Para quem deseja abrir uma agroindústria, a espera de pelo menos seis meses pode ser reduzida para três em Caxias do Sul. Isso porque o poder público estuda a criação de um projeto de lei para centralizar os serviços necessários ao produtor interessado e, assim, facilitar o processo. Segundo o titular da Secretaria Municipal da Agricultura, Rudimar Menegotto, a ideia é que o projeto seja encaminhado à Câmara de Vereadores em fevereiro de 2023, quando as sessões retornarem do recesso.
A informação da demora de meio ano para efetivar a abertura é do próprio secretário. Ele acrescenta que, atualmente, o interessado precisa fazer uma peregrinação em secretarias como Meio Ambiente, Fazenda, Urbanismo e Saúde, além da própria pasta da Agricultura. Com o projeto de lei, o produtor poderá ir diretamente na Secretaria Municipal da Agricultura, onde terá uma integração das secretarias envolvidas no processo e um auxílio com os trâmites burocráticos junto à Emater.
— Depende de alvará de localização, expedido pelo Urbanismo, depende de um alvará sanitário, da Vigilância Sanitária, e nós nos envolvemos no fomento. A ideia da lei é trabalhar junto e não de forma isolada como está hoje — defende Menegotto.
No fim do ano, o secretário, o diretor-técnico de gestão da pasta, Fernando dos Reis, a diretora de fomento e agroindústrias do município, Andreia de Andrade, e o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Emater Caxias, Mauro Tessari, visitaram a propriedade do Tiago Milan, que está no aguardo da abertura da agroindústria há cinco meses. Ele será o proprietário da primeira no ramo de folhosos lavados.
— A ideia surgiu com a dificuldade no inverno para vender o nosso produto. Muitos não querem lavar as folhas nesta época, por causa da água gelada. Então podemos fazer a entrega para o cliente do produto prontinho para consumo — explica Milan, que cultiva folhagens hidropônicas.
Para a lavagem das folhas e o processo de manter as folhas vivas e apetitosas até o consumo, o produtor comprou, há um ano, o maquinário que deve compor a agroindústria. Até que seja liberada a abertura, as máquinas ficam aguardando para serem operadas.
Cidade vizinha é inspiração
Enquanto o projeto de lei aqui em Caxias é elaborado, a inspiração e o acompanhamento na prática fica a poucos quilômetros. Especificamente Bento Gonçalves, que já tem uma lei que integra todas as secretarias municipais envolvidas no processo com a Emater. Atualmente, o segundo maior município da Serra é case de sucesso em todo o Rio Grande do Sul em relação ao número de agroindústrias. No ano 2000, uma pesquisa do Programa Estadual de Agroindústria Familiar, o Peaf, colocava a Bento como a capital das agroindústrias no Estado.
Numa cidade com muitas vinícolas, foi o casal Diva e Auri Flamia quem abriu a primeira agroindústria de vinho. A Piccola Cantina foi aberta em fevereiro de 2018.
— A gente teve muito apoio, em tudo que precisamos. Se não fosse por isso, não teríamos conseguido. Fazer vinho vem de família, conversando com os amigos, eles sempre pediam uma garrafa, na feira (no centro urbano) também. Mas não é legal, a gente não se sentia bem. Então resolvemos formalizar tudo — conta Diva.
É a parede da agroindústria Ovos Polônia, da Adriana Herpich, que os certificados de selos estaduais e até nacional ficam expostos. Ali, há a produção de 190 ovos/dia, de galinhas livres. Adriana decidiu abrir a agroindústria em 2018 e hoje é referência para interessados no setor, principalmente pelo selo nacional.
— A agroindústria foi uma forma de buscar o meu bem estar, porque a gente sabe que trabalhar com as parreiras, por exemplo, cansa e pesa para o corpo.