Após semanas com preços reduzidos para a gasolina em diversos estabelecimentos, que chegaram inclusive a retomar ao patamar abaixo dos R$ 4, acabou o alívio para o consumidor: o litro da gasolina comum voltou a ficar ao redor dos R$ 4,50 em postos que haviam rebaixado os preços. Até o início da semana, boa parte das revendas vendia o combustível a valores entre R$ 3,99 e R$ 4,03, mas, já na quinta-feira, elas anunciavam acréscimo em média de 50 centavos. Alguns locais, entretanto, não devolveram totalmente às bombas o valor praticado anteriormente à queda dos preços. Um dos postos que apresentava preço promocional no início de outubro informou na sexta-feira ao Pioneiro que a gasolina estava sendo comercializada a 4,39 o litro.
A oscilação do valor não soube ser explicada pelo funcionário do local, que apenas informou que a variação é repassada a partir da distribuidora. Na quinta-feira, o Procon Caxias divulgou levantamento de preços realizado naquele dia e no dia anterior. Nos 14 locais consultados pelo órgão, a média de valor cobrado era R$ 4,20 o litro, e ainda havia pelo menos quatro dos que foram pesquisados que ainda vendiam o litro a R$ 3,99. Na sexta-feira, no entanto, a maioria dos postos que apresentavam valores reduzidos na consulta já havia elevado os preços.
Na última semana, entre 34 postos verificados pelo Pioneiro, seis deles apresentavam o litro da gasolina comum a R$ 3,99. Desde fevereiro de 2018, ou seja, há 20 meses, o combustível não era vendido a menos que R$ 4 na cidade.
Possíveis irregularidades
O movimento de redução do preço dos combustíveis registrado recentemente foi semelhante ao ocorrido no mês de fevereiro de 2018, quando os valores também ficavam ao redor ou abaixo de R$ 4 o litro. Logo após o período de baixa nos preços, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para apurar a possível prática de ação semelhante a "dumping" - venda de produto abaixo do preço de custo para quebrar a concorrência.
Atuação semelhante do MPF ocorre atualmente. No dia 11 de outubro, o Pioneiro divulgou que um grupo de donos de postos de combustíveis procurou o órgão para denunciar a possível irregularidade. Na denúncia, os empresários acusaram a distribuidora Ipiranga de vender o produto abaixo por preço muito abaixo de mercado (por R$ 4,18 com frete, sendo que a média cobrada pelo combustível na cidade era de R$ 4,50 na ocasião).
Justamente pela situação, como reação, a estratégia de concorrentes que não têm contrato de exclusividade com a distribuidora (cerca de 85% do setor), ou seja, são bandeira branca, passaram a reduzir os valores como forma de concorrência.
Além dos dois inquéritos civis já instaurados (relativos à denúncia protocolada neste mês e a do ano passado) para apurar possível prática predatória de preços para quebra de concorrência, um terceiro inquérito foi instaurado pelo Ministério Público Federal recentemente, desta vez, voltada à verticalização, ou seja, a postura dos revendedores frente à atuação das distribuidoras que poderiam estar repassando combustível com valor irregular.