A aprovação de uma reforma tributária durante o Governo Bolsonaro é vista com dificuldades pelo ex-governador Germano Rigotto (MDB). Defensor de um novo sistema tributário que desonere a produção e simplifique a arrecadação, ele acredita que a reforma ainda está distante por conta de divisão no Congresso Nacional e pela falta de protagonismo do Executivo, que não disse ainda que tipo de mudanças pretende. A constatação foi feita nesta segunda-feira (2) durante reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul.
Rigotto, que atualmente preside o Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários, defende uma reforma que ataque os problemas atuais do sistema tributário que penaliza o pequeno e o trabalhador.
— Esse sistema tributário é totalmente injusto, é muito regressivo e, ao mesmo tempo, inviabiliza um crescimento maior porque tira competitividade do Brasil, daquele que quer exportar, daquele que quer competir com o produto que vem de fora. A reforma tributária, sendo a que está mais atrasada no meu modo de ver, seria a mais necessária. Mas eu vejo que, em algum momento, ela vai ter de acontecer — disse Rigotto a jornalistas após a palestra.
Já a reforma administrativa deve, segundo o ex-governador, ser aprovada ainda em 2020. Embora seja ano eleitoral, ele está convicto de que passe pelo Congresso.
— Independente dos erros, das falas equivocadas do presidente, tu tens no Congresso hoje uma maioria que entende que essas reformas têm de ocorrer. A sociedade, a partir de 2012, começou a cobrar mais fortemente por essas reformas, e o Congresso está sendo levado a dar essas respostas, por isso acredito que passa neste ano a administrativa.
O cuidado com a postura é, aliás, uma das atitudes que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve ter, na opinião de Rigotto, para agilizar e facilitar a aprovação das reformas. Ele entende que o governo precisa se articular mais com o Congresso e cuidar das declarações, evitando dar tiro no pé com manifestações descabidas. Para Rigotto, Bolsonaro tem uma boa equipe, mas isso não basta.
— Se o presidente corrigir esses erros que tem cometido e atrapalham o governo, não tenho dúvida de que poderíamos ter o andamento, inclusive das reformas, de uma forma mais rápida e avanços no enfrentamento das desigualdades sociais e uma economia que cresça de uma forma mais ordenada, mais sustentável. Isto tudo passa também pela figura do presidente. Ele não apenas tem de ter uma boa equipe, mas ele tem de ajudar e, às vezes, ajudar é falando menos, ajudando na articulação política, que tem de ser melhor, às vezes ajudar é respeitar quem pensa diferente dele.
O ex-governador presidiu a Comissão de Reforma Tributária da Câmara Federal quando foi deputado.