Os parques Aparados da Serra e Serra Geral, em Cambará do Sul, têm uma boa estimativa para o futuro. As áreas, que abrigam os cânions Itaimbezinho e Fortaleza e foram reconhecidas este ano pela Unesco como Geoparque Mundial, esperam passar a receber 600 mil visitantes por ano, em até cinco anos, com as melhorias que estão sendo feitas na estrutura. É uma previsão otimista após a queda de 200 mil para 100 mil visitantes no primeiro ano da concessão dos locais para a iniciativa privada, ocorrida em 2021. Entre os motivos estão a cobrança de ingresso e as restrições por conta da pandemia de covid-19.
Nos últimos meses, a Urbia Cânions Verdes, que tem a concessão dos serviços de apoio à visitação, ao turismo ecológico, à interpretação ambiental e à recreação em contato com a natureza nas áreas de acesso ao público dos parques por 30 anos, iniciou uma série de melhorias. Entre elas, placas de sinalização com orientação aos visitantes, banheiros, monitores, áreas para alimentação e vendas de produtos.
— Esse conjunto de ações e em especial a recepção do visitante orientando que ele está no parque nacional, numa unidade de conservação. Outro aspecto muito importante que a gente trouxe também e que é fundamental para uma visitação tranquila é a segurança. Hoje, a gente tem ambulâncias para qualquer tipo de ocorrência. Os nossos monitores são treinados para qualquer auxílio emergencial que a gente precise pra uma ação que ocorre em campo — explica o diretor de operações da Urbia, Marcelo Skaf.
A empresa tem que investir R$ 30 milhões nos parques nos próximos anos. Em contrapartida, as entradas, agora, são cobradas. Desde outubro do ano passado, os visitantes pagam R$ 50 por dia na alta temporada e R$ 35 na baixa, como é o caso dos meses de setembro, outubro e novembro.
— Todas estruturas definitivas de alvenaria a partir da estrutura de turismo de aventura, como tirolesa e rapel, vêm todas nesse novo momento com aprovação dos projetos para uma escala temporal de dois anos — informa Skaf.
Atraindo turistas
Os parques de Cambará do Sul mostram que conseguem atrair turistas de diferentes localidades. Uma família de São Paulo, por exemplo, ficou impressionada com o cenário encontrado na Serra.
— É um bioma que a gente não conhecia, na verdade uma construção e uma geografia que a gente não tem em São Paulo. É muito bonito, muito diferente, a gente já visitou vários lugares assim, mas a gente nunca viu um paredão tão bonito assim — relata o professor Felipe de Moura Garrido.
A companheira de Felipe, a defensora pública Laura Joaquim Taveira, também destacou a importância de estruturar os parques respeitando o meio ambiente.
— Além da conservação, para que mais pessoas tenham vontade de ir – famílias com crianças, assim como a gente – e conhecer — diz a defensora pública.
O movimento de turistas também gera expectativa para movimentar os negócios locais. É o caso da empresária Claudia Dreher, que tem uma loja no centro de Cambará, especializada na venda de produtos típicos da região.
— Você vai no cânion do Itaimbezinho ou no Fortaleza e você tem um susto de tanta beleza. É um respiro de magnitude. Então, acho que isso a gente quis trazer para nós também um pouquinho, e unindo com o que a gente faz, que são produtos de alta qualidade, cultivados e produzidos todos por nós — observa a empresária.
Mudança no perfil do turista
As mudanças na estrutura também trouxeram um novo perfil de turista para a Serra. Um hotel visitado pela reportagem da RBS TV informou que teve aumento de 30% de ocupação durante o inverno deste ano.
— Qualificou um pouco mais o perfil do turista. Agora, tem que programar por causa do ingresso. Então, isso já leva as pessoas a pensar em ficar mais um dia. Com isso, consequentemente, os hotéis e as hospedagens ganham uma diária e conseguem mais uma estadia — afirma o gestor de marketing Emiliano Brugnera.
A Associação de Empreendedores de Turismo de Cambará do Sul, que representa cerca de cem empreendedores de turismo, diz que o interesse de empresas de fora investir na cidade também aumentou.
— Turismo gera muito emprego em volta dele, então vem bastante trabalho com essa concessão. Com certeza os empreendedores estão vindo, estão investindo, estão comprando áreas de terra para investimento, de médio e grande porte — destaca o presidente da associação, Alexandre Moreira.
Melhorias na estrada
Outras melhorias buscadas na região são as vias de acesso aos dois cânions. Hoje, os dois trajetos são de estradas de chão. São 17 quilômetros sem asfalto para chegar ao Itaimbezinho, pela ERS-427, e oito quilômetros até o Fortaleza, por uma estrada municipal.
O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informa que o início das obras de asfaltamento na ERS-427 depende da aprovação da confirmação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) quanto ao atendimento de questões ambientais do projeto e do Tribunal de Contas do Estado.
Enquanto isso, a empresa que venceu a licitação para asfaltar a rodovia municipal que leva ao cânion Fortaleza trabalha na preparação da estrada para receber o asfalto.