A pandemia de coronavírus, que causou prejuízos generalizados no comércio de Caxias do Sul também impacta os vendedores ambulantes, que circulam em menor número pelas ruas do centro. Estimativa do setor de fiscalização da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) aponta que até um terço dos vendedores não tem montado as bancas nos últimos dias.
O número preciso de pessoas impactadas é difícil de estimar porque o município não tem um levantamento em tempo real de quantos ambulantes trabalham na cidade. Um monitoramento realizado em janeiro e fevereiro pela Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social (SMSPPS) identificou entre 80 e 100 vendedores. O número contudo, costuma variar bastante.
Segundo o diretor de Fiscalização da SMU, Rodrigo Lazzarotto, durante o período de fechamento total do comércio, nas primeiras semanas das medidas restritivas, todos os ambulantes deixaram o centro. O principal motivo na avaliação dele, foi a falta de consumidores.
— Não tinha ninguém para comprar os produtos e alguns líderes deles disseram que eles se afastaram também por medo do vírus. Na medida em que foi flexibilizando o comércio, eles voltaram em menor número — observa.
Ainda de acordo com Lazzarotto, ao menos por enquanto, as demissões em diversos setores econômicos da cidade por conta da pandemia não causaram um aumento visível do comércio informal. O motivo é o domínio da área central pelos senegaleses.
— Um tempo atrás o que tinha eram os nordestinos que vinham para cá ganhar a vida. Só que eles trabalhavam de forma individual. Os senegaleses são mais unidos e muito organizados. Eles acabaram tomando conta. É uma disputa de território — explica.
Conforme o diretor, mesmo durante a pandemia, em que há uma série de outras questões para os servidores fiscalizar, o comércio informal continua sob observação. A abordagem, contudo, tem sido menos punitiva, com orientação para que os vendedores recolham os produtos. O material é apreendido somente em caso de descumprimento da determinação. Ainda assim, os fiscais percebem que os ambulantes retornam aos pontos de venda horas depois.
Para tentar resolver o problema de forma mais ampla, a prefeitura desenvolveu um plano em parceria com entidades de classe da cidade. A intenção é buscar, inclusive, uma inserção dos ambulantes no mercado formal de trabalho e não se limitar apenas à fiscalização. A implantação do programa estava prevista para começar neste mês, mas foi adiada por tempo indeterminado por conta da pandemia.