O sonho de infância, as memórias de família, a aposta em ser genuíno no que oferece, a paixão por um hobby ou a crença no amor como um sentimento potente. Essas podem ser condições que levam ao empreendedorismo. Uma das características mais marcantes da Serra, o desejo de ter o próprio negócio vem, muitas vezes, embalado pela vontade de se aproximar daquilo que toca pessoalmente o empresário. E isso pode ser um ponto alto para viabilizar o funcionamento da empresa.
— Quando nasce de algo que esse empreendedor tem conexão afetiva, isso vai fazer com que ele tenha uma boa parte das questões importantes para o negócio acontecer de forma mais bem resolvida, como conhecimento, empatia com o público, entendimento da parte técnica do produto ou serviço, ter alguma vivência a respeito deste mercado — aponta Fabiano Zortéa, coordenador de projetos de Varejo no Sebrae/RS.
O propósito de um negócio emerge na proporção da conexão afetiva que aquelas pessoas envolvidas têm com aquilo
FABIANO ZORTÉA
coordenador de projetos de Varejo no Sebrae/RS
Essa conexão com a área em que resolveu empreender está na base de negócios como o da Flávia Thais de Abreu, professora de balé que inaugurou uma sede própria no sábado, o de Diego Bertolini, que lançou uma plataforma online para capacitar empresários a trabalharem com vinho, o de Enio Valli, que mantém um restaurante com menu degustação e com base na gastronomia do fogo no Vale dos Vinhedos, o de Toyo Bagoso, que criou um festival de blues na Serra gaúcha, e o de Egui Baldasso, que se tornou celebrante de casamentos.
— As pessoas que têm o privilégio para construir um negócio para si como empreendedor ou empreendedora e fazer aquilo que ela gosta, aquilo que ela sabe, isso é o melhor possível. Muitas vezes, o empreendedor ou a empreendedora se dedica a uma oportunidade que não é exatamente o que ela gosta de fazer, e pode até ter algum sucesso, mas não ser tão feliz quanto poderia ter sido — assinala Antonio André Neto, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Olhar como negócio
A paixão pode, no entanto, levar o empreendedor a perder a percepção de que aquela atividade é também profissional. Isso pode levar à falência do negócio, o que gera ainda mais frustração quando está envolvida a emoção. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 47,5% das empresas sobrevivem após cinco anos de fundação no Brasil. Em 10 anos, essa taxa cai para 25,3%. Entre os motivos, estão falta de capital de giro e desconhecimento a respeito do próprio mercado.
— Procure conhecer muito bem o negócio e conhecer muito bem o mercado, quem é o seu cliente, e como esse negócio ganha dinheiro, porque essa é uma pergunta que muitas pessoas têm vergonha de responder. Afinal de contas, estamos falando de atividade profissional — sugere o professor da FGV.
Procure conhecer muito bem o negócio e conhecer muito bem o mercado, quem é o seu cliente, e como esse negócio ganha dinheiro
ANTONIO ANDRÉ NETO
Coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV
Os especialistas recomendam que o empreendedor identifique quais são as competências que faltam a ele e se cerque de profissionais que possam complementar esse déficit. Por exemplo, alguém que não gosta de finanças, ao empreender, terá inevitavelmente de lidar com isso. Então, pode ser necessário buscar uma assessoria ou um sócio identificado com esta área. Zortéa destaca que, junto com a paixão, é preciso ter uma leitura racional do mercado.
— Uma técnica que eu gosto de recomendar é prototipar essa ideia, fazer com que esse produto ou serviço aconteça de uma forma pequena, barata do ponto de vista de investimento e botar para rodar para ver como o mercado recebe isso. A partir daí, ele vai poder sofisticar essa ideia não só com as crenças que ele tem a partir dos produtos ou serviços, mas também com uma resposta do mercado acerca dessa oferta. Então, é muito importante validar essa proposta no mercado.
Números do empreendedorismo
20,5 milhões é o número de empresas no Brasil 1,3 milhões é o número de empresas no RS 74 mil é o número de empresas em Caxias do Sul 21,7 mil é o número de empresas em Bento Gonçalves
Fontes
Mapa de Empresas do Governo Federal, prefeitura de Caxias do Sul e prefeitura de Bento Gonçalves
O renascimento do balé na vida de Flávia Thais
O sonho frustrado da infância deu lugar a uma realização encantadora na vida adulta de Flávia Thais de Abreu. Quando menina, ela tinha uma prima bailarina que morava em Porto Alegre, o que aumentava nela o desejo de aprender esse estilo de dança. No entanto, a família não teve condições de viabilizar a entrada da menina em uma escola. Mas, ao contrário de histórias tradicionais, Flavia se reencontrou com o balé aos 18 anos e, no sábado (26), inaugurou sua própria escola desse estilo.
