A inovação, vista por um outro prisma, poderia ser chamada também de “a arte do encontro”. Porque é na aproximação de múltiplos olhares que ocorre a construção de uma narrativa com foco no futuro. Principalmente na era do conhecimento, em que compartilhar informação, seja para renovar processos de uma linha de produção industrial, ou mesmo a partir de um material sensível e poético, como a moda, é imprescindível.
– Acho que os problemas nunca são para nos prender, mas, sim, um desafio. A moda é um setor em que tu tens de estar propondo novas ideias a cada coleção. E essa prática não é nada sustentável. Aí surge uma pandemia que diz que tudo o que se fazia antes não vai rolar, porque exige aglomeração, para a apresentação das coleções, divulgações da grife, enfim, tem um lado super negativo nisso. Mas, por outro lado, foi como passar um reset, e foi algo como “te vira, não tem mais escopo para seguir” – argumenta Julia Webber, 27, artista e designer de moda formada pela UCS, e integrante do Núcleo de Pesquisa e Design do Salão Inspiramais, maior salão de design e inovação da América Latina.
No meio do caminho, no olho do furacão da pandemia, em um momento em que Julia estava a procura de alguém que trabalhasse com a perspectiva de sustentabilidade, para juntos unirem esforços para remar contra a maré, ela procurou o Fabrício Bracco, que conhecia desde quando foram colegas no curso de moda.
– Entendo a inovação como um processo que nos faz entender o que faz sentido para as pessoas. Nós, como seres humanos somos fluidos, estamos sempre mudando, apesar de muita gente tentar resistir quanto a isso, mas estamos evoluindo. Inovação é compreender o que as pessoas estão sentindo e necessitando, quais são seus medos e seus sonhos, e como marca, a empresa tem de dar uma resposta a isso. Se essa resposta será através de tecnologia, de poesia, de novos processos, o que for, vai depender do que está acontecendo no mundo – defende Julia.
Nessa perspectiva de um presente com foco no futuro, a que se propõe a pensar quem vive imerso no ambiente da inovação, Fabrício Bracco quer provar que o passado pode ser também um néctar de inspiração.
– No meu ponto de vista, a inovação não está diretamente atrelada ao meu produto. Está muito mais aliada ao valor que aquilo tem no atual momento. O quão importante é a alfaiataria e quanto importa ter um guarda roupa funcional, nesse atual momento. Acredito que a atual geração vai discernir melhor a inovação por coisas mais básicas e não algo espetacular – aponta Fabrício, 25 anos, designer pós-graduado em modelagem de moda pela UCS, idealizador da grife Rico Bracco.
Para marcar o pré-lançamento da grife, no dia 19 de outubro, Fabrício idealizou, em conjunto com um time de artistas e criativos, uma experiência “figital”, um formato híbrido, entre o físico e o digital, inédito na região. Batizada com o nome de Remanescer, a nova coleção da Rico Bracco segue o viés sustentável que faz parte do DNA da marca, com roupas feitas com matéria-prima essencialmente natural, tecidos orgânicos e tingimento ecológico.
O evento é uma colaboração entre o estilista Fabrício Bracco; o jornalista cultural Carlinhos Santos; a bailarina Cristina Lisot; a artista e designer de moda Julia Webber e o fotógrafo e videomaker Diogo Severo. As transmissões acontecerão no perfil da grife no Instagram (@ricobracco) em dois momentos: às 17h (Ato I) e às 19h (Ato II).
Leia também
Iniciativa da Unidade de Artes Visuais de Caxias propõe que público crie obras de arte
Chiquinho Divilas e BiancoNero lançam camisetas que reforçam diversidade cultural das ruas
Cerca de 7,8 mil negócios foram abertos em Caxias neste ano
Alto número de imóveis vagos na área central de Caxias escancara efeitos da pandemia