Na manhã de quarta-feira (11), foi revelado o resultado do terceiro trimestre de 2019 na economia do Rio Grande do Sul. Em relação ao trimestre anterior, o PIB do Estado apresentou queda de 0,5%, influenciado pela retração da agropecuária (-5,6%) e da indústria (-1,1%). Enquanto que o setor de serviços, nessa mesma base de comparação, cresceu 0,3%.
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Os dados foram apresentados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). Uma boa notícias deste 2019 repleto de emoções é que, no acumulado de 12 meses encerrado em setembro, o PIB gaúcho subiu 3,1%. Enquanto isso, no Brasil, a alta foi menor, de 1%.
O cenário da indústria em Caxias, no terceiro trimestre de 2019, também foi aquém da expectativa, revela Paulo Antônio Spanholi, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs).
– A indústria da nossa região registrou queda de faturamento de 2,36% no terceiro trimestre com relação ao trimestre anterior. Mesmo assim, a diferença para a queda registrada pelo IBGE, no Estado, foi menor, em torno de 0,54%. Com relação ao ano anterior, o crescimento foi algo em torno de 2,7 %.
Como exemplo desse cenário, a Marcopolo revela que nesse mesmo período, a produção total atingiu 3.926 unidades, 18,6% inferior ao terceiro trimestre de 2018. Por isso, a receita líquida teve uma retração de 1,8%, no mesmo comparativo, fechando R$ 1.081,2 milhões. Esse total de venda de unidades da Marcopolo é considerável quando se observa a produção brasileira, que atingiu 6.042 unidades de julho a setembro deste ano, contra 6.037, em 2018. De janeiro a setembro de 2019, a produção brasileira já produziu 17.122 unidades.
EXPORTAÇÃO
Entre os fatores que tornaram mais instável a vida das indústrias do estado é a crise da Argentina. A expectativa é que Alberto Fernández, que tomou posse na terça-feira, possa recolocar o país nos trilhos.
– Com certeza a crise na Argentina afetou e vai afetar ainda as empresas da região. Não temos ainda como afirmar o quanto vai impactar sobre a produção local, mas segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o percentual será em torno de 7%.
Para se ter uma ideia, as vendas de implementos da Randon, para o exterior e através das plantas estrangeiras foram 29,7% inferiores no comparativo com o terceiro trimestre de 2018.
GOVERNANÇA
Entre as medidas já adotadas pelo governo, e que deverão gerando impactos positivos na indústria, Spanholi cita:
– As reformas Trabalhista e Tributária, queda na taxa de juros, Contrato Verde Amarelo (medida provisória 905) que altera a legislação trabalhista e tem como objetivo a contratação de jovens de 18 a 29 anos em inicio de carreira com tributação reduzida, e a Lei da Liberdade Econômica.
OUTUBRO SINALIZA CRESCIMENTO
Se a avaliação da economia em Caxias, no terceiro trimestre não foi positiva para a indústria da cidade, é importante frisar que os últimos meses do ano já apontam para uma tímida aceleração.
– O mês de outubro representou 6% de aumento no faturamento se relacionado ao mês anterior , e 5,19% se comparado ao mesmo mês do ano anterior. Isso pode representar um aquecimento na produção que, pautada por uma série de problemas econômicos, sociais com ênfase mundial, não cresceu tudo que imaginava crescer. Ainda não podemos afirmar que a perspectiva futura é de ordem crescente, já que o faturamento do mês de novembro representou apenas 0,49% de crescimento, porém, tudo indica que a previsão seja otimista – acredita Spanholi.
Esses dados recentes de melhora, são confirmados pela Randon, que, no acumulado de 2019, atingiu receita bruta de R$ 5,5 bilhões, um aumento de 26,2% no comparativo com os nove meses de 2018. Em sintonia com este crescimento, está a evolução de 24,8% da receita líquida consolidada, que somou R$ 3,8 bilhões nos nove meses de 2019. O lucro bruto foi de R$ 954,7 milhões, com margem bruta de 25,1%.
– Um dado importante, é que a indústria nacional, como um todo, vem em recuperação no crescimento dos trimestres, cresceu 0,7% e 0,8% nos dois últimos respectivamente, após um tombo de 0,4% no primeiro. No total, a economia registrou até setembro um crescimento acumulado de 1,1%, já com as revisões mais positivas ainda, ou seja, é uma uma ótima notícia – observa o presidente do Simecs.
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