Contratar um seguro de vida já estava há tempos nos planos do casal Gabriele da Costa Lazzaretti Vebber, 35 anos, e Alexandre dos Santos Vebber, 33, mas acabava sempre sendo postergado. Com a pandemia, o desejo em proteger o bem mais precioso aumentou. Neste ano, quando renovaram o seguro do carro e o corretor ofereceu o de vida, não tiveram mais dúvida: era hora de fazer um.
— Sempre quis, sabia da importância, mas ia deixando. Todo mundo deveria fazer — diz Gabriele, moradora de Caxias do Sul.
O plano contratado pelos dois traz benefícios em vida, como tratamento para doenças graves, por exemplo, além de cobertura para questões pós-morte — despesas com funeral estão entre elas. No caso de Gabriele e Alexandre, sem filhos ainda, os beneficiados são os pais deles.
— Ninguém espera o pior, mas se acontecer, a família está segura — destaca Gabriele, que é autônoma assim como o esposo.
A iniciativa do casal acompanha o movimento verificado pelo setor de aumento nas contratações de seguros de vida. Na agência onde Gabriele fez o seguro, o crescimento no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021, foi de mais de 60%. Conforme Mauricio Afonso, proprietário da Sierra Seguros, o perfil predominante ainda é de pessoas mais velhas, mas cresceu muito o interesse dos jovens.
— Depois da pandemia, aumentaram os casos de jovens procurando seguro de vida. Muitos procuram para doenças e perda de emprego — destaca.
Mas não foram apenas os seguros de vida que tiveram maior procura. Aumentou também, segundo Afonso, a procura por seguro de veículos: cerca de 40% nos primeiros três meses de 2022, no comparativo com o primeiro trimestre do ano passado.
— Nos últimos dois anos as pessoas tinham deixado de fazer, porque o carro estava parado em casa. Com a volta ao escritório, voltaram a fazer. E também aumentou a venda de veículos, o que faz com que aumente a contratação de seguros — justifica.
Conforme dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), a arrecadação do mercado de seguros gerais no país vem crescendo nos últimos anos. Em 2021, foi de R$ 89,8 milhões. Em 2020, havia sido de R$ 78,6 milhões e, em 2019, R$ 75,9 milhões.
Preocupação empresarial
Especializada em seguros de vida e previdência, a MAG Seguros também registrou aumento nas contratações, em Caxias. No primeiro trimestre de 2002, em comparação ao mesmo período de 2021, a alta foi de 22,79%. O crescimento já era uma tendência, mas a pandemia acentuou o interesse. Para se ter uma ideia, nos últimos 10 anos, a empresa crescia uma média de 15% ao ano.
Conforme a superintendente da MAG Seguros em Caxias do Sul, Sandra Stefanello Menezes, a covid-19 mudou o comportamento das pessoas, que passaram a perceber a importância de um planejamento financeiro.
Os brasileiros passaram a procurar a proteção e se preocupam mais com a liquidez. É uma mudança de cultura
SANDRA STEFANELLO MENEZES
Superintendente da MAG Seguros em Caxias do Sul
— A gente vê que o brasileiro está cada vez mais preocupado com a famílias e as finanças. Em consequência da pandemia, tem uma maior conscientização. Passaram a procurar a proteção e se preocupam mais com a liquidez. É uma mudança de cultura — entende.
Além do medo em ter a vida interrompida e deixar dependentes, Sandra destaca uma outra preocupação dos moradores da Serra, região com forte vocação empreendedora: a manutenção das empresas:
— Se acontece o falecimento de um sócio? Como vai manter a empresa? Isso ficou mais forte na pandemia.
Os valores dos planos variam, conforme a cobertura contratada. No caso da MAG, há seguros a partir de R$ 50.
Seguros viagem também cresceram
2022 começou promissor também para o ramo dos seguros viagem. Após um longo período de restrições, as viagens estão sendo retomadas e muitas exigem a proteção, caso de países que cobram o seguro, inclusive com cobertura para covid-19. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), foram contratados R$ 50 milhões em prêmios em janeiro deste ano, um crescimento real de 141% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o número foi de R$ 19 milhões.
Apesar disso, os prêmios contratados em 2021 ainda ficaram abaixo dos níveis pré-pandemia, já que, em 2019, esses valores chegaram a R$ 592 milhões. Mas em Caxias do Sul algumas agências verificam crescimento em relação não somente a 2020 e 2021. Na Sorella Turismo, o aumento das contratações é de 40% neste ano na comparação com o período anterior à pandemia. Uma das explicações é que muitas viagens canceladas por causa do coronavírus estão sendo remarcadas agora.
— Como é uma situação nova, uma retomada, os clientes buscam garantir segurança — explica Dejiane Zilliotto, da Sorella.
Para países em que não há exigência de cobertura covid, a maioria dos passageiros contrata o plano básico, diz Dejiane. Mas não é o caso de Paulo Giovane Camargo da Silva. Representante de vendas de exportação, ele viaja de quatro a cinco vezes por ano e sempre solicita o seguro. Agora, com cobertura covid.
— Eu que trabalho com desenvolvimento de mercados e viajo muitas vezes para países que não conheço, fico mais tranquilo com o seguro — reconhece.
A Gazzola Travel também registrou aumento entre 30% e 40% na comparação com o período pré-pandemia, principalmente nas viagens internacionais.
— Muitos passageiros optavam por contratar por conta ou viajavam sem seguro. Antes não davam atenção. Hoje, contratam com mais benefícios. Mas nas viagens nacionais nem tanto — destaca Marcelo Sartori Gazzola, proprietário.
— A gente oferecia, mas não era costume. Preferiam usar o plano de saúde. Mas o seguro não é só isso: tem para perda de bagagem, atraso, falecimento — acrescenta Daniel Sostissio, gerente da Paglitur.
O preço de um seguro viagem varia conforme a quantidade de dias e o tipo de cobertura desejada.
Seguros Viagem
A seguir, dados compilados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em uma avaliação do mercado brasileiro, em um comparativo dos últimos cinco anos:
Prêmios contratados
- 2021: R$ 338 milhões
- 2020: R$ 242 milhões
- 2019: R$ 592 milhões
- 2018: R$ 515 milhões
- 2017: R$ 515 milhões
Valores desembolsados pelas seguradoras
- 2021: R$ 176 milhões
- 2020: R$ 373 milhões
- 2019: R$ 402 milhões
- 2018: R$ 276 milhões
- 2017: R$ 250 milhõesNinguém espera o pior, mas se acontecer, a família está segura