São muitos os ditos que relacionam a morte como o que de há de mais certo na vida. Cada vez mais, as pessoas têm se dado conta de que, além de inevitável, morrer pode custar caro. E que pode estar no planejamento familiar a alternativa para não precisar dispor de uma alta soma de uma só vez ou para não deixar essa conta de herança para os parentes. Daí, que muitas famílias têm optado pelas prestações suaves dos planos funerais.
Reportagem do iG no início deste mês traz dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) que aponta que o mercado fúnebre é responsável pelo emprego direto de pelo menos 50 mil pessoas e movimenta cerca de R$ 7 bilhões ao ano no país. E que, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), o custo médio de um enterro no Brasil é de R$ 2,5 mil. Em Caxias do Sul, onde, em média, 170 pessoas morrem e são sepultadas ou cremadas na cidade por mês (existem outras cerca de 50 que são levadas para outros locais), o funeral, com a preparação da pessoa, capela para velório, ornamentos e caixão, varia de R$ 2,2 mil a R$ 30 mil. Esse valor não inclui o enterro ou a cremação. O preço pode variar em cada item, conforme as opções do cliente por um local mais ou menos espaçoso, um caixão mais luxuoso e outros aspectos.
O Grupo LFormolo, com sede em Caxias e atuação também em Bento Gonçalves, Farroupilha e São Marcos, oferece planos funerais divididos em três categorias. A diferença está no tipo de caixão, ornamentos, na sala para realização do velório e outros aspectos como inclusão de translado, por exemplo. Os preços mensais variam de R$ 43 a R$ 103. O plano inclui o casal, até três filhos (com menos de 18 anos), pais do marido, pais da esposa e pode incluir mais, no máximo, duas pessoas indicadas como agregados mediante pagamento de taxa que varia de R$ 8,50 a R$ 19,50 por pessoa.
Na família da representante comercial Cristiane Oliveira de Carvalho, 42 anos, o assunto morte não é tabu. Mais do que isso, eles decidiram que o melhor a fazer seria se planejar para não serem surpreendidos em uma situação de falecimento. Há cerca de três anos, quando o plano funeral começou a ser ofertado na cidade, ela foi uma das primeiras a aderir.
– Minha família é organizada até para morrer – brinca Cristiane.
Tanto os pais dela quando os sogros tinham, há tempos, espaços em cemitérios para serem sepultados, mas, com o plano, a família passou a garantir os serviços que envolvem a despedida do ente que partir. No caso deles, o plano inclui, além de Cristiane, o marido e os dois filhos, os pais dela e os sogros.
– Minha preocupação era muito grande de acontecer alguma coisa e não termos dinheiro na hora – lembra.
Segundo a representante comercial, o plano foi ajuda importante quando o sogro morreu há cerca de dois meses vítima de uma doença grave descoberta subitamente e que foi fulminante. Ela conta que o custo de um funeral semelhante ao que ele teve giraria em torno de R$ 6 mil. Ou seja, esse seria o valor que a família teria que dispor, caso não tivesse o plano.
– Na hora é muito pior, além da dor, ter essa parte financeira para se preocupar. Para a morte, ninguém está preparado, e é coisa mais certa do que nascer – argumenta Cristiane.
Como os pais dela desejam ser cremados, eles pagam esse serviço separadamente de forma antecipada também em prestações. Essa é a chamada compra antecipada, que pode ser feita para o funeral, para a cremação ou para ambos. Nesses casos, é feito um contrato personalizado com os serviços que a pessoa escolher.