Com a publicação do decreto que permite a cogestão entre Estado e municípios gaúchos na adoção de medidas de enfrentamento à covid-19, aumentam as expectativas da cadeia ligada ao turismo para possíveis flexibilizações no setor em casos de bandeiras vermelha ou preta. No mês passado, o Comitê de Retomada Turismo RS encaminhou uma proposta de aprimoramento do modelo de distanciamento controlado ao governo estadual. O comitê é coordenado pelo Sebrae/RS, G30 Serra Gaúcha (grupo de desenvolvimento do turismo da Serra), Segh Bento (Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria), Bento Convention Bureau e composto por dezenas de empresas e entidades ligadas ao turismo.
A proposta não obteve resposta do governo do Estado, porém, com a deliberação da cogestão de protocolos, a ideia é que os próprios municípios optem pelas alternativas apresentadas na proposição.
— Os municípios, por meio da Amesne (Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste), participaram da parte da conclusão do modelo e eles já disseram que, para a questão do turismo, vão adotar a nossa proposta e inclusive a partir do nosso modelo iriam olhar para os outros setores _ revela a Giovana Ulian, integrante do G30 e diretora executiva da Biossplena, de Flores da Cunha, empresa que atua em planejamento urbano.
Ao todo, 41 municípios assinaram a proposta do comitê.
— Era um plano emergencial, conforme a pandemia não se resolvia e foi inclusive se agravando. O governo agiu rápido, mas talvez rápido demais. As empresas começaram a fechar muito rápido, foi antes de elas terem tempo de conseguirem se preparar. E mesmo as que não fecharam, não estão aguentando. A situação está tão calamitosa que a gente percebeu que precisava oferecer uma alternativa para as empresas conseguirem ao menos pagar o básico e manter os trabalhadores _ explica a diretora-proprietária do Spa do Vinho e integrante do comitê, Deborah Villas-Bôas Dadalt.
A intenção da proposta é pensar ações que abranjam todo o cluster do turismo, ou seja, empresas ligadas à hotelaria, gastronomia, comércio, eventos e atrativos turísticos.
— A ideia é pensar em conjunto, não adianta um abrir e o outro ficar totalmente fechado — ressalta Deborah.
Embora mais de 40 municípios já tenham aprovado o modelo proposto, caberá a cada prefeitura decidir se vai aderir às medidas sugeridas ou adotar regramento próprio conforme o enquadramento da bandeira.
A proposta tem o apoio de mais de 90 entidades gaúchas de 41 municípios e de aproximadamente 400 empresas do setor de turismo e de eventos. A pesquisa foi apresentada ao governador dia 29 de julho pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rodrigo Lorenzoni. O comitê tenta uma audiência com o chefe do Executivo, na defesa da volta de todas as atividades ligadas ao turismo e aos eventos.
No RS, entre março e julho
:: Prejuízo de R$ 4,79 bilhões.
:: 4.380 vagas fechadas.
:: Setor que mais demitiu entre 21 segmentos da economia.
Na Serra Gaúcha
:: 4 mil empresas ligadas ao turismo.
:: 25 mil empregos diretos.
:: 73 mil dependentes.
Pesquisa
RISCO DE FECHAMENTO NOS PRÓXIMOS MESES
:: 32% afirmaram que consideram grande o risco.
:: 29% médio risco.
QUEDA DE FATURAMENTO
:: 52% afirmaram que faturamento caiu mais de 76% entre abril e junho (em comparação ao mesmo período do ano passado).
:: 71% acreditam em queda de mais de 50% de julho a setembro (em comparação ao mesmo período do ano passado).
DEMISSÕES
:: 56% dos estabelecimentos já realizaram demissões.
:: 35% disseram que demitiram e avaliam demitir mais.
:: 20% disseram que ainda não demitiram, mas podem demitir.
fonte: pesquisa Covid-19 e os impactos nos negócios turísticos do RS, do Comitê de Retomada Turismo RS
As propostas do comitê
NA BANDEIRA VERMELHA
:: Parques e reservas naturais, jardins botânicos e zoológicos: 50% dos trabalhadores, 30% de lotação, atendimento presencial somente em áreas externas. Medição de temperatura, demarcação de distância, distância mínima de 4 metros entre um e outro e capacidade máxima de oito pessoas do mesmo grupo.
:: Museus e similares: 50% dos trabalhadores e 30% de lotação. Teleatendimento/atendimento individualizado, com agendamento. Com medição de temperatura.
Medição de temperatura.
:: Agência de turismo, passeios e excursões: Proposta: 25% dos trabalhadores. Teleatendimento/atendimento individualizado, ou coabitantes.
:: Comércio varejista não essencial (de rua): 25% dos trabalhadores e 25% de lotação, com atendimento presencial restrito e medição de temperatura. Do segmento do turismo, as medidas abrangeriam lojas de artesanato, suvenires, produtos coloniais, chocolate, vinhos, cervejas artesanais, vestuário, etc.
NA BANDEIRA PRETA
:: Restaurantes, lanchonetes e lancherias: 50% dos trabalhadores, atendimento presencial restrito. Argumenta com a demanda de trabalhadores que não estão em modalidade home office.
:: Parques temáticos, atrativos turísticos (vinícolas, agroturismo) e similares: manter fechados, mas com 25% dos trabalhadores. Argumenta necessidade de manutenção. Sem atendimento ao público.
:: Agências de turismo, passeios e excursões: 25% dos trabalhadores. Argumenta que precisam atender demanda de pré-reservas e reservas com antecedência, além de serviços essenciais a quem estiver a trabalho ou acompanhando familiares hospitalizados. Fechado ao público, atendendo apenas a demanda urgente ou pré-contratada.
:: Comércio varejista não essencial (de rua): 25% dos trabalhadores. Atendimento via e-commerce, telentrega, pegue e leve e drive thru. Do seguimento do turismo, as medidas abrangeriam lojas de artesanato, suvenires, produtos coloniais, chocolate, vinhos, cervejas artesanais, vestuário, etc.
* As medidas do governo estadual continuam sendo referência para o regramento, a diferença é que municípios podem adotar medidas diferentes às sugeridas no programa.