O carro-chefe do setor no país sempre foi o seguro de automóvel. A explicação é que este é o seguro que o cliente procura pela seguradoras, pois os riscos de um assalto ou acidente de trânsito são mais perceptíveis. Nos outros produtos, é o corretor quem precisa vender. Por isso, a indústria tem exaltado o crescimento dos seguros de vida no Rio Grande do Sul: 26,1% nos primeiros sete meses deste ano, com um total de R$ 2,3 bilhões movimentados.
— A explicação para os gaúchos adquirirem mais seguros que a média dos demais Estados pode ser explicada pela cultura dos colonizadores europeus, séculos mais avançada do que em nosso país. Para eles, a contratação de seguros é uma coisa quase tão natural quanto comer e dormir — explica Guacir Bueno, presidente do Sindicato das Seguradoras (Sindseg-RS).
No Rio Grande do Sul, houve queda de 1,9% do seguro de automóvel, com arrecadação de R$ 1,5 bilhão. Essa desaceleração tem três motivos principais: a queda da produção automobilística do país, os crescimento dos aplicativos de mobilidade e o fato de o carro ter deixado de ser uma prioridade para os jovens.
Sobre o custo ao cliente, os corretores apontam que os valores têm se mantido estáveis. O cálculo é baseado em uma série de fatores e especificidades de cada perfil.
— O seguro é balizado por acontecimentos. Cada companhia tem o seu controle e verifica desequilíbrios. Se a região é propícia a vendavais e raios, por exemplo, quando um ano tem mais incidência, acaba agravando o seguro residencial — aponta Marcos Pozza.
No seguro de automóvel, um destes fatores é a violência na cidade e no bairro em que o proprietário vive. Essa divisão acontece pelo acompanhamento dos índices de assaltos. Em Caxias do Sul, atualmente, a taxa mais alta afeta os moradores dos bairros Cruzeiro, Pio X e Madureira.
Outros seguros que estão em crescimento são os para animais de estimação, que funcionam como um plano de saúde para os pets, e os para bicicletas de trilha. Na questão empresarial, os seguros para diretores de empresa cresceram após a Operação Lava Jato. É uma forma de eles protegerem seu patrimônio diante de qualquer escândalo da empresa, e vice-versa.
Seguros são procurados por quem deseja estabilidade
Um dos novos clientes de seguros é o professor de Educação Física Flávio Almeida, 42 anos. A decisão aconteceu logo após seu casamento, em julho.
— A ideia era fazer o seguro de vida, até pensando nos filhos que podemos ter. Caso aconteça alguma coisa, fica esse valor para o filho e a esposa. Na hora, também escolhi por fazer o seguro residencial e para a minha bicicleta, pois saio bastante nos finais de semana para fazer trilhas — conta Almeida, que compara as apólices com um plano de saúde:
— Não queremos utilizar, mas tem que estar ali para quando precisarmos. Para qualquer imprevisto, estou preparado.
Apesar da tranquilidade que sente ao estar segurado, Almeida concorda que a decisão não foi simples. Ele lembra que seus primeiros carros não tiveram seguro e que ficou seis meses pensando se investiria ou não neste pacote.
— Os valores influenciam muito, e é um custo que terá todo o ano. Tu colocas na balança e é um valor elevado, pesa bastante. Mas, quando tens uma vida mais estável, a vontade é de fazer para se proteger. Justamente para manter essa estabilidade — argumenta o professor de Educação Física.
O perfil de Almeida é justamente o daqueles que mais procuram as seguradoras. O amadurecimento e preocupação com familiares fazem parte da decisão destes clientes:
— O seguro é uma escolha intertemporal. Prefere comer um bombom hoje ou dois amanhã? São escolhas feitas em momentos de vida. Os mais jovens fazem menos que os mais velhos. Quem é pai precisa pensar em seus filhos. O homem moderno começa a ver que há riscos sociais, e seguro é uma forma extraordinária de preservar o patrimônio — opina o advogado Maurício Salomoni Gravina, especialista em seguros.