Não é novidade que inflação castiga o bolso do consumidor brasileiro. Mas, um novo item chamou atenção pelo alto preço neste fim de ano. O saco de carvão de 3kg está sendo vendido em média por R$ 19,90 nos mercados de Caxias do Sul. O preço é semelhante ao restante do Estado. De acordo com a pesquisa do Núcleo de Pesquisa Econômica Aplicada da UFRGS, o carvão teve um aumento de 64% na região metropolitana de Porto Alegre.
O aumento do custo do carvão de churrasco foi destacado pela colunista Giane Guerra nesta semana, que conversou com o empresário Valmor Griebler, dono da Carvão Ki-fogo e presidente da Associação dos Produtores e Empacotadores de Carvão Vegetal do RS (Apecave). Ele relatou alta no preço da embalagem de papel, do diesel para transporte, principalmente, da lenha, matéria-prima do carvão vegetal.
— Agora, a lenha está começando a sair do canto dos matos. Então, o carvão não vai subir neste final de ano, como sempre sobe (devido ao aumento da demanda). Mas não vai cair, porque a embalagem subiu. Estamos esperando para ver o que vai ser do preço do papel, que agora aumentou 10% e não repassamos — declarou o empresário à colunista.
Na Região Metropolitana, preço médio do saco de três quilos saltou de R$ 11,36 em dezembro do ano passado para R$ 18,67 em dezembro. Apesar de não ter dados, o proprietário do Super Carvão Zanetti, no bairro Esplanada, em Caxias do Sul, afirma que o aumento foi semelhante em Caxias do Sul.
— Foi nessa faixa, sim, porque foi um aumento generalizado. Começou a faltar matéria-prima. Não é falta de lenha. É que o preço estava muito defasado, daí o produtor parou de cortar a lenha. Eles pararam de produzir para aumentar o preço, e foi o que aconteceu. Foi um movimento lá dos produtores e agricultores — afirma Valdir Zanetti.
Sobre os seus preços, o fornecedor relata que, no início do ano, vendia o quilo do carvão a menos de R$ 3 e, agora, ultrapassou os R$ 4. Para a maioria dos consumidores, contudo, o que vale é o valor do mercado, onde o carvão é encontrado a R$ 19,90 um saco de 3kg.
— Trabalho há 42 anos neste ramo e nunca sofremos uma crise dessa, de faltar carvão no comércio. É o primeiro ano que vejo. Mas acredito que deve ficar estável a partir de agora. Não deve mudar muito, mesmo com esta temporada de praia. Só que, para baixar o valor, vai ser difícil — avalia Zanetti.
Representante da Zanesi Comércio de Carvão, no bairro Santa Catarina, Maria Pereira da Silva relata que a sequência de aumentos assustou o consumidor e afetou as vendas.
— Nunca tivemos um período tão complicado. Os clientes reclamam, mas se não tem alternativa, fazer o que? Terminam por comprar. Se for nos mercados, está bem mais caro. Tivemos meses com bem menos vendas. Agora, graças as festas de final de ano, aumentou. Mas, o cenário é de incerteza — aponta a empresária, que atua há duas décadas no ramo.