Apenas metade da folha do mês de março será pago aos funcionários da Visate no dia 6 de abril. O comunicado foi feito aos trabalhadores da empresa que presta o serviço de transporte coletivo em Caxias do Sul nesta segunda-feira (23). Conforme o anúncio, 15% do vencimento já havia sido disponibilizado no dia 20 de março — é política da empresa depositar a quinzena no dia 20 de cada mês e o funcionário retirar se desejar.
No início do próximo mês serão pagos somente 35%. Os outros 50% dependem de entrada de dinheiro no caixa.
Em nota emitida nesta terça-feira (24), o diretor-superintendente da Visate, Fernando Ribeiro, explica que a crise provocada pelo coronavírus agravou a capacidade financeira da empresa, que já estava seriamente comprometida, segundo ele, pelas políticas públicas adotadas nos últimos anos.
Conforme Ribeiro, a folha de pagamento corresponde a 54% da receita total da Visate, sendo que grande parte é obtida na última semana do mês, quando as empresas compram vale-transporte para os seus funcionários. Com a parada da indústria, comércio e serviços, as compras não foram feitas.
No comunicado, Ribeiro diz que a Visate está buscando garantir 50% dos salários de março, cesta básica e plano de saúde, mas que não sabe como fará para pagar a outra metade. Também não há certeza quanto a manutenção dos empregos. O superintendente avisa que a empresa está buscando linha de crédito junto às instituições financeiras.
Presidente do Sindicato dos Rodoviários de Caxias e Região, entidade que representa os funcionários da Visate, Tacimer Kulmann da Silva, acredita que o pagamento da folha de março será feito. O receio é em relação ao próximo mês:
— Acho que vamos ter problemas com o salário de abril, que seria pago em maio. Esse é um momento difícil, vamos ter de nos dar as mãos.
Segundo ele, outras empresas do setor rodoviário estão com dificuldades financeiras por conta da pandemia do coronavírus. Não há, por enquanto, nenhum acordo formal entre trabalhadores e empresas.
Leia a nota da Visate na íntegra:
A Visate foi pega pela crise do coronavírus, numa hora em que sua capacidade financeira está seriamente comprometida, em razão das políticas públicas, relacionadas ao transporte coletivo urbano, adotadas durante os últimos três anos em nossa cidade.
A nossa folha de pagamento corresponde a 54% da receita total da empresa, sendo que grande parte dessa receita é obtida na última semana do mês, por meio do vale transporte, comprado pelas empresas. Com a paralisação das atividades econômicas e de grande parte das organizações, desde 20 de março, as compras não foram realizadas.
Estamos tentando garantir 50% dos salários de março dos nossos funcionários, cesta básica e plano de saúde, mesmo sem ter receita para isso, com o objetivo maior de possibilitar a eles um sustento mínimo.
Não sabemos ainda como faremos com os outros 50% referentes ao mês de março, e, muito menos em relação ao futuro próximo, tanto no que diz respeito aos salários, quanto aos empregos.
Estamos buscando, junto às instituições financeiras, uma linha de crédito para que possamos honrar com os nossos compromissos, jamais negligenciados nos 34 anos de serviços prestados à comunidade.
A nossa atenção máxima agora é com o sustento dos nossos 1,4 mil funcionários, seus dependentes e familiares.
Essa é a dura realidade que vivemos.
Fernando Ribeiro
Diretor Superintendente da VISATE
24/03/2020