Cláudia Sassi lembra bem de quando estreou sua loja de aluguéis de trajes sociais, num espaço minúsculo de 30 metros quadrados em Caxias. Vinte e cinco anos depois de tecer o embrião que frutificaria na maior marca do setor na Serra, a empreendedora acaba de investir R$ 1 milhão para centralizar todos os segmentos de aluguel — como vestidos para noivas, debutantes e trajes para noivos — numa megaloja de 500 metros quadrados. A tradicional casa no bairro Pio X passou por reformas e ampliação, com a pretensão de esticar os negócios em 25% em três anos.
As bodas de prata da Orus são comemoradas com números exuberantes: mais de 30 mil clientes atendidos e 3,5 mil trajes de marcas nacionais e internacionais locados.
Além de empresária, Cláudia Sassi dá sua contribuição em entidades de classe de Caxias, sendo diretora de Turismo da CDL e diretora de Cultura e Educação da CIC. A seguir, entrevista concedida ao Pioneiro:
Como surgiu a Orus?
Minha história com o mundo da moda teve início com minha carreira de modelo aos 14 anos. Aos 19 anos, montei minha primeira confecção, em Porto Alegre. Com o meu casamento, surgiu a necessidade de acompanhar meu marido, recém-formado médico, para sua cidade-natal, Caxias do Sul. Em uma nova cidade, decidi continuar empreendendo e, assim, surgiu a Orus, na época em uma loja de 30 metros quadrados, na Júlio de Castilhos.
Como chegar aos 25 anos de mercado?
Nossa história é marcada pela busca constante de inovação. Estamos sempre atentos aos desejos e necessidades dos nossos clientes. Foi assim, ouvindo nossos consumidores, que iniciamos as locações de trajes e, um tempo depois, a locação de vestidos, 15 anos e trajes masculinos. Somos pioneiros no ramo de locação de noivas e festas, trazendo marcas internacionais e modelagens diferenciadas.
Qual o público-alvo?
As mulheres clientes da Orus geralmente são profissionais liberais, independentes, que sabem muito bem o que querem. Prezam pela qualidade, por roupas bem acabadas, com modelagem que valorize a silhueta. Já o público masculino é formado por empresários, profissionais liberais, muito antenados nas tendências da moda. Por isso, buscam um terno mais moderno, despojado, slim.
De onde vêm os trajes?
A compra dos vestidos é toda feita por mim. Eu viajo quatro vezes ao ano para São Paulo e Rio de Janeiro e uma vez pelo menos para fora do Brasil. Este ano estive em Nova York. Escolho pessoalmente cada um dos modelos que irão para as araras da Orus. Para ser assertiva, pesquiso tendências de tecidos, de cores, mas, principalmente, dou atenção à modelagem, primo muito pelo acabamento e busco sempre o que vai vestir melhor nas mulheres, o que vai valorizar sua silhueta. Para os vestidos de noiva, eu tenho representantes de minha confiança e compro anualmente de 10 a 20 vestidos, via catálogos, trabalho com duas marcas importadas, uma espanhola e uma americana. A linha masculina, compro em feiras de noivas ou com representantes de fornecedores de São Paulo.
Qual a estrutura atual?
A nova Orus está em espaço próprio de 500 metros quadrados, uma grande casa composta por ambientes específicos para cada segmento. No primeiro andar, temos o setor de festa, com vestidos, acessórios, modelos plus size e casual chic. Há também um espaço dedicado às meninas de 15 anos, com trajes, calçados e complementos. Existe um setor exclusivo para as madrinhas, em que a noiva pode recebê-las intimamente para a escolha dos trajes. O setor masculino é amplo, em estilo pub inglês, conferindo conforto e discrição. As noivas têm atenção especial em um grande espaço com espelhos para que elas possam se ver de todos os ângulos de cima de um pedestal. Ainda oferecemos um estar e até um quarto de banho com banheira. A nova Orus também tem um deck em área externa muito apreciado pelos visitantes, no qual ocorrem happy hours e petit comitês.
Por que unificar as lojas?
A busca do consumidor é também pela praticidade e conforto. Foi pensando nisso, para facilitar a logística do nosso cliente de Caxias do Sul, de várias cidades da Serra e do Estado, que unificamos nossa estrutura em uma megaloja. Muitas vezes recebemos famílias, noiva e madrinhas no mesmo momento. Conseguimos, desta forma, neste novo espaço, oferecer um atendimento personalizado para todos, de forma única, fazendo com que se sintam especiais já na preparação do evento.
Qual a meta de crescimento em 2019?
25% ao ano. Nós entendemos que todo esse investimento que fizemos vai proporcionar uma nova experiência ao nosso cliente. Nosso objetivo é fazer com que ele se envolva, perceba tudo o que estamos proporcionando e, assim, traga a família e os amigos. Isso certamente acarretará em um aumento de lucratividade no nosso negócio.
A crise dos últimos anos afetou os negócios?
A crise afetou a economia como um todo. Simultaneamente, vimos uma mudança no cenário do mercado de eventos. Os eventos se tornaram menores e mais exclusivos. Visualizamos que o mercado de locação se tornou uma excelente opção para quem busca um traje adequado, mas não deseja investir em uma peça para ter no armário. E fazer uma peça de roupa girar também é uma maneira de ser sustentável. As pessoas estão mais conscientes disso.
Como se manter no mercado com sustentabilidade?
Nossos 25 anos de história foram marcados por muito trabalho e o nosso crescimento foi pautado pela nossa trajetória. Inicialmente uma loja de 30 metro quadrados, após 70 metros quadrados. Em 2009, três lojas, e hoje a estrutura completa com todos os ambientes abrange 500 metros quadrados. O próximo passo, ainda em estudo, poderá ser a abertura de uma loja virtual.
A concorrência representa desafio extra?
Não enxergamos a concorrência como um desafio e, sim, como uma oportunidade de trazer o que há de melhor ao nosso cliente. A gente tem de olhar o nosso concorrente como uma forma de crescer, tentar sempre melhorar e inovar, pensar o negócio com a cabeça do cliente.
O público está cada vez mais exigente?
O atendimento personalizado sempre será um diferencial. Poder olhar a peça, experimentar, tocar, realizar os ajustes, com acompanhamento de uma equipe dedicada e competente.
Que dicas daria a uma jovem empreendedora?
Acreditar muito nos seus sonhos, observar, ouvir, fazer um bom planejamento, ter uma boa equipe e, principalmente, ser positiva. Quando se é positiva, a gente trabalha para que essa energia fique voltada para o business. É um fator que muitas vezes passa despercebido, mas agrega e impulsiona a roda dos negócios.