Sustentabilidade e fontes de energias renováveis são temas recorrentes do Século 21. O desenvolvimento passa também por encontrar esses novos caminhos e um meio que vem ganhando expansão e tem projeções de um “ano dourado” em 2022 é o da energia solar. Já não é algo fora do normal você enxergar as famosas placas na área urbana e rural, afinal, empresas e clientes residenciais estão se rendendo à tecnologia de produção da própria energia elétrica, puxados muito pela economia na fatura da conta de luz que isso proporciona.
O momento é de expansão forte para o setor que já está bastante difundido no Rio Grande do Sul, o terceiro Estado com maior capacidade de geração instalada. Segundo dados Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há capacidade para produzir 1 gigawatt (GW) em solo gaúcho, sendo que a principal cidade é Caxias do Sul, com capacidade de 40 megawatts (MW), bem à frente da segunda colocada que é Santa Maria, com 25,5 MW – 1 gigawatt é igual a 1.000 megawatts. Só que as possibilidades deverão aumentar ainda mais em 2022, durante o último ano de prevalência da Resolução Normativa 482, publicada em 2012, e que isenta os produtores, comerciais ou residenciais, por 25 anos dos impostos criados pelo Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída.
— Em 2021, nós crescemos 60%. Já para este ano, estamos projetando aumento de 100% nas vendas — afirma Paulo Magnani, diretor da Magnani Luz e Energia.
Atualmente, quem possui sistema de placas fotovoltaicas paga uma taxa de disponibilidade à concessionária, que envolve impostos normais, e também mantém a disponibilidade de uso da energia enquanto as placas não produzem na sua totalidade. Já com o Marco Legal entrando em vigor no dia 7 de janeiro de 2023, os novos microgeradores de energia precisarão pagar uma taxa, que varia de acordo com cada concessionária e corresponde aos gastos de infraestrutura dessas empresas. Será de forma gradativa, mas que ainda não irá ser algo muito diferente de quem já possui esse tipo de sistema instalado. Ainda assim, a possibilidade de ficar 25 anos sem essa taxação deverá atrair ainda este ano esses novos investidores.
— Este ano, eu fiz uma previsão para solo gaúcho e acredito que vamos ter em 2022 mais 600 MW de módulos fotovoltaicos instalados em telhados de empresas e residências. Isso é um número muito grande, mas não duvido que a minha previsão vá falhar. Com o marco legal, o pessoal ainda irá querer aproveitar que ele não está em vigor e talvez possamos superar essa previsão — explica o professor Tiago Cassol Severo, que dá aulas no curso de Engenharia Elétrica da UCS e também coordena o Fórum Estadual de Energia Solar.
RETORNO AO INVESTIMENTO
Essa é a grande tendência de mercado sustentável, que atrai cada vez mais clientes. Neste momento, existe a possibilidade de economia em até 95% na conta de luz, mas lógico que isso varia caso a caso. O mercado também prevê o retorno de investimento em quatro a cinco anos, mas com uma tecnologia que poderá ser aproveitada por pelo menos 25. Ou seja, o custo-benefício para investidores e ao meio-ambiente pode ser enorme. Ainda mais num momento, onde a eletricidade ganha cada vez mais espaço no mercado.
— Eu falo aqui nas nossas reuniões que o mundo será uma grande tomada. Os carros, as motos serão elétricos, os patinetes já são e estamos indo nesse caminho — alerta Magnani, com conhecimento de quem está a 50 anos trabalhando no mercado de energia.
Um mundo cada vez mais elétrico e que tenta driblar futuras crises hídricas, para produzir sua energia de forma mais limpa e segura.
Investimentos para garantir performance dos clientes
Instalar um sistema de energia fotovoltaica não é tão simples, não se trata de colocar placas no telhado e esperar que a conta de luz possa reduzir. Existe um trabalho de avaliação do local, um estudo sobre a energia gasta em cada prédio, industrial, comercial ou residencial, e a análise de quantas placas serão necessárias para que o consumidor tenha o retorno adequado dessa fonte de energia. De acordo com Paulo Magnani, um projeto pode levar até 90 dias para ser concluído, até porque existem vários protocolos a serem vencidos até a instalação final.
— A gente tem um departamento específico com engenharia e toda estrutura para dar resposta rápida ao mercado, mas tem coisas que são legislação. A concessionária tem 14 dias para aprovação, 7 dias para vistoria, mais 7 dias úteis para troca de medidor, esse movimento de concessionária leva em torno de 28 dias úteis. Eu diria 30 dias é o trabalho de burocracia e esses passos, uma obra varia muito da estrutura a ser instalada, tem situações que precisa reforçar a estrutura do telhado. A gente faz essa análise estrutural e aí pode levar um maior período, a nossa média é de 35 a 90 dias — explica.
Não se pode desconsiderar que esse é um mercado relativamente novo, já que a grande expansão se iniciou há dois anos. Segundo Magnani, ainda em 2012, quando a loja começou a trabalhar com esses sistemas, os valores eram muito altos e não correspondiam um custo-benefício. Hoje, com a expansão do negócio, ele dobrou a equipe de funcionários, contratando mais 12 profissionais para esse departamento – atualmente, a Magnani conta com 28 funcionários, sendo um exclusivo para pilotar drone. Há também um alto investimento em drones para o trabalho pós-venda, que faz uma análise com câmeras termográficas, tudo para garantir que a placa terá o seu melhor rendimento e que entregue uma performance de no mínimo 25 anos. Para se ter uma ideia, um drone e o software para análise de dados custa em média R$ 44 mil. E justamente por isso, a empresa foca em pessoas jurídicas, que corresponde a 80% das vendas atuais.
— O nosso foco é mais técnico, afinal temos uma grande engenharia, tomadas aéreas com drone, câmeras termográficas que fazem a verificação das usinas grandes. Estamos nesse mercado especializado, porque nos assustou a quantidade de entrantes que fazem valores baixos para as residências, mas não seguem as regras. Então, estamos focados nesse mercado mais técnico e profissional — relata Magnani.
A abertura para uma grande quantidade de representantes e vendedores de placas fotovoltaicas é a grande preocupação do empresário. Segundo ele, o mercado em expansão exige que os clientes fiquem atentos para o serviço que estão contratando.
— Tem muita gente boa, mas tem pessoas que não têm o conhecimento. De início, tudo funciona, mas existe um fiscal nesse sistema que é a conta de energia e ela te mostra o quanto está produzindo, se dá ou não a resposta. Já tem muitas ações judiciais nesse mercado, porque tem pessoas que não estão entregando o que prometem. Tem o lado da segurança também, porque estamos falando de pessoas que vão subir num telhado e existem riscos — alerta o empresário.
Pequenos detalhes, mas que podem fazer uma grande diferença no final.