As vivências, os desafios e os aprendizados de 80 anos de vida e 64 de trajetória profissional do empresário Astor Milton Schmitt ilustraram a reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), nesta segunda-feira (10). À frente de uma plateia atenta e lotada, o engenheiro mecânico relembrou os valores aprendidos na infância, compartilhou a primeira carteira assinada aos 16 anos e detalhou os pilares de sucesso que, na opinião dele, levaram a Randoncorp a se tornar uma empresa com potência e reconhecimento globais. A palestra integrou a série Histórias Inspiradoras promovida pela entidade.
Natural de Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, Schmitt recordou que aprendeu desde cedo com os pais três pilares essenciais para "ir para frente": crer em Deus, ser uma pessoa correta e respeitar a família. Valores que não só o consolidaram como uma figura reconhecida e respeitada como é hoje, como também alicerçaram a formação da própria família, com a esposa Julia Dunia e os filhos Fabio e Stefanie.
— São conselhos que levamos na mala de casa e carregamos até hoje — reforçou o empresário, que é sócio-proprietário e diretor-presidente da AMJD Administração e Participações Ltda.
Da mudança para Porto Alegre, em 1958, e as primeiras funções como auxiliar de oficina e torneiro mecânico também restaram bons aprendizados, mas foi a partir de 1966, com a contratação na antiga indústria de ônibus Nicola — hoje a Marcopolo — que a carreira ganhou outros contornos e evoluções.
— Foi uma rica experiência. O início, obviamente, foi no chão de fábrica, dada a minha formação, em atividades de manutenção, processos, ferramentas, dispositivos de montagem e controle da qualidade (este último) bastante insipientes e rudimentares, mas já demonstravam que havia o que era fundamental: uma vontade de fazer bem-feito — contou, evidenciando, posteriormente, uma rápida evolução dentro da organização.
Mas foi na década seguinte, mais especificamente em 1976, que a carreira ganhou um novo e duradouro rumo. De uma conversa casual no Aeroporto de Congonhas com Raul Randon, veio a oportunidade entrar para as Empresas Randon, hoje Randoncorp. De lá para cá, somam-se 47 anos ininterruptos de contribuições e muita história empresarial na bagagem.
A trajetória na Randoncorp e os pilares do sucesso
Em quase 50 anos, Schmitt vivenciou e esteve inserido em diversas fases da Randoncorp: da rápida expansão na década de 1970, passando pelas dificuldades financeiras nos anos 1980, até a recuperação e o avanço em escala global das operações a partir da década de 1990 e os dias atuais. Também listou a instalação da previdência complementar (RandonPrev) e das regras de sucessão como fatores de recursos humanos determinantes para a evolução do negócio.
Para além de mencionar as melhorias nos processos e as evoluções tecnológicas, Schmitt pontuou a importância da valorização humana ao longo das últimas décadas:
— Nós nos demos conta de que sozinho não se faz nada e que o cliente é o maior ativo da empresa. Se não houver o cliente, não tem negócio — ensinou.
Sobre os funcionários, o empresário disse que é preciso que se observe algumas características:
— É preciso que se busque gente preparada, comprometida, que vista a camisa e sinta orgulho de onde trabalha. E outro ponto, que é a obrigação nossa, como gestores, que é a de recompensar adequadamente — avaliou.
Ao fim da palestra, o empresário listou os pilares de sucesso que, na visão dele, calçaram a Randoncorp: cultura empreendedora; tecnologia, inovação e qualidade; capital humano (funcionários comprometidos, preparados e recompensados); cliente como o ativo maior e mais robusto e capital financeiro (parceria, sócios, acesso ao crédito e credibilidade).
— Uma das frases que mais me impactam é aquela que diz que "o sucesso é conquistado por quem sabe o que quer e aonde quer chegar, escolhe o melhor caminho e o melhor jeito de caminhar". E aí, cedo ou tarde, as coisas acontecem — finalizou.