Depois de ter se tornado ginasta, ela entrou, aos 18 anos, na faculdade de Educação Física. No primeiro dia de aula, aconteceu o que ela chama de bênção do universo: conheceu uma colega que era professora de balé.
— Quando ela falou aquilo, eu disse: é isso que quero fazer da minha vida. Comecei a estudar na faculdade. A questão de iniciar o balé adulta era um tabu. Então, foi um processo de descobertas de locais para me inserir e fui estudando. Tive a oportunidade de dançar como bailarina adulta, fiz jazz, fiz danças urbanas, passei para várias modalidades, fui para competições de dança, mas sempre com aquele olhar voltado a trazer toda a realidade para ensinar as crianças.
Eu acredito que se eu tivesse tido uma história como o padrão manda, as coisas não teriam ido para um caminho tão diferente
FLÁVIA THAIS DE ABREU
Empresária e professora de balé
Em 2014, outra porta se abriu. Flavia foi convidada a trabalhar com balé em uma escola de Educação Infantil, atendendo crianças de dois a seis anos. Diante do desafio de ministrar aulas para os pequenos, foi buscar conhecimento. Viajou pelo Brasil e, na última década, também fez formações fora do país. Com essa bagagem, criou uma metodologia própria e passou a usá-la em aulas oferecidas junto a parceiros. A partir de fevereiro, quando entra em funcionamento a escola de dança infantil O Reino Encantado do Ballet Flávia Thais, a empresária dá outro salto na carreira, com o funcionamento do espaço próprio de 250 m².
Com um investimento de R$ 200 mil, a escola voltada para crianças de 2 a 8 anos ocupará uma mansão na Rua Ângelo Trentin, 90, no bairro Panazzolo, em Caxias do Sul. O projeto foi inspirado na Disney, em escolas de dança australianas exclusivas para crianças e em instituições de ensino na qual a professora trabalhou. A metodologia usada será a desenvolvida pela própria Flávia Thais, com base em pedagogias italianas que reconhecem o espaço como um agente da aprendizagem.
Nos ambientes, a comunicação é visual e não letrada, devido à faixa etária atendida. Para a segurança das aulas, o prédio tem telas de proteção, piso linóleo na sala de dança (antiderrapante e específico), além de móveis com cantos em acabamentos arredondados. As aulas contam com história, músicas e objetos cênicos, como recursos lúdicos. O atendimento é personalizado e individualizado para cada bailarina.
Para Flávia, a trajetória que foge do comum, em que a aprendizagem do balé não ocorre na infância, é um aspecto relevante na construção da história dela também como empresária. A caxiense, que tem quatro formações internacionais na área de balé infantil, graduação em Pedagogia e Educação Física e pós-graduação em Dança, Educação Infantil e Metodologia do Ensino de Artes, conta que não se imaginava como professora e, sim, como uma empresária trabalhando em parceria com as escolas. Foi um passo no caminho que a levou até a escola própria.
— Eu quero fazer sempre tudo diferente. As coisas da maneira tradicional não me pegam. Esse foi um grande combustível. Eu acredito que se eu tivesse tido uma história como o padrão manda, as coisas não teriam ido para um caminho tão diferente.
O vinho como bebida mágica para Diego Bertolini
Nascido em Bento Gonçalves, Diego Bertolini viveu junto aos avós uma tradição de muitas famílias da Serra gaúcha: fazer vinhos no porão de casa. A lembrança é uma das primeiras que envolvem a bebida que se entrelaça com toda a vida profissional do fundador do EducaVinhos, uma plataforma digital voltada a fornecer conteúdo para empreendedores do segmento.
Hoje aos 38 anos, Bertolini lembra que foi no Ensino Médio, quando tinha 14 anos, que recebeu a primeira proposta para trabalhar na vinícola de um tio. O momento ficou marcado pelo "amor à primeira vista pela bebida”. O empresário define essa como a primeira conexão com o vinho.
