A empresa DTA Engenharia Portuária e Ambiental apresentou o projeto do Porto Meridional, nesta quarta-feira (24), em Arroio do Sal. O equipamento considerando importante para as pretensões econômicas da Serra e boa parte da região Norte do Estado, tem previsão de ser concluído em 20 meses a partir da obtenção de todas as licenças, principalmente a ambiental. No entanto, não foi confirmada uma data de início das obras na praia de Rondinha, apenas a expectativa de ocorrer entre o fim de 2022 e início de 2023.
O presidente da DTA Engenharia Portuária e Ambiental, João Acácio, revela que, oficialmente, o projeto foi apresentado pela primeira vez nesta quarta-feira, em Arroio do Sal. No entanto, ainda na terça-feira (23) o Porto Meridional havia sido revelado a empresários em reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre.
— Esse projeto não está na rua. É a primeira divulgação oficial do projeto. Existe um grupo de investidores que vai atrair novos investidores e bancos e, principlamente, fundos que investem em projetos dessa natureza. E é preciso que o projeto tenha essa sustentabilidade —explica Acácio.
O investimento de infraestrutura é na ordem de R$1,3 bilhões, que se resume na construção dos molhes, preparação dos berços, instalação de uma ponte que liga a BR-101 até a retro área. Um grupo empreendedor já adquiriu os locais para construção do equipamento, ainda assim, não possuem capital para aportar nessa primeira parte. Além de fundos de investimentos, o grupo deve buscar recursos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
— Com respeito a investimento... Qualquer investimento, primeiro precisa ter viabilidade técnica, ambiental e jurídica. E a viabilidade econômica e financeira tem no mundo, faltam projetos. Dinheiro no mundo tem. O BNDES tem dinheiro e não tem projeto. Eu falo isso porque eu trato com o BNDES por causa do Porto de Santos e eles me pedem pra levar projeto, porque o BNDES tem dinheiro — argumenta o presidente da DTA.
Seis grupos demonstram interesse em atuar no porto
Além de R$ 1,3 bilhões em infraestrutura, os valores de estruturação do espaço na área portuária será comercializada, e o custo deve chegar aos R$ 4,7 bilhões. Até o momento, seis grupos já possuem carta de compromisso para atuarem neste porto. O equipamento tem previsão de exportar 39 milhões de toneladas em produtos anualmente, sendo que 10 milhões já estão garantidos. De acordo com Carrion, o investimento total deve ter todo retorno contabilizado no prazo de seis anos.
A infraestrutura do projeto conta com três berços para navios com contêineres, três para produtos a granel, um para químicos, com a Braskem já tendo sinalizado o interesse, e outro para gás natural. Por fim, ainda haverá atracagem de navios turísticos e espaço para criação de uma marina. Além de uma ponte sobre a Lagoa, que permitirá que as embarcações de pescadores sigam atuando no local.
O projeto do Porto Meridional já possui liberação da Marinha do Brasil e da Secretaria Nacional de Portos. Os processos de licenciamento ambiental estão correndo no Ibama e ano que vem deverá ser iniciado o processo de audiências públicas, garante a DTA.
Uma nova tentativa no curso da história
Durante a apresentação, Fernando Carrion foi muito saudado, justamente por retomar o interesse pela instalação de um porto na região, projeto que a história aponta ter iniciado ainda em 1826, no Brasil Império, passado por outras três tentativas durante o Brasil República.
Quem endossa essa informação é o jornalista Nelson Adam Filho. No material exibido durante o evento desta quarta-feira, foram revelados ano a ano os períodos em o porto quase saiu do papel.
1826 - Marques de Barbacena idealiza o Porto. O Império contrata ingleses pra avaliar de Santos a Montevideo onde poderia ter um porto.
1890 - Marechal Deodoro também tenta, mas o ministro da economia na época, Ruy Barbosa, veta as condições de pagamento.
1928/30 - Nova tentativa durante o período em que Getúlio Vargas foi governador do RS.
1951 - Mais uma vez, no governo de Getúlio, então presidente do Brasil, mas sem sucesso.
Nesta última tentativa, Cândido Carrion, pai do ex-deputado Fernando Carrion, era quem havia conduzido o projeto. Carrion, o filho, encampa essa briga desde 2017. E poderá, enfim, ver a ideia sair do papel e, por isso, se emocionou ao lembrar da luta do pai.
— Esse porto vai ser construído. Nós já dobramos a curva e não tem mais volta — afirmou Fernando Carrion.