A Prefeitura de Caxias do Sul deve publicar até o final dessa semana um decreto de situação de emergência em função dos danos causados pela estiagem na agricultura do município. Os detalhes do documento foram discutidos em uma reunião na tarde dessa segunda-feira (3) que reuniu secretários municipais e subprefeitos, que levaram ao governo os relatos colhidos nas comunidades. Entre eles, a análise é que a falta de chuvas está prejudicando a produção agrícola e também o tratamento dos animais. Em todo o Rio Grande do Sul, mais de 100 municípios decretaram situação de emergência em relação à estiagem.
De acordo com o secretário da Agricultura de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, os subprefeitos deverão apresentar até quinta-feira (6) um levantamento dos prejuízos econômicos e, principalmente, os danos humanos para dar sustentação ao decreto. Caso o levantamento seja feito de forma ágil, é possível emitir o decreto ainda durante a quinta-feira, aposta Menegotto.
A prefeitura também iniciará, por meio da Secretaria de Gestão e Finanças, tratativas junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional para a liberação de recursos a fundo perdido para aquisição de produtos, como tubos para redes de água, que melhorem as condições de infraestrutura das comunidades do interior.
Menegotto afirma também que muitas propriedades têm água, em açudes, para pouco mais de uma semana. Ele também deve visitar produtores nesta semana para acompanhar os estragos causados pela falta de chuva.
— Algumas comunidades sofrem mais, outras menos, mas a avaliação é que a estiagem atinge a cidade como um todo. Depois dessa chuva que deu agora no Centro (na tarde de segunda-feira), liguei para um produtor da Terceira Légua que estava debaixo do sol, irrigando o parreiral, para tentar salvar as plantas de uma próxima safra. Nem pensar em produção para esse ano — afirma.
Durante a posse da nova Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) classificou a estiagem como "a pior seca da história do município".
Segundo a prefeitura, caso haja reconhecimento e homologação pelo governo do Estado e pela União, o decreto abre a possibilidade de o produtor prejudicado solicitar a prorrogação do pagamento de financiamentos e o Município adquirir insumos e produtos com dispensa de licitação para atender, especificamente, necessidades da região delimitada.
Uma das alternativas a curto prazo anunciadas pela prefeitura é que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) vai intensificar a distribuição de água por meio de caminhões-pipa, uma medida historicamente adotada em situações como essa. No feriado de Ano-Novo, o serviço já atendeu moradores de Criúva. Entretanto, já que boa parte dos moradores do interior não possui caixa d’água ou as tem em volume muito pequenos, a medida é vista como paliativa e sem surgir grandes efeitos para amenizar o problema.
A produção de uva preocupa. Nessa época do ano, às vésperas da Festa da Uva, iniciam as negociações para a compra da fruta que será distribuída aos visitantes nos pavilhões e nos desfiles. Menegotto antecipa que alguns produtores que historicamente comercializam para a festa já avisaram que não entregarão toda a produção prevista devido às perdas em razão da falta de chuva. O mesmo ocorre com as uvas finas que serão expostas, uma das tradicionais atrações do evento.
— Uva não vai faltar, mas exigirá um esforço a mais porque nem todos conseguirão entregar aquilo que gostariam — afirma.
Previsão do tempo
A estiagem é causada pelo La Niña, que resfria as águas do Oceano Pacífico e altera o calor e a umidade em diversas partes do mundo.
No último dia 16, o Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) divulgou que a probabilidade do fenômeno climático permanecer até o final do verão está acima dos 80%, considerando-se os modelos de previsão para definição do evento El Niño Oscilação Sul (ENOS) do International Research Institute for Climate and Society (IRI).
Para janeiro e março, a previsão é que a chuva se mantenha próxima da média na Serra. Para fevereiro, a tendência é de que fique abaixo da média.