A caxiense Patrícia Eloisa Rech é psicóloga e aos 40 anos está no que o mercado convencionou chamar de ápice da capacidade produtiva. Para além deste estereótipo, ela procura cutucar a onça com vara curta. Ou seja, atuando como consultora especialista em projetos de gestão de pessoas por competência, remuneração estratégica, avaliação de desempenho, recrutamento e seleção, ela gosta de provocar os gestores a pensar nas pessoas para além do que seus currículos dizem.
– Conheci gestor que entrevista o candidato com os olhos no currículo e não na pessoa. Ao mesmo tempo em que conheci gente de startup que nem olha para o currículo e sai para caminhar para conhecer melhor quem ele pretende contratar – revela Patrícia, que atualmente é a vice-presidente de Desenvolvimento da ARH Serrana.
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A triste e dura realidade de preconceito revelada pela reportagem, através dos depoimentos de Poletto, Pezzi e Alano, é confirmada por Patrícia. Ela entende que as empresas estão diante de um dilema que precisa ser superado.
– A expectativa e a qualidade de vida das pessoas têm aumentado, e as pessoas com mais idade querem permanecer trabalhando. Muitas delas, ainda estão em seu pleno desempenho e não tem por que ficarem em casa. Porém, as empresa ainda têm dificuldade em enxergar essa realidade. Ainda vejo preconceito em relação à idade em Caxias do Sul. A partir dos 50 anos, os profissionais tendem a ser vistos em uma condição de não empregabilidade – denuncia.
O preconceito vai ainda além, prossegue Patrícia, em sua argumentação:
– Não só os gestores, mas há também preconceito por parte dos colegas quando vão receber alguém mais maduro. Muitas equipes têm restrições quanto a esse colega mais velho. Essas questões culturais acabam tendo um impacto direto nessa visão. Na minha percepção, é algo que está evoluindo nas corporações, mas ainda muito devagar – acredita.
O ideal, pondera Patrícia, é formar equipes de trabalho diversas, seja em gênero, idade ou ancestralidade.
– As pessoas mais maduras, por exemplo, dão um valor diferentes às coisas, porque elas já passaram por muitas dificuldades e já quebraram a cabeça. Por isso, tê-los na equipe traz engajamento, comprometimento, e eles valorizam um bom ambiente de trabalho – sintetiza Patrícia.
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