Os gaúchos investiram R$ 10,8 bilhões em seguros nos primeiros oito meses deste ano, conforme dados da Superintendências dos Seguros Privados (Susep). Em contrapartida, receberam R$ 2,3 bilhões diante de sinistros. O crescimento é de 12,5% na comparação com o mesmo período de 2018, quando foram R$ 9,6 bilhões em prêmios arrecadados. A indústria de seguros movimentou R$ 1,2 bilhão em Caxias do Sul no ano passado, de acordo com o Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor-RS). O montante representa 8% do arrecadado em todo o Rio Grande do Sul no ano — R$ 14,6 bilhões.
As entidades não possuem dados regionalizados referentes a 2019, mas Caxias do Sul é descrita como uma cidade "acima da média" no ramo. O Sincor aponta que 96,9 mil caxienses possuem seguro de vida e 60 mil veículos estão protegidos — o que representa 19% e 34% dos universos possíveis, respectivamente. Os números aparentemente baixos seriam explicados por dois fatores: a falta de uma cultura de precaução pelo brasileiro e as incertezas da economia no ano.
— A indústria de seguros cresce sempre acima da taxa de inflação, pois há uma demanda reprimida de seguros muito grande no Brasil. O brasileiro não tem o costume de investir em seguros. O mercado tem se esforçado muito para chegar a estes clientes. Hoje, os seguros representam menos de 4% do PIB brasileiro. Em países mais desenvolvidos, é de 8% — afirma Alberto Muller, vice-presidente do Sindicato das Seguradoras (Sindseg-RS).
Na Serra, há cerca de 30 seguradoras e 797 corretores registrados entre pessoas físicas e jurídicas. Metade deles (403) possui sede em Caxias do Sul. Como as estatísticas mostram, ainda há muito mercado para esta indústria crescer.
— Não é só Caxias do Sul, a média daqui é até superior que a nacional. No Brasil, a média fica abaixo de dois seguros por habitante. É pouco. Há países em que a média chega a sete seguros por família — aponta Marcos Pozza, vice-presidente do Sincor-RS.
Por outro lado, o Sincor aponta que o brasileiro está aprendendo os benefícios do seguro e que há cada vez mais modalidades disponíveis. Entre os produtos em crescimento em Caxias do Sul está o seguro para pets, para bicicletas de trilha e de responsabilidade civil — onde profissionais se precavêm contra danos involuntários a terceiros.
Primeiras leis nos anos 40
Este aprendizado também aparece na questão jurídica, de acordo com o advogado especialista em seguros e professor universitário Maurício Salomoni Gravina. O especialista lembra que as primeiras leis surgiram na década de 1940 e que melhorias foram constantes ao longo dos anos. Mas salienta que a legislação terá uma importante modernização em breve.
— Está para ir à votação no Senado o projeto final de uma nova lei de contrato de seguro. Será uma lei de fôlego, quase como um código de defesa do consumidor, só que específico para seguros, nos moldes em que foram feitas as modernas leis europeias. Vejo uma nova expansão e popularização (do setor) em breve, pois acredito que as pessoas irão procurar sobre o assunto e se sentirão mais confortáveis — aponta Salomoni Gravina.