Os postos de Caxias do Sul já começaram a repassar ao consumidor o reajuste de R$ 0,23 na gasolina e de R$ 0,34 no diesel, anunciados pela Petrobras nesta quinta-feira (18). Já na manhã desta sexta-feira (19) havia estabelecimentos com o combustível até R$ 0,40 mais caro em relação à sexta-feira anterior (12). O aumento anunciado pela estatal é o maior dos quatro anunciados neste ano.
O índice de reajuste praticado pela Petrobras nas refinarias costuma chegar sempre maior ao consumidor por conta da cadeia de distribuição. Sendo assim, o preço chegou à casa de R$ 5,49 em alguns postos da cidade. É o caso de uma revenda na zona sul de Caxias, que há uma semana vendia o litro da gasolina a R$ 5,12. Em outro caso, no bairro Planalto, em uma semana o preço passou de R$ 4,99 para R$ 5,41.
Se o consumidor se apressar, porém, pode ainda encontrar o preço antigo. O litro da gasolina mais em conta identificado pela reportagem é de R$ 5,08, no Posto Gambino, da Rua Pinheiro Machado. No Posto Guarani, na Avenida Júlio de Castilhos, em Lourdes, o litro sai por R$ 5,09 até a chegada do novo estoque com o preço reajustado, o que está previsto para este sábado (20).
— Ninguém esperava esse aumento. Normalmente as distribuidoras até avisam que pode vir um aumento, mas esse ninguém sabia. Chegando a nova carga, vamos ter que repassar, não tem o que fazer — afirma Fernando Cardoso, gerente da revenda.
Mais aumentos são esperados
Se as notícias já são ruins, a expectativa é de que o bolso do consumidor pese ainda mais nas próximas semanas. Proprietário da rede de postos SIM, Neco Argenta projeta um acréscimo de R$ 0,05 na gasolina devido ao aumento do etanol anidro na próxima semana. O derivado da cana compõe 27% da gasolina. O diesel também pode ter reajuste no mesmo patamar devido ao aumento do biodiesel. A rede já aumentou em R$ 0,30 a gasolina e em R$ 0,34 o diesel nesta sexta-feira.
Todos esses incrementos se refletem ainda no chamado preço de pauta definido pelo governo do Estado e que será atualizado no início de março. O valor é uma média do preço praticado nas bombas em todo o Rio Grande do Sul. Em cima disso, é aplicado o percentual de 30% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Um reajuste nas bombas leva a um aumento também do preço de pauta e, consequentemente, do imposto recolhido. Isso cria uma reação em cadeia que acarreta em novo aumento para o consumidor.
A probabilidade de manutenção dos preços na casa dos R$ 5 a R$ 5,50 na Serra, ou até uma elevação, é bem grande
GUILHERME RONCHETTI
Gerente de posto
— Não encontramos um momento de redução no preço do combustível. O que analisamos é uma estabilidade mínima e uma possibilidade ainda de alta — avalia Guilherme Ronchetti, gerente do posto Gambino, na esquina das ruas Tronca e Marechal Floriano, que passou a praticar R$ 5,19 na gasolina comum nesta sexta, um desconto sobre o valor de R$ 5,39 anunciado nas placas.
Conforme os proprietários de postos, o barril do petróleo, na faixa entre U$ 60 e U$ 70, e a carga tributária estão na mesma faixa do fim de 2019, quando a gasolina estava abaixo dos R$ 5. A diferença, agora, é que o dólar custa R$ 5,50. Para tentar amenizar o impacto, o governo federal anunciou alíquota zero de PIS/Confins sobre o diesel a partir de 1º de março, com duração de dois meses. Medidas para a gasolina ainda passam por estudo.
Ações do tipo podem acarretar um recuo no preço ao consumidor, mas nada tão significativo. Ainda assim, empresários do setor não apostam no combustível chegando a R$ 6 em Caxias, embora também não descartem.
— Não acredito em um barril de petróleo muito maior, já que ainda estamos em pandemia. E nem o dólar muito maior do que está. Com medidas do governo federal, pode ser que fique na casa dos R$ 5 na região. Se o governo trabalhar logo as reformas, poderia reduzir até R$ 0,50 — projeta Neco Argenta.