É algo que encanta meu coração estar trabalhando com uma bebida que é mágica, que tem todo um aspecto cultural e socioeconômico
DIEGO BERTOLINI
Empresário
O segundo elo, diz ele, começa com a fundação de uma vinícola familiar em 1998, que faliu dois anos depois. A partir daí, Bertolini entende que é preciso não só conhecer a bebida, como também o mercado. Passa, então, a trabalhar em cooperativas, em uma trajetória que vai de estagiário a cargos de gerência, e também dirigente na área do Marketing do extinto Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
— A minha família é do setor moveleiro. Teria tudo para não trabalhar com vinho, mas realmente o vinho me fascina, principalmente por ser um universo em que a gente se conecta com produtores, com pessoas que trabalham na área da gastronomia, que são ligadas a essa cultura... Então, eu não me imagino trabalhando em outro segmento, porque, primeiro, tem tudo para fazer neste mercado e, segundo, é algo que encanta meu coração estar trabalhando com uma bebida que é mágica, que tem todo um aspecto cultural e socioeconômico.
É dessa paixão pelo vinho, da conexão com o mercado e da percepção de que é possível apostar em difusão do conhecimento sobre a bebida que nasce o terceiro elo de Bertolini com o produto. Em 2020, ele fundou a plataforma EducaVinhos, uma escola para empreendedores do segmento no país.
— Vendo a importância de estar ampliando a parte de consumo de vinho no Brasil, por ser apaixonado não só pelo produto, pelo mercado, mas também por auxiliar as pessoas — porque depois percebi que trabalhava em cooperativa, em uma instituição em que a gente trabalhava em consórcio —, eu percebi que, se a gente quer ampliar o consumo do vinho no Brasil, não é só qualificando o consumidor e, sim, os empreendedores do vinho. E aí nasce o EducaVinhos.
Com conteúdo para negócios de áreas variadas, a plataforma oferece cursos que ensinam desde como fazer o atendimento das redes sociais até a distribuição da bebida e a gerência da empresa. São hoje 3,1 mil empreendedores engajados no sonho de Bertolini de ampliar o mercado do vinho por meio do conhecimento.
Perguntas básicas ao empreender
Antonio André Neto, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getulio Vargas, destaca três questionamentos que os empreendedores devem se fazer
Quem eu sou?
Narrar a própria história para si é uma ferramenta para o autoconhecimento inclusive no âmbito profissional
O que eu sei fazer?
Descrever habilidades, competências, conhecimentos é potente para definir o caminho a seguir
Quem eu conheço?
Listar as pessoas com quem se relaciona ajuda o empreendedor a compreender que são potenciais clientes, prestadores de serviços, empregados e sócios, por exemplo.
O retorno à gastronomia na trajetória de Enio Valli
A história de Enio Valli está profundamente conectada à gastronomia. Aos 12 anos, ele começou a trabalhar com o pai no restaurante da família. Mas, ainda antes, teve um avô açougueiro e um bisavô que saiu da Itália para se instalar em solo gaúcho, onde teve um pastifício, torra de café, mercearia e trabalhou com produção de pães e salgados. Nesse cenário, parece óbvio que Valli continuasse a tradição familiar. Mas, diante dos desafios do setor, nos anos 2000, quando o pai fechou o estabelecimento, ele deu uma virada profissional.
Valli virou consultor para restaurantes. Viajou Brasil afora prestando o serviço. Mas, de volta à Serra Gaúcha, onde prestaria consultoria para 60 estabelecimentos do setor, sentiu saudades de atender o público e de cozinhar. Residente de Nova Petrópolis, decidiu investir na cidade e abriu um restaurante em 2017. No ano seguinte, resolveu mudar e seguir para um novo ponto, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.
Antes disso, na Argentina, trabalhou com o reconhecido chef Francis Mallmann. Nessa jornada, se conectou à gastronomia do fogo que se interliga à história do Rio Grande do Sul. Esse é o contexto para a fundação do GURI Restaurante, um restaurante que trabalha com insumos frescos, exclusivamente do Sul do país, com menu degustação confiança e em que todos os pratos passam pela brasa.
