Desde o início do programa que reduz os preços de veículos no Brasil, prorrogado nesta terça-feira (20), concessionárias de Caxias do Sul perceberam um aumento na procura e venda de carros, que estão sendo comercializados com desconto. No início deste mês, o programa temporário dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Fazenda anunciou um incentivo de R$ 500 milhões para automóveis de passeio e R$ 1 bilhão para a troca de ônibus e caminhões.
Para a gerente geral de vendas da concessionária Carburgo em Caxias do Sul, Analine Orro, o programa é visto de maneira positiva e já foi possível perceber um aumento considerável nas vendas. A meta estabelecida para o mês no local, estipulada em 60 veículos, já foi superada, chegando a 75 carros vendidos. Um aumento de 25%. Somente nesta terça-feira, a concessionária contabilizou 12 vendas.
— É uma iniciativa muito positiva. Estávamos precisando deste movimento no mercado, porque as coisas estavam estagnadas, teve o período de férias, o pagamento de IPTU e IPVA, depois escola dos filhos e gastos com material escolar. Esse incentivo veio em uma boa hora, e com certeza vai dar bastante frutos. Hoje estamos com o estoque bem amplo, mas é bom que o cliente venha logo para não perder essa oportunidade — diz a gerente.
Conforme a nova nota do ministério, publicada nesta terça, até o momento, o MDIC autorizou o uso de mais R$ 320 milhões em créditos tributários para a venda de carros com desconto — equivalente a 64% do volume de recursos colocados à disposição nesta modalidade. Novos pedidos chegaram ao MDIC, mas ainda estão em análise.
Conforme conta Analine, o incentivo é uma bonificação para a comercialização. O crédito é destinado para que consumidores adquiram os automóveis de até R$ 120 mil com descontos. Os valores da redução dos custos chegam a até R$ 10 mil.
— Temos o carro mais barato com maior desconto justamente para incentivar o carro de entrada, o chamado carro popular. Conforme vai aumentando o valor do automóvel, vai diminuindo o valor o incentivo. Mas mesmo os carros de até R$ 120 mil chegam a ter redução de R$ 6 mil. As taxas de crédito de juros também estão menores, então, por exemplo, incentiva se a pessoa não tem o valor para pagar o carro. Ela acaba tendo condições especiais para financiar o veículo — explica Analine.
Na concessionária, que já bateu a meta para o mês, as 75 vendas feitas neste mês foram comemoradas de um jeito tradicional na Carburgo. Todos os compradores tocam um sino, que fica na parede e são aplaudidos pelos funcionários do local. A iniciativa é uma forma simbólica de deixar o momento de compra mais especial para os consumidores.
Em outras concessionárias de Caxias, a busca expressiva de consumidores pelos carros com descontos também foi percebida. Em conversa com a reportagem por telefone, Micael Basso, gerente da Eiffel Peugeot, afirmou que a procura triplicou este mês. Entretanto, apesar do programa ser visto de forma positiva, a falta de informação prejudica o andamento da comercialização dos veículos.
— O aumento de procura foi grande, estou sem carro para vender aqui e por isso estamos perdendo venda. A gente não vendeu muito mais do que o normal porque vendemos o estoque que tínhamos. Então, nós adiantamos as nossas vendas e o que faríamos em um mês, fizemos em metade. Não estávamos preparados para esse consumo mais acelerado, então estamos sem estoque. Esse incentivo é uma boa, baixa o valor do carro e gera mais movimento para nós também, mas deveria ser mais bem estruturado e com mais informações —conta o gerente.
Na Terrasol Toyota também foi possível notar um aumento na procura dos veículos com descontos. O que preocupa o gerente de vendas, Leandro Cima, é a incerteza sobre o andamento do programa.
— Teve um aumento bem grande nas buscas dos carros Yaris, que estão com R$ 3 mil a R$ 4 mil de desconto. Foram esses os modelos aqui da loja com preços reduzidos. Ainda estamos contabilizando os números para estimar o impacto do programa, mas sabemos que houve um aumento de procura — conta Cima.
Segundo informou a Agência Brasil, além de aquecer o mercado automotivo e manter funcionando a cadeia produtiva do setor, que gera 1,2 milhão de empregos diretos e indiretos, o programa contribui para colocar em circulação carros, ônibus e caminhões menos poluentes. O programa está previsto para acabar quando os recursos de R$ 1,5 bilhão se esgotarem.