiro começa a ser desenvolvido. E não sabemos como vai ser ano que vem, porque está crescendo, provavelmente será em um espaço maior. Fazemos tudo internamente, é um projeto pelo qual tenho amor muito especial, que acompanho cada vírgula e que me enche de orgulho, até porque a equipe que está por trás é maravilhosa.
O que motivou a escolha do tema desta edição?
A gente percebeu que trabalhou muito a tecnologia pós-restrições da pandemia e acabou por esquecer aquele olho no olho, aperto de mãos, abraço, aquela ligação espontânea de poder ligar, não só como família, mas como equipe e cliente, e poder te dizer: "oi, estou te ligando, chegou uma peça linda aqui, posso mandar pra tu experimentar", ou, ainda, como gerente poder ligar para os colaboradores e perguntar se está tudo bem, dizer como é bom falar com a pessoa e como ela faz falta. Esse é um olhar mais humanizado e que se solidificou como tendência da NRF quando já estávamos trabalhando aqui, em âmbito estadual. (Realizada em janeiro, em Nova York-EUA, a National Retail Federation Big Show 2023 teve presente a preocupação com as pessoas nas discussões sobre a humanização do contato com o cliente na ponta).
Chegou um ponto em que a gente precisou humanizar o ser humano.
LISANDRA DE BONA
Idealizadora e organizadora do Simpósio Estadual de Varejo
Por mais que a gente tenha tecnologia, tudo funciona por meio das pessoas. A gente precisa do ser humano, e esse olhar pro humano está faltando. A pandemia a gente já superou, porém, a necessidade deste contato ainda é existente. A gente precisa disso. Chegou um um ponto em que a gente precisou humanizar o ser humano, porque as pessoas se fecharam muito. Ficaram muito reticentes, sem segurança, sem confiança, e quando a gente humaniza a gente consegue bons resultados.
Com milhões de seguidores nas redes sociais, o influencer digital Theo é um dos convidados desta edição. O que motivou o convite?
Ele foi um gerente de loja e tem muita experiência no varejo. Da experiência dele do dia a dia, começou a trazer dicas maravilhosas. Desde uma compra, uma entrega, um produto... E faz isso de uma forma divertida, com detalhes que na rotina a gente não se dá conta. Traz muitas dicas de forma leve, bem focado no varejo, mas tanto pro varejista quanto para o consumidor. Ele vem para quebrar os paradigmas. A Danni (Suzuki) também vai falar que "o varejo é humano" e é esse olhar que a gente quer. Um resgate daquilo que a gente já tinha, mas que acabou se perdendo com o passar do tempo, por causa da tecnologia, da globalização, que é o atendimento mais pessoalizado. Saber teu nome, teus gostos, quando tu faz aniversário. Aquela pessoalização mais intimista, e todo mundo gosta disso. A gente percebe que está sendo feito um resgate disso. O básico bem feito, aquele feijão com arroz que lá atrás talvez a gente não valorizasse, mas que hoje a gente quer. Mudou a forma de consumir, de ver um produto. O físico e online se complementam, muita gente vai pro online, mas a grande massa quer sim, ainda, o atendimento presencial.