A minha vida começou a funcionar quando eu parei de pensar em dinheiro, em ficar rico, em ter grandes posições e comecei a pensar em fazer o que eu gosto
ENIO VALLI
Chef e empresário
— Quando eu abri o GURI, abri pensando em fazer um restaurante dentro do que eu achava que era importante. Eu não me preocupei com o que o mercado esperava, não me preocupei com o que as pessoas diziam que era certo ou errado, ou o que eu ouvi muito de que para ser em Bento Gonçalves tem de ser tal modelo, porque um modelo diferente não vai funcionar. E eu resolvi começar a pesquisar, e é um trabalho que nunca vai acabar, e tentar trazer a gastronomia do fogo, que eu entendo que o fogo é muito importante para o nosso Estado — detalha o chef.
Foi uma aposta arriscada que o próprio Valli descreve como perturbadora, mas com a confiança de que esse era o caminho para ser feliz no trabalho.
— A minha vida começou a funcionar quando eu parei de pensar em dinheiro, em ficar rico, em ter grandes posições e comecei a pensar em fazer o que eu gosto, o que está no meu DNA, o que me alegra.
Quatro anos depois, o chef planeja abrir um restaurante em outro Estado, em que vai manter um cardápio com base na gastronomia do fogo e ingredientes locais. É mais uma indicação de que o caminho da verdade de Valli trouxe bons resultados para o restaurante que acumula prêmios como de Restaurante Revelação em 2019, Melhor Churrasco 2020, Melhor Cozinha Regional (2020, 2021 e 2022) e Melhor Chef (2020, 2021 e 2022), concedidos pela Revista Sabores do Sul.
O blues como paixão e aposta na história de Toyo Bagoso
Na terra do sertanejo, do samba, da música tradicionalista gaúcha, o blues parece ter um nicho de público muito específico. Mas, ainda assim, capaz de mover multidões. É o que comprovou o Mississippi Delta Blues Festival, que surgiu em Caxias do Sul no ano de 2008 e, hoje, ocorre também em outras duas cidades, o Rio de Janeiro e Gramado. O evento começou na esteira do Mississippi Delta Blues Bar, fundado dois anos antes.
O estabelecimento, fechado em 2020 em Caxias do Sul, foi o resultado da paixão de Toyo Bagoso pelo ritmo musical. Por volta dos 17 anos, na década de 1990, ele se aproximou do blues e, em 2003, viajou para o Delta do Mississippi. A bagagem que o leva a fundar o bar, aos 34 anos, também surge da residência em outras regiões do país:
A gente já teria desistido se não fosse pela paixão mesmo, por estar cada vez mais imergindo nessa filosofia, nessa cultura
TOYO BAGOSO
Fundador do Mississippi Delta Blues Festival
— Quando eu voltei para Caxias, eu disse: vou procurar um lugar para morar e abrir um bar que seja de blues. Como tinha a revitalização do Moinho da Estação e eu tinha morado em Recife e no Rio, que eram cidades históricas e já vinham fazendo isso de usar prédios antigos para virarem lugares culturais, eu não tive dúvida, porque foram diversos links. A história do trilho do trem, o trem tem a ver com blues, com o desenvolvimento das cidades. Lá no Delta do Mississippi, ainda hoje tem muito trem, muito trilho de trem — conta.
Com o bar em funcionamento, Toyo voltou de uma viagem aos Estados Unidos, em 2008, com a ideia de criar um festival de blues nos moldes do realizado em Chicago. A intenção, segundo ele, era promover uma confraternização entre quem tocava no Mississippi durante o ano e, mesmo com múltiplos palcos, fazer um encontro pequeno. Porém, o evento ganhou dimensões maiores do que o esperado — para se ter uma ideia, na última edição, realizada neste mês em Caxias, foram mais de 10 mil participantes.
— Claro que as pessoas têm custos e uma certa remuneração, mas todo mundo que se envolve no festival, a maioria das pessoas que estão ligadas na produção do evento trabalha e se doa muito mais que pelo negócio em si. A gente já teria desistido se não fosse pela paixão mesmo, por estar cada vez mais imergindo nessa filosofia, nessa cultura — aponta Toyo.
A valorização da própria paixão também alavancou o festival para além das fronteiras do Brasil. Universidades do Mississippi e de Caxias do Sul, por exemplo, mantêm parcerias para intercâmbios e trocas culturais. Toyo mantém contato com músicos e autoridades da região norte-americana. E, no Brasil, ele ainda não parou de empreender.
