Há uma máxima no mundo dos negócios que diz o seguinte: investir em áreas ainda não exploradas tende a ter uma perspectiva maior de crescimento. Atento a isso, João Carlos Zanotto, proprietário da Vinícola Campestre, resolveu apostar suas fichas em uma nova planta, com novos vinhedos, uma nova marca de vinhos de reserva e em novos projetos enoturísticos em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra.
Zanotto estabeleceu a empresa como uma das líderes no mercado de vinhos de mesa, cujo interesse para essa variedade mais comum são as regiões sudeste, norte e nordeste. Toda essa identidade, que nasceu em 1968, no município de Campestre da Serra, não se perderá, mas a Campestre quer lutar pela fatia do mercado de vinhos finos.
O empresário não pensa em desacelerar, ele quer levar a marca a um novo patamar. Para isso, já investiu R$ 30 milhões na remodelação e reforma do prédio adquirido junto ao antigo Frigorífico Vacariense, há 20 anos abandonado. A unidade de Vacaria começará em 2020 a concentrar a produção de vinhos finos e espumantes, com uma perspectiva de 350 mil garrafas por ano. É uma guinada planejada, para, aos poucos, fazer com que a Campestre comece a ser vista também por seus vinhos finos das marcas Zanotto e Nova Morada.
Para além dos vinhedos, Zanotto quer entrar de sola no enoturismo, que, segundo ele, conduz a compra de 1/4 das garrafas de vinho no mundo. Para se ter uma ideia, a Itália, o primeiro do ranking no mercado de vinhos, produz em torno de 5 bilhões de litros/ano. Na esteira disso, só a Campestre produziu em 2019 35 milhões de garrafas de vinho (25,5 milhões de litros) e 2 milhões de litros de suco de uva. Zanotto investe nesse mercado, que tem um grande potencial a ser explorado.
– Só no ano passado, visitei 12 vinícolas na Itália. E as pessoas me perguntam qual eu mais gostei. Olha, eu gostei daquelas em que fui melhor recebido. Talvez nem seja aquela a que faz o melhor vinho, mas nós temos uma tradição no Brasil de recebermos bem os turistas. Quero dar uma nova opção, além de Bento e Gramado, e trazer as pessoas para conhecer uma vinícola nos Campos de Cima da Serra – aposta.
Complexo enoturístico
Para fixar ainda mais os visitantes, em até cinco anos Zanotto deve inaugurar todo o complexo enoturístico que sonha para Vacaria.
– Sabe que encontramos água termal nesse terreno que compramos? Então, eu vou construir um hotel com 120 quartos e piscinas com água termal. Além disso, vamos ter dois restaurantes, um para atender à demanda de segunda a sexta, na visita dos grupos aqui na vinícola, e outro bem maior, para os finais de semana. Fora que há muito espaço para fazer piqueniques pela propriedade – revela, sem mencionar de quanto será o investimento necessário.
Zanotto está de olho em um setor, que vai além da vitivinicultura:
– O futuro do Brasil será o turismo. As pessoas estão vivendo mais e vão viajar cada vez mais. Quando surgiu a ideia da compra desse prédio, que era um frigorífico, eu estava em Montevideo. Eu fui visitar o shopping Punta Carretas, que foi feito onde era um presídio (lá ficou preso o ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica). Aí eu pensei: se fizeram um shopping onde era um presídio, porque não fazer uma vinícola onde antes funcionava um frigorífico?
Terroir dos Campos de Cima da Serra
De uma forma muito simplificada, a palavra francesa terroir pode ser traduzida como o terreno onde o vinhedo está plantado. Mas, filosoficamente, é o condutor da alma do vinho, que vai fazer florescer aromas e sabores. Ou seja, tem uma valor mais intenso para quem conhece mais sobre vinhos.
– Aqui nos Campos de Cima da Serra estamos há quase mil metros de altitude, então os dias de verão são quentes, mas a noite é bem amena. Isso, aliado ao solo que é mais argiloso, como na Serra, nos proporciona uma maior intensidade aromática para as uvas tintas – explica o enólogo André Donatti.
A propriedade de Vacaria tem 84 hectares de área, sendo que em 25 hectares já existem vinhedos plantados.
– As uvas que melhor se adaptaram aqui para fazer o vinho foram a Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Merlot. Mas também estamos fazendo uma aposta nas videiras de Sangiovese, Malbec, Syrah e Tannat – revela Donatti.
Programe-se
Visita guiada: Inclui visita pelos vinhedos, vinificação, museus e caves e degustação de três vinhos e um espumante (ganha uma taça de brinde) para grupos de até 12 pessoas.
Horário: Passeios às 9h30min e 14h30min
Preço: R$ 50, sendo que R$ 20 são revertidos em compras na loja.
Endereço: A Vinícola Campestre (Complexo Enoturístico) fica na BR 116 – Km 30, 1.410, bairro Passo da Porteira – Vacaria (RS)
Informações: (54) 3511-6060 e (54) 9 9655-3377
www.vinicolacampestre.com.br