Caxias do Sul encerrou 2019 com 74.015 pessoas inadimplentes, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). É o menor número de CPFs endividados na cidade de acordo com a base do SPC Brasil nos últimos quatro anos, somente à frente de 2015, com 73.955. Representa a saída de 4.632 consumidores da situação de inadimplência em comparação a 2018, quando o mesmo indicador contabilizou 78.647 pessoas com o nome sujo no comércio local, pior índice dos últimos cinco anos.
O contexto responde a um cenário econômico favorável no ano passado, avalia o coordenador de Tecnologia, Informação e Inovação da CDL Caxias, Cleber Figueredo, que cita também a liberação do FGTS como fator determinante para a recuperação do crédito.
– O cenário favorável para essa melhoria começou em 2018, quando houve saldo positivo de novos empregos. Em 2019, o final não foi tão bom, praticamente manteve a base de empregados, mas que já haviam recuperado a condição de trabalho para pagar suas dívidas. Entre 2018 e 2019, o governo devolveu valores por meio do FGTS, isso acabou ajudando bastante – destaca Figueredo.
Segundo ele, a melhoria foi perceptível no decorrer do ano passado, que se iniciou com 79 mil inadimplentes na base.
– Janeiro estávamos com 79.086 CPFs endividados, fomos reduzindo, mês a mês, para 78 (mil), 77 (mil), e 76.875 CPFs em outubro, chegamos em novembro em 75.915 e dezembro, 74.015. Tudo resultado da capacidade de recuperação financeira das pessoas empregadas e um conjunto de situações que fizeram as pessoas ficarem mais interessadas em recuperar seu nome no mercado, voltar a ter crédito – destaca.
Outro indicativo da recuperação de crédito, segundo ele, é a própria reeducação do consumidor, que afirma ter preferido o pagamento à vista em detrimento ao risco de contrair eventuais dívidas. Também atribui a redução à campanha Feirão Limpa Nome, realizada no final do ano passado pela CDL, em que foram obtidos 439 acordos de negociação de dívidas, o que representou 10% a mais do que no mesmo período do ano anterior (sem realização do feirão).
Por outro lado, Figueredo afirma que o nível de inadimplência está sempre suscetível a macrocenários econômicos.
– Caso não o cenário não mude, os números devem continuar a melhorar. Porém, já temos o surgimento de um elemento que preocupa (coronavírus), e como isso deve afetar a economia mundial em médio prazo. São oscilações que podem afetar, gerar uma crise, afetar empregos e capacidade econômica das pessoas. Trabalhamos com dois cenários, um em que isso vai passar sem efeito negativo e outro cenário, com agravamento da crise em razão da epidemia – ressalta.
A base de dados da CDL é referente a cadastros de inadimplência junto a associados à entidade, um universo que abrange cerca de 4 mil estabelecimentos em Caxias. Ainda que não represente a totalidade do comércio na cidade, o índice da CDL é o dado utilizado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul na série histórica do desempenho da economia caxiense.
2020 COM AUMENTO
Segundo a CDL Caxias,em janeiro houve aumento de 0,37% da inadimplência em relação a dezembro. Na comparação com janeiro de 2019, também houve acréscimo de 0,57% de CPFs. Segundo dados do SPC Brasil, cada consumidor inadimplente em Caxias tinha em média 2,248 dívidas em atraso. O número de devedores com participação mais expressiva foi o da faixa de 30 a 39 anos (27,69%).