O último respiro da cidade antes do esvaziamento iminente é a movimentação dos preparativos para a virada do ano. Se o trânsito de Caxias já é o equivalente a um município com 10% do seu tamanho, o mesmo não se pode dizer dos armazéns e mercados de bairros e supermercados da área central.
Mesmo que menor que os dias comuns, a movimentação nos estabelecimentos é acentuada para uma época de cidade deserta. Ainda assim, de todas as tradições que envolvem a data, o caxiense deve seguir uma não específica da época: a de deixar as compras para a última hora.
— Hoje (segunda-feira) foi um movimento tranquilo, mas a estimativa é de que nesta terça-feira (31), o movimento seja grande — comenta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Caxias do Sul (Sindigêneros), Eduardo Slomp.
As vendas, segundo Slomp, devem ficar nos mesmos patamares do ano passado. Carne de porco, lentilha, frutas (secas e frescas) são a preferência e já eram predominantes nos carrinhos de compras para quem se "antecipou", na segunda-feira (30).
— Eu estava na praia, tive que voltar temporariamente e decidi aproveitar para comprar, já que a cidade está vazia, bem diferente da praia, que está abarrotada de gente — comenta a moradora do bairro Lourdes, Marcia Cecília Oliveira, que fazia as compras num mercado do bairro Jardelino Ramos.
Sobre os gastos, ela afirma que a família deve investir cerca de R$ 500 na ceia do Réveillon, protagonizada pela tradicional carne de porco.
— É uma família grande, de 10 pessoas, mas vale a pena o gasto alto para essa época — complementa.
Já para a servidora Fabiana Rockenback, a tradição da ceia é mais restritiva e, assim, mais prática.
— Sou vegetariana, por isso, para mim, a tradição é a lentilha, o resto são acompanhamentos. Por isso, nessa época não tenho tanta preocupação com as compras — comenta.
Já no final da tarde, a reportagem verificou que o movimento era bastante intenso em alguns estabelecimentos, especialmente em redes da área central.
Comprar antes da viagem
De acordo com Eduardo Slomp, é movimento comum consumidores optarem por fazer as compras antes da viagem, principalmente se o destino é a praia, conhecida pelas longas filas em supermercados nesta época. Resta a proprietários desses estabelecimentos e seus funcionários o sacrifício de atrasar a ceia e também a possível viagem para a praia.
— É importante deixar aberto nos bairros, querendo ou não, sempre fica alguém. E o movimento está bom, não dá para se queixar, saiu bastante gente, mas está dando movimento — afirma Felipe Salvador, gerente de um mercado no bairro Jardelino Ramos, que estima aumento de 8% em relação nas vendas ao mesmo período do ano passado.
— Por mais vazia que a cidade esteja, a demanda é boa, as vendas normalmente são superiores a dias normais, por mais que não tenha o mesmo apelo do Natal. E, de fato, os clientes preferem muitas vezes fazer as compras antes de viajar, justamente pelo atendimento mais personalizado, e a confiança que tem no estabelecimento que costuma comprar — ressalta o gerente de um mercado no bairro Cruzeiro, Daniel Vanzin.