O empresário, que hoje mora no Rio de Janeiro, mantém na Cidade Maravilhosa um bar, aberto em 2017. O Mississippi Delta Blues Bar fica no Gamboa, um bairro de forte ligação com a população negra. A decisão de investir nessa região, comenta o empresário, está conectada a ele. E Caxias deve voltar a ter um bar fundado por Toyo “em breve”. Ele ficará nos Pavilhões da Festa da Uva e vai homenagear Memphis.
O amor e o romance como inspiração para Egui Baldasso
É preciso muita sensibilidade para conhecer, se aprofundar e narrar histórias de amor. Adicione a isso uma pitada de responsabilidade de traduzir esses encontros para uma plateia exigente, a de noivos e convidados para um casamento. É isso que faz o celebrante Egui Baldasso. Jornalista de formação e cronista com livros publicados, o farroupilhense decidiu investir nesta área depois de ser convidado para participações esporádicas por amigos, o que começou a ocorrer em 2017.
Engana-se quem pensa que o amor é obra do acaso, uma sorte que um dia bate na porta e encontra a coincidência com cara de sono e uma ressaca por curar, sem entender direito o que está acontecendo. Não! O amor não sai visitando casas aleatórias, testando o azar no aguardo de quando ele terá fim. O amor, decidido e obstinado, conhece cada lugar em que chega, em que ainda chegará. As portas às quais acena, esmurra e, se necessário, derruba aos pontapés, quando quem abre demora a entender quem chegou.
EGUI BALDASSO
Trecho de crônica feita para um casamento pelo celebrante
Neste ano, começou a fazer as celebrações profissionalmente. Até agora, já são 14 realizadas em quatro Estados, a maioria na Serra gaúcha. O talento para a escrita e a comunicação é uma marca conhecida de Baldasso. Mas foi a percepção de amigos que o levou a ser celebrante. Um que trabalha com músicas para casamentos sugeriu a entrada nesse mercado como celebrante e outra apontou que ele poderia escrever crônicas para presentear casais. O jornalista reuniu as sugestões.
Para fazer a crônica, que é o fio condutor da celebração, são quatro encontros com os noivos em que ele usa técnicas de entrevista para conhecer os casais, o surgimento do amor entre eles, os percalços do caminho e as alegrias vividas conjuntamente. Esse envolvimento, diz o celebrante, é uma exigência para que ele participe dos casamentos.
— Eu conto a história, eu falo da relação poeticamente, de uma forma mais romântica nessa crônica e ela vira uma linha de condução na celebração. E essa linguagem mais poética acabou casando como um todo, porque eu sempre gostei de falar de amor. Eu sou um pouco o último romântico, digamos assim. Eu gosto do tema, eu acho que o sentimento amor é o que rege tudo, não só o amor físico com outra pessoa, mas o amor como um todo. Eu sempre gostei desse sentimento. Ele me inspira muito.
Seguimos, paramos, tropeçamos, encontramos. Mas desconfiamos. E nos convencemos de que o amor não passa de um erro que um dia ameaçou chegar, mas não achou espaço para ficar. Mas ele espreita e observa, e sabe o segundo exato de se mostrar. Porque, mesmo que o destino pareça brincar com cara e vida dos corações desatentos e despretensiosos, jamais erra no seu compromisso de juntar caminhos que nasceram para se cruzar.
EGUI BALDASSO
Trecho de crônica feita para um casamento pelo celebrante
Baldasso conta que descobriu um mercado à parte nesse segmento de casamentos. Segundo ele, muitos casais têm preferido uma cerimônia em que se destaca a história de ambos, diferentemente do tradicional casamento religioso. Com isso, a celebração desses eventos se tornou o carro-chefe na vida profissional do escritor, que também planeja lançar um livro com as crônicas dos casamentos no futuro.
— O desafio que eu pensava no início era que eu achava que ia encontrar tudo muito igual: uma história de amor, claro com a sua característica de como começou diferente. Mas eu julgava que a gente fosse tudo muito parecido como amantes. Porém, eu percebi, conversando com os casais, indo a fundo nessas relações, o quanto cada casal é muito único. É quase como uma digital, um DNA. Dá para arriscar que todo o casal tem uma essência muito única, então isso me ajuda a sempre escrever uma crônica diferente, a sempre conseguir abordar cada casal de uma forma única, porque a forma como eles se amam e se relacionam difere completamente do próximo casal.
Os passos para empreender
Antonio André Neto, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getulio Vargas, e Fabiano Zortéa, coordenador de projetos de Varejo no Sebrae/RS, explicam cuidados na hora de abrir um negócio