O grafeno que começará a ser produzido pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) a partir de março poderá ser empregado na pintura de navios e produção de tintas em geral, construção civil, fabricação de plásticos e painéis solares, entre outras possibilidades. Os exemplos do uso da substância, produzida a partir do grafite, foram dados pelo reitor da universidade, Evaldo Kuiava, em entrevista ao programa Gaúcha Hoje da rádio Gaúcha Serra na manhã desta quinta-feira (13).
— Nós temos já clientes fora da região que estão demandando para aplicar em polímeros plásticos, por exemplo. Oportunamente, na inauguração da planta, vamos mostrar possibilidades de aplicação. Temos uma indústria de polímeros, de plásticos, enorme em Caxias do Sul, com grande potencial. Para pintar cascos de navio, por exemplo, temos uma demanda de clientes que estão procurando porque a corrosão é muito grande. A tinta com grafeno evita essa corrosão, e a manutenção é muito mais fácil. Os sedimentos do mar, por exemplo, com a tinta a base de grafeno, têm dificuldades de grudar no casco — detalhou.
Kuiava explicou que o grafeno melhora a eficiência e tem o potencial de reduzir os custos de outros materiais ou produtos ao ser combinado com eles, o que abre um leque de possibilidades. O material é bom condutor de calor e eletricidade, além de ser leve e resistente. É pesquisado pela UCS desde 2005. Segundo o reitor, a expectativa é que a produção em Caxias seja referência em toda a América Latina.
— Em escala industrial, é o primeiro (local de produção) da América Latina. Tem um impacto em nível nacional. Acreditamos que, com o produto grafeno, vamos contribuir para a indústria local e regional porque, com isso, vai ser agregado valor aos seus produtos. Temos parceria com empresas locais também, já com acordos firmados para desenvolvermos produtos em conjunto.
Segundo Kuiava, o valor do grafeno varia de acordo com o uso a ser dado ao material, mas pode ficar em cerca de R$ 5 mil para cada quilo produzido. A universidade pretende produzir 500 quilos no primeiro ano, podendo expandir a produção a até 5 mil quilos anuais.
Nesta quarta (12), uma comitiva da universidade foi recebida pelo presidente Jair Bolsonaro. Conforme Kuiava, a informação recebida em Brasília é de que a vinda do presidente à Caxias para a inauguração da planta de produção de grafeno da UCS depende de definições em relação a uma agenda internacional que o presidente tem próximo à data prevista, que é o dia 14 de março, mas que pode ser flexibilizada para ser compatível com a agenda de Bolsonaro.
Confira a entrevista com o reitor da UCS na íntegra: