Puxado pelo Dia das Mães e com o frio antecipado, o comércio de Caxias do Sul cresceu 9,4% de janeiro a maio e foi o segmento com o melhor comportamento da economia caxiense nos primeiros cinco meses deste ano. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (5) e fazem parte do Desempenho da Economia de Caxias do Sul, relatório compilado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Indústria e serviços também cresceram nos primeiros cinco meses do ano, com 4,8% e 3,9%, respectivamente, e ajudaram a economia caxiense a fechar o período com aquecimento de 5,3%.
A alta de 9,4% do comércio foi o principal resultado acumulado em 12 meses. Desde março deste ano, o varejo apresentou melhora mês a mês após um longo período de resultados negativos. Segundo a CDL Caxias, o crescimento foi possível porque a sequência de dias frios aumentou a procura por artigos de inverno, que tradicionalmente apresentam um ticket médio mais elevado, além dos resultados positivos de vendas em datas especiais, como Páscoa, Dia dos Namorados e Dia das Mães, que é a data mais importante do varejo no primeiro semestre.
Na prática, é um setor que mostra por meio dos indicadores que está saindo de uma situação crítica e voltando à normalidade. Com esse movimento, o varejo se prepara para um fechamento de semestre animador.
— Se continuarmos neste ritmo, devemos fechar o primeiro semestre com crescimento em relação ao ano passado. O nosso outono foi mais frio que o normal e ajudou o comércio. Temos um estoque de mão de obra no comércio que perde apenas para 2014 (leia mais abaixo). De 2015 para cá, é o maior estoque. E, por óbvio, ninguém contrata se não há demanda — afirmou o gerente administrativo-financeiro da CDL Caxias, Carlos Alberto Cervieri.
Ao mesmo tempo, o setor de serviços, um dos mais impactados pelas restrições impostas pela pandemia, também tem mostrado recuperação mês a mês. O segmento fechou os primeiros cinco meses deste ano com alta de 3,9%, o que também representa o melhor resultado no acumulado dos últimos 12 meses. A expectativa é que o comércio e os serviços, que se movimentaram de forma lenta se comparados com a indústria, apresentem resultados ainda mais animadores no fechamento do primeiro semestre deste ano.
Indústria caxiense compra e produz mais
Protagonista da retomada econômica de Caxias do Sul, a indústria cresceu 10,3% no acumulado de maio de 2021 a maio de 2022. Apesar de uma alta de dois dígitos, é o número mais baixo na série histórica desde os primeiros cinco meses do ano passado. Os economistas avaliam que não se trata de uma queda, mas, sim, de um platô após um longo período de crescimento registrado no início do segundo semestre do ano passado, com a retomada da atividade nos parques fabris.
Outros dados mostram que o setor, responsável por 53% da economia do maior município da Serra, segue impulsionado pela retomada das atividades. O número de compras de insumos para produção cresceu 11,6% no ano, seguido de alta nas horas trabalhadas dentro das empresas, com aquecimento de 9,9% de janeiro a maio deste ano. A capacidade de produção das indústrias caxienses também cresceu e chegou a 80% em maio.
Entretanto, apenas o indicador de vendas apresentou queda de janeiro a maio. No entanto, os especialistas entendem que os resultados positivos aparecerão em levantamentos próximos.
— Ter compras muito maiores do que as vendas é um reflexo do que está por vir. Quando você compra na indústria é porque vai vender no momento seguinte. E quando se tem compras, é reflexo de pedidos dentro das fábricas. O mesmo é acompanhado pelos indicadores de utilização da capacidade instalada e das horas trabalhadas pelos profissionais. São movimentos que trazem uma visão positiva para o setor — analisa o diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Tarciano Mello Cardoso.
Os resultados poderiam ser melhores, segundo os economistas, se o segmento não enfrentasse dificuldades na aquisição de matéria-prima, principalmente microprocessadores importados do continente asiático (que enfrentou um período de lockdown em razão da pandemia de covid-19) e do conflito entre Rússia e Ucrânia, que perdura há mais de quatro meses. Esses pontos se somam à inflação atual no Brasil.
— Ainda vivemos uma desestruturação das cadeias de suprimentos. Toda a oportunidade de compra é para atender demandas e não para fazer estoque. A demanda cresceu muito acima da capacidade de produção e a logística global, que está afetada — avalia Joarez José Piccinini, também membro da diretoria da CIC.
Mais de 4,3 mil novos empregos foram gerados
A geração de empregos é outro indicador que ajuda a entender o desempenho da economia de Caxias do Sul. De janeiro a maio deste ano, 4.320 novos postos de trabalho foram criados. A indústria puxou a lista, com 3.074 empregos gerados, seguido do setor de serviços, com 866 vagas, e o comércio, com 204 postos de trabalho. Somente no mês de maio deste ano, foram 564 novos empregos gerados no maior município da Serra, sendo 330 apenas para a indústria.
Ao todo, segundo o levantamento da CIC e CDL, com base nos dados do Caged, Caxias fechou maio com 157.025 vagas de emprego formal, o maior resultado desde 2018, quando foram registrados 157.341 empregos de carteira assinada na indústria, construção civil, comércio, serviços e agricultura.
Somente na indústria são 73.921 vagas, o maior resultado desde 2015. O mesmo ocorre com o comércio, que registra 27.693 empregos formais, número que não se via desde 2014, quando o varejo caxiense empregava 28,3 mil pessoas.
Economia de Caxias do Sul:
:: Maio 2022/abril de 2022:
Indústria: 5,1%
Comércio: 5,7%
Serviços: -2,5%
Total/maio: 3%
:: Maio de 2021/Maio de 2022
Indústria: 1,7%
Comércio: 15,4%
Serviços: 22,9%
Total/maio: 10,3%
:: Acumulado de Janeiro a Maio/2022
Indústria: 4,8%
Comércio: 9,4%
Serviços: 3,9%
Total/maio: 5,3%
:: Acumulado de Maio/21 a Maio/22
Indústria: 10,3%
Comércio: -0,2%
Serviços: -1,9%
Total/maio: 4,9%
Fonte: CIC/CDL